PURGATÓRIO

 

Olho de Deus

Purgatorio

 

BÊNÇÃO ESPECIAL  

 

Editorial do dia 8 de Março de 2015  

 

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Nesta Página da Amen, pode encontrar a abordagem do Tema Global do

PURGATÓRIO

ÍNDICE 

 O que é o Purgatório

 A criação do Purgatório

 O Purgatório nas Sagradas Escrituras

 O Purgatório no Catecismo da Igreja Católica

 O Purgatório nas Revelações Privadas

O Purgatório nas Aparições de Fátima

O Purgatório nas Revelações de Santa Brígida

O Purgatório nas Revelações de Santa Francisca Romana

O Purgatório nas Revelações de Santa Catarina de Génova

O Purgatório nas Revelações de Santa Madalena de Pazzi 

O Purgatório nas Revelações da Irmã Faustina Kovalska no seu Diário

O Purgatório nas Revelações da Fanny Moisseieva

O Purgatório nas Revelações da Maria Simma

O Purgatório nas Revelações da Maria Valtorta

 Conclusão e Conselhos

 

 O que é o Purgatório

Purgatório é o local, que foi criado por Deus, para purificação das almas daqueles que hão de dar entrada nos Céus, mas que ainda não estão totalmente preparados, por necessitarem de se purificarem, de cumprirem penas pelos pecados cometidos e de converterem a sua forma de pensar. Ao contrário do que alguns apóstatas afirmam, o Purgatório não é só um estado pelo qual passa a alma, mas também um local.

Ao conjunto das almas que se purificam no Purgatório chama-se a Igreja Padecente, que em conjunto com a Igreja Militante e com a Igreja Gloriosa formam a totalidade do Corpo Místico de Cristo, isto é, a Igreja Católica.

Quando cometemos um pecado, ficamos com uma Culpa e uma Pena temporal a cumprir. A Culpa é apagada (perdoada) no Sacramento da Confissão. Resta a Pena temporal, que é apagada pela Penitência que o sacerdote nos dá. Se o arrependimento pelo pecado cometido for sincero e total, se o propósito de não tornar a pecar for firme e sincero, se a Penitência que o Sacerdote nos dá for adequada, no tipo e na dimensão, ao pecado cometido, apaga totalmente a Pena temporal a cumprir.

Quanto aos pecados mortais, os mais sérios e graves, a Pena temporal é muito grande, apesar da Culpa ter sido absolvida na Confissão. Segundo o que foi dito a Chritina Gallagher, por cada pecado mortal absolvido na Confissão, ainda resta uma pena temporal, em média, de 7 anos no Purgatório.

Acontece que nem sempre todos os pecados são confessados, ou bem confessados, ou por eles não há um total arrependimento, ou a Penitência não é cumprida de coração contrito, ou não há o firme propósito de não voltar a cometer o pecado confessado. Todas estas razões fazem com que haja um acréscimo de impurezas que vai crescendo nas nossas almas, e que tem, antes de entrarmos nos Céus, de ser totalmente eliminado. A esta purificação da alma, pelos remanescentes dos pecados cometidos durante toda a nossa vida terrena, chama-se o cumprimento da Pena no Purgatório.

Podemos encontrar semelhanças entre este processo espiritual com o que se passa no campo material da formação de uma nódoa. Quando comemos, podemos deixar cair um pedacinho de comida na nossa roupa. Rapidamente retiramos o pedacinho da comida, mas quase sempre, persiste uma nódoa no tecido, que pode ser mais ou menos difícil de retirar por completo, chegando por vezes a ser um processo lento e exigir muito tempo de lavagem. Com o pecado nas nossas almas, passa-se exactamente a mesma coisa. Elimina-se a culpa na Confissão, mas persiste a Pena temporal a cumprir no Purgatório para eliminação total dos danos causados pelo pecado.

Esta purificação da alma pode durar dias ou anos, dependendo da longevidade das Penas a cumprir, e é desejada pela própria alma, que vendo o estado em que se encontra, perante a Luz Divina, no seu Julgamento Particular, não suporta as suas impurezas e deseja ir-se purificar para o Purgatório, antes de poder voltar a encarar Jesus Cristo, face a face.

Manuscrito do Purgatório da Irmã Maria da Cruz

Não pode perceber-se bem sem o ter experimentado. Vou no entanto, tentar explicar-lhe o melhor possível. A alma, ao deixar o corpo, encontra-se perdida, toda imersa em Deus, se assim se pode dizer. Encontra-se numa tal claridade que num instante revê a vida inteira e apercebe-se do que merece. E a própria alma, que vendo com tanta clareza, pronuncia a sua sentença. A alma não vê Deus, mas está possuída pela Sua presença. Se é pecadora como eu era e merece por isso o Purgatório, sente-se de tal modo esmagada pelo peso das faltas que ainda tem de apagar, que se lança por si mesma no Purgatório. Só então se compreende o bom Deus, o Seu amor pelas almas e a desgraça que é o pecado aos olhos da Sua Divina Majestade. São Miguel está presente quando a alma deixa o corpo, todas as almas o vêem e também eu o vi e ao meu Anjo da Guarda. São Miguel é como que a testemunha e o executor da Justiça Divina. Diz-se que leva as almas para o Purgatório, e embora uma alma não se leve, em certo sentido é verdade, na medida em que está lá presente à execução da sentença. Tudo o que se passa no Além é um mistério para o nosso mundo.

Para o cumprimento das Penas temporais e a Purificação das almas, existem, se assim o podemos dizer, 3 grandes Purgatórios:

Primeiro Purgatório - Este Purgatório, também conhecido pelo Grande Purgatório ou Câmara do Sofrimento, é o Purgatório mais próximo do inferno e onde o sofrimento é maior. Ali não chegam as orações, as penitências, nem as Indulgências feitas pelos vivos em sufrágio das almas padecentes.

Manuscrito do Purgatório da Irmã Maria da Cruz

No grande Purgatório há diferentes graus. No mais baixo e mais doloroso, que é um inferno momentâneo, estão os pecadores que cometeram crimes enormes durante toda a sua vida e que a morte surpreendeu nesse estado sem lhes dar tempo para se arrependerem. Foram salvos como por milagre, muitas vezes pelas orações de parentes devotos ou de outras pessoas. Por vezes nem conseguiram confessar-se e o mundo crê que se perderam, mas o bom Deus na Sua Misericórdia infinita deu-lhes, no momento da morte, a contrição necessária à salvação atendendo a alguma acção que tenham praticado durante a vida. para estas almas, o Purgatório é terrível. É como o inferno à excepção de que no inferno se amaldiçoa a Deus, enquanto no Purgatório se bendiz e se Lhe agradece por nos ter salvo. Em seguida vêm as almas que não fizeram grandes crimes como as primeiras, mas foram indiferentes em relação a Deus. Não cumpriram durante a vida o dever pascal, e, convertidos igualmente à hora da morte, não tendo sequer podido comungar, estão no Purgatório em penitência da sua longa indiferença, sofrendo penas indescritíveis, abandonadas, sem orações... ou, se as fazem por elas, não podendo aproveitá-las. Há ainda neste Purgatório religiosos e religiosas tíbios, negligentes dos seus deveres, indiferentes com Jesus, e Padres que não exerceram o seu ministério com a reverência devida à soberana Majestade e não ajudaram as almas que lhes foram confiadas a amar o bom Deus.

Segundo Purgatório - É o Purgatório intermédio e onde o sofrimento ainda é muito grande mas menor que no primeiro. Ali já chegam as orações, as penitências e as Indulgências feitas pelos vivos em sufrágio das almas padecentes.

Manuscrito do Purgatório da Irmã Maria da Cruz

No segundo Purgatório encontram-se as almas dos que morrem com pecados veniais, não expiados antes da morte, ou pecados mortais perdoados mas pelos quais não satisfizeram inteiramente a justiça divina. Também há neste Purgatório diferentes graus segundo os méritos das pessoas. Assim o Purgatório dos consagrados e dos que receberam mais graças é mais longo e penoso que o do comum dos mortais'

Terceiro Purgatório - Este Purgatório, também conhecido pelo Átrio, é o mais próximo da saída, e onde o sofrimento é muito menor que no segundo. Neste terceiro Purgatório há ainda uma terrível solidão e remorso pelos pecados cometidos. Ali chegam plenamente as orações, as penitências e as Indulgências feitas pelos vivos em sufrágio das almas padecentes.

Manuscrito do Purgatório da Irmã Maria da Cruz

Enfim, o Purgatório de desejo que denominamos Átrio e que muito Poucos evitam. Para o evitar é preciso ter desejado ardentemente o Céu e a contemplação de Deus, o que é mais raro do que parece, porque muitas Pessoas, mesmo piedosas, Lhe têm medo e não desejam o Céu com verdadeiro ardor. Este Purgatório tem, como os outros, o seu martírio: ser privado da visão do bom Jesus!

Em todos os 3 Purgatórios o maior dos sofrimentos é sempre a ausência de Deus, depois de O ter visto no seu Julgamento Particular.

O tempo do cumprimento das Penas pode ser abreviado pela Oração e Penitência que for feita pelos vivos ou pelo recurso a Indulgências.

Este assunto foi devidamente aprofundado no Dossier da Oração no Capítulo da Economia Divina, das Indulgências, das Novenas.

O Purgatório é um local de grande sofrimento e solidão que se encontra no centro da Terra, ao lado do Inferno e do Limbo, mas não tem com eles comunicação.

Se bem que o Purgatório é o local elegido por Deus para cumprimento das penas temporais para purificação das almas, por vezes elas tem permissão para as cumprir à face de Terra em determinados locais em que viveram. Estas almas do Purgatório são incapazes de fazer mal aos vivos, pois já têm garantido o Céu, e por isso são chamadas de “santas almas do Purgatório”.

Não por serem chamadas em sessões espíritas, mas sim por desígnio de Deus e por Sua iniciativa, estas almas do Purgatório, em raras ocasiões, comunicam-se com os vivos, por desígnio Divino. Foi este o caso dos inúmeros contactos que estas almas do Purgatório tiveram com a Maria Simma e outras almas eleitas, como poderá ter sido o caso da Chrisstina Gallagher.

O Purgatório é também um lugar de profunda, total e absoluta Conversão. Tudo o que era errado, é corrigido. Toda a ignorância é aniquilada. Toda a diferença doutrinal é desfeita. A Alma é preparada para receber infusão da Sabedoria Divina, face a face. Passa a haver o Triunfo absoluto e Eterno da Verdade, e por isso, um só Deus, que é Amor. Os falsos deuses desapareceram totalmente da mente que neles acreditava, porque viram o único Deus, frente a frente, a quem foi dado todo o Poder nos Céus e na Terra! Por isso, se pode afirmar, sem margem de erro:

- No Paraíso só há Católicos, porque todos aqueles que militaram em falsas religiões, se converteram no Purgatório, inteiramente, em Espírito e Verdade.

 

 

 A criação do Purgatório

A Criação do Universo e de todas as suas criaturas foi antecedida na mente Divina, por um Plano da Criação. Enquanto o Génesis nos relata a Criação, o Plano de Deus ficou-nos relatado na extraordinária obra a Mística Cidade de Deus.

Foi na “Mística Cidade de Deus , escrito por Sor Maria de Jesus de Agreda, que fui buscar muito do material com que construí o Dossier da Amen sobre a Criação do Universo.

Passo a apresentar alguns dos extractos deste Dossier sobre a Criação do Universo.

Para melhor compreendermos este Plano da Criação, Maria de Jesus de Agreda dividiu-o em 6 instantes, tendo a sua realização se verificado no Primeiro Dia da Criação, e que descrevi em Plano da Criação. No 5º Instante foi determinado a Criação da Natureza Angélica, que ficou assim descrito:

5º Instante Æ MCD-1-46-47 46 - E passo ao quinto instante, embora já tenha descoberto o que procurava. Neste quinto instante, foi determinada a criação da natureza angélica que, por ser mais excelente e de acordo, pelo seu ser espiritual, com a divindade, foi primeiro prevista e decretada a sua criação e disposição admirável em nove coros e três hierarquias.

47 - A este instante pertence a predestinação dos bons e condenação dos maus Anjos; nele viu e conheceu Deus, com Sua infinita ciência, todas as obras de uns e de outros, na sua devida ordem, para predestinar com Sua livre vontade e liberal misericórdia os que Lhe iriam obedecer e reverenciar e para condenar com Sua justiça os que se iriam levantar contra Sua Majestade, em soberba e desobediência, por seu desordenado amor próprio. E ao mesmo instante pertence a determinação de criar o céu empíreo, onde se manifestasse a Sua glória e nela premiasse os bons, e a terra e tudo o mais para as outras criaturas, e no centro ou mais profundo dela, o inferno, para castigo dos Anjos maus.

Juntamente com a criação da Terra, foi criado o inferno, para onde iriam os condenados que se  revoltassem contra os decretos Divinos e o próprio Deus, o Limbo e o Purgatório no seu centro.

MCD-1-82  82 - … E criou Deus, com o céu empíreo da terra, juntamente, para formar o seu centro, o inferno; com efeito, no instante em que foi criada, por divina disposição, ficaram no meio deste globo cavernas muito profundas e amplas, capazes de constituir o inferno, limbo e Purgatório; e no inferno, ao mesmo tempo, foi criado fogo material e as demais coisas que agora ali servem de pena aos condenados.

MCD-2-1460 1460 - Num dos lados do inferno está o Purgatório, onde as almas dos justos se purificam, quando nesta vida não acabaram de satisfazer suas culpas e dela não saíram tão purificados, quanto é necessário para chegar à visão beatífica. Esta caverna também é grande, porém, muito menor que o inferno e, ainda que no Purgatório haja grandes penas, não tem comunicação com o inferno dos condenados. Em outro lado encontra-se o Limbo com duas estâncias diferentes: uma para as crianças que morrem com o pecado original e sem obras boas ou más do próprio arbítrio; a outra estância servia de permanência para as almas dos justos já purificadas de seus pecados. Não podiam entrar no Céu, nem gozar de Deus, até que se operasse a Redenção humana e Cristo nosso Salvador lhes abrisse a porta (SI 23, 9) fechada pelo pecado de Adão. A caverna do Limbo também é menor que o inferno, não se comunica com ele, nem tem penas dos sentidos como o Purgatório. Lá chegavam as almas já purificadas no Purgatório e só careciam da visão beatífica, privação em que consiste a pena de dano. Ali se encontravam todos os que haviam morrido em graça, antes da morte do Salvador. Neste Limbo, desceu Sua alma Santíssima unida à divindade, e isto significamos ao dizer que desceu aos infernos . O termo inferno significa qualquer daqueles lugares inferiores, situados nas profundezas da Terra, ainda que comummente ao dizer inferno, entendemos o dos demónios e condenados. E o sentido que mais lhe atribuem, assim como por Céu, entendemos o empírio onde estão e permanecerão para sempre os Santos. Depois do Juízo Final só o Céu e o inferno serão habitados. O Purgatório já não será necessário, e as crianças do Limbo sairão para outra morada diferente.

Da leitura desta passagem ( MCD-2-1460 1460) podemos concluir que o Purgatório é local de passagem para purificação dos danos causados pelo pecado, e que terminará a sua existência no Juízo Final.

MCD-3-655 655 - Em todas as festividades que a grande Senhora celebrava, obtinha a conversão de inumeráveis almas que, então e depois, abraçaram a Fé Católica. No dia da Encarnação era ainda maior a indulgência, pois mereceu para muitos reinos, províncias e nações, os benefícios e favores que eles têm recebido, depois de terem sido chamados à Santa Igreja. Os mais perseverantes na Fé Católica são também os mais devedores aos rogos e méritos da divina Mãe. Em particular, foi-me dado a entender que, nos dias em que celebrava o mistério da Encarnação, tirava todas as almas que se encontravam no Purgatório. No Céu era-lhe concedido este favor, como à Rainha da Criação e Mãe do Redentor do mundo. Enviava Anjos para trazê-las e as oferecia ao Eterno Pai como fruto da Encarnação, pela qual enviava ao mundo seu Unigénito Filho, a fim de conquistar-lhe as almas que o inimigo havia tiranizado.

 

 O Purgatório nas Sagradas Escrituras

Algumas referências nas Sagradas Escrituras:

2 Macabeus 12, 43-46 -  Sufrágio pelas almas do Purgatório (Note-se que os protestantes e as testemunhas de Jeová, que não acreditam no Purgatório, não têm os livros dos Macabeus na sua Bíblia.)

1 Coríntios 3, 13-15 -  Expiação pelas suas obras no Purgatório que não causam a morte eterna.

1 João 5, 16 -  Sufrágio pelas almas do Purgatório que não cometeram pecado que conduza ao inferno.

Mateus 18, 23-25 - Imagem do Purgatório como pagamento de uma dívida.

Apocalipse 21, 27 - É necessária uma purificação perfeita para se entrar no Céu.

 

 

 O Purgatório no Catecismo da Igreja Católica

Catecismo da Igreja Católica

§1030   Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.

§1031   A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador:

No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfémia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro.

§1032   Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:

Levemos-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de foram purificados pelo sacrifício de seu pai que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.

§1472   AS PENAS DO PECADO

Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla consequência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos torna incapazes da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma consequência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena.

 

 

 O Purgatório nas Revelações Privadas

Para além das valiosas revelações que nos foram feitas na Mística Cidade de Deus, em quase todas as Revelações Privadas há a referência ao Purgatório.

Nas obras de Santa Brígida, de Santo Afonso Maria de Ligório, de Santa Francisca Romana e nas de muitos outros santos da história da Igreja, nos são dadas exortações à oração pelas santas almas do Purgatório.

Existem também cinco livros sobre o Purgatório, escritos por almas eleitas, que merecem uma menção destacada:

Manuscrito do Purgatório, da Irmã Maria da Cruz, que escreve o testemunho da Irmã Gabriela que se encontrava no Purgatório.

Maria Simma e as Almas do Purgatório.

Entrevista da Irmã Emanuel a Maria Simma.

Tratado do Purgatório, de Santa Catarina de Génova.

Tratado do Purgatório, de Santa Catarina de Sena.

Link de uma boa página sobre o Purgatório, do site espanhol “Foros de la Virgen”, que tem vários outros links com outras páginas muito boas.

 

Para além destas obras atrás referidas, vou apresentar alguns extractos de Revelações mais recentes e significativas.

O Purgatório nas Aparições de Fátima

O Purgatório nas Revelações de Santa Brígida

O Purgatório nas Revelações de Santa Francisca Romana

O Purgatório nas Revelações de Santa Catarina de Génova

O Purgatório nas Revelações de Santa Madalena de Pazzi 

O Purgatório nas Revelações da Irmã Faustina Kovalska no seu Diário

O Purgatório nas Revelações a Fanny Moisseieva

O Purgatório nas Revelações da Maria Simma

O Purgatório nas Revelações da Maria Valtorta

 

O Purgatório nas Aparições de Fátima

Quando a Lúcia pergunta a Nossa Senhora sobre o destino de algumas pessoas que já tinha morrido, A Virgem Maria falou do Purgatório.

Do Relato da 1ª APARIÇÃO na Cova da Iria a 13 de Maio de 1917

Lúcia: E a Amélia?

NOSSA SENHORA: «Estará no Purgatório até ao fim do mundo». Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?»

 

O Purgatório nas Revelações de Santa Brígida

As Profecias e Revelações de Santa Brígida

REVELAÇÕES DO PURGATÓRIO

Os momentos antes da morte e o Juízo Particular de uma alma

Continuação da revelação sobre o Purgatório

Conclusão do assunto sobre o Purgatório

Há um lugar no Purgatório, onde não se padece outra pena senão o desejo de ver e estar junto de Deus

O Julgamento Particular de uma alma

 

 

O Purgatório e seus diferentes Graus

LIVRO 4 - Capítulo 6  

 

Os momentos antes da morte e o Juízo Particular de uma alma

Santa Brígida estava rezando, quando numa visão espiritual, viu um palácio muito grande e cheio de gente, todos com roupas brancas resplandecentes e cada um em seu assento. Mas havia um trono judicial superior aos outros, que estava ocupado por um Ser como o Sol. Dele saía uma prodigiosa Luz e o resplendor era de dimensões notáveis na longitude, latitude e profundidade. Próximo ao trono estava uma Virgem com uma preciosa coroa na cabeça, e todos do palácio serviam Aquele que estava no trono brilhando como um Sol, dando-Lhe mil louvores com hinos e cânticos.

Atrás Dele, vi um negro, como se fosse um etíope, feio e de aspecto abominável, cheio de imundice e inflamado de cólera, que começou a gritar dizendo:

“Ó Juiz justo, julga esta alma e ouve as suas obras, porque pouco lhe resta de estar no corpo, e me dá licença para que atormente a alma e o corpo no que for justo.”

Depois, a Santa viu um soldado armado junto ao trono, com aspecto modesto, sábio nas palavras e educado em seus gestos, dizendo:

“Ó Juiz, vês aqui as boas obras que esta alma fez até hoje.”

E logo se ouviu uma voz do trono dizendo:

“São, pois, os vícios que existem nesta alma, mais que as virtudes. Não é justiça que tenha a soma dos vícios como parte da virtude, nem elas podem se juntar.”

Em seguida disse o negro:

“Para mim é de justiça que esta alma me seja entregue; que ela tenha vícios não importa, porque estou cheio de maldades, e assim, ela estará bem comigo.”

Disse o soldado:

“A misericórdia de Deus acompanha todas as pessoas até à morte, e até que a alma tenha saído do corpo não se pode dar uma sentença; e esta alma, sobre a qual pleiteamos, ainda está no corpo e tem sua liberdade para escolher o seu caminho.”

Replicou o negro:

“A Escritura que não pode mentir diz: Amarás a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo. E tudo que esta alma tem feito é por temor, não por amor a Deus, e todos os pecados que ela confessou, foi com pouca contrição e arrependimento. Assim sendo, ela não merece o Céu, justo é que ela seja enviada ao inferno, pois seus pecados estão aqui absolutamente claros diante da Justiça Divina, e deles, ela nunca teve uma verdadeira contrição e arrependimento.”

Disse o soldado:

“Esta infeliz, esperou e acreditou que assistida pela graça teria essa verdadeira contrição.”

Respondeu o negro:

“Tens trazido aqui tudo o bem feito por esta alma, todas as sua palavras e pensamentos que possam lhe servir para a salvação; mas tudo isto não é suficiente nem com muita boa vontade, comparando ao que vale um  verdadeiro acto de contrição e arrependimento, nascido da caridade Divina com fé e esperança; e por conseguinte, não pode servir para apagar todos os seus pecados. Isto porque, a Justiça é de Deus, definida em sua eternidade, que ninguém se salvará sem arrependimento; e como é possível que Deus vá contra este seu decreto eterno? Resulta que, com toda razão peço esta alma para ser atormentada com a pena eterna no inferno.”

O soldado não replicou, e logo apareceram inúmeros demónios, semelhantes às centelhas que saem de um fogo ardente, e uma voz clamava dizendo ao que estava no trono:

“Bem sabemos que é um Deus em três Pessoas Divinas, que não tem princípio e nem fim, nem existe outro Deus senão Tu, que é o verdadeiro Amor (Caridade), em Quem se junta a Misericórdia e a Justiça. Tu estás em Ti Mesmo desde o princípio, não há em Ti nenhuma modificação ou inconstância, Tu és o Mesmo, tudo está em Ti perfeitamente acabado e completo como convém a um Deus; fora de Ti não existe nada, e sem Ti não existe satisfação e nem alegria.”

“Teu Amor fez os Anjos com o poder de Tua Divindade, e os fizestes segundo a Vossa infinita Misericórdia. Mas depois que interiormente nos inflamámos com a soberba, inveja e avareza, Tua Caridade, que ama a Justiça, jogou-nos do Céu com o fogo de nossa malícia ao incompreensível e tenebroso abismo que se chama inferno. Assim fez então Tua Caridade, que também não se afastará agora de Teu justo julgamento, que se faz segundo a Tua Misericórdia, ou segundo a Tua Justiça. E ainda nos atrevemos a dizer, que se o que amas com preferência a todas as coisas, que é a Virgem Maria, Tua Mãe e que Te gerou, e que nunca pecou, se tivesse pecado mortalmente e morrido sem contrição Divina, amas tanto a Justiça, que sua alma nunca teria subido ao Céu. Logo, ó Juiz, porque não declaras ser nossa esta alma, para que a atormentemos segundo as suas obras”?

Ouviu-se depois o som de uma trombeta e todos ficaram em silêncio, e uma voz disse:

“Calai e ouvi todos vocês, Anjos, almas e demónios, vai falar a Mãe de Deus.”

Em seguida a Virgem Maria apareceu diante do trono do Juiz, trazendo muitas coisas escondidas debaixo do manto, e disse aos demónios:

“Vocês, inimigos, perseguis a misericórdia, e sem nenhuma caridade pregais a justiça. Ainda que seja verdade que esta alma se acha em falta com as boas obras, e por falta delas não possa entrar no Céu, olhem o que trago debaixo de meu manto.”

E levantando um painel por ambos lados, via-se uma pequena igreja e nela alguns religiosos; e pelo outro lado viam-se homens e mulheres, amigos de Deus, e todos rezavam a uma só voz, dizendo:

“Senhor, tenha misericórdia dessa alma.”

Reinou um grande silêncio e Nossa Senhora prosseguiu:

“A Sagrada Escritura diz que aquele que tem uma verdadeira fé pode mudar os montes de um lugar para outro. O que não podem fazer então os clamores e súplicas de todos aqueles que tem fé e servem a Deus com fervoroso amor? O que não podem alcançar os amigos de Deus, que rogaram e pediram por esta alma, para que fosse afastada do inferno e conseguisse o Céu, e bem mais ainda quando por suas boas obras não procuraram outra vantagem que os bens celestes para aquele que necessitava? Porventura, não podem as lágrimas e as orações de todos os bem-aventurados ajudar a levantar esta alma, para que antes de sua morte tenha uma verdadeira contrição com o Amor de Deus? Eu também unirei os meus rogos as orações de todos os Santos que estão no Céu, a quem esta pessoa honrava com particular veneração. “E a vós demónios, vos mando da parte do Juiz e de seu poder, que atendais em sua justiça ao que estão vendo agora.”

E todos responderam numa só voz:

“Vemos que no mundo as lágrimas e o arrependimento aplacam a ira de Deus, assim os pedidos que são feitos O inclinam à Misericórdia com Amor.”

Depois disto, ouviu-se uma voz que saiu Daquele que estava sentado no Trono resplandecente:

“Pelos rogos de Meus amigos, esta pessoa terá contrição antes da morte e não irá para o inferno, irá para o Purgatório com os que ali padecem tormentos por causa de seus pecados; e assim que terminar de pagar todos os seus pecados, receberá seu prémio no Céu, com aqueles que tiveram fé e esperança, mas com pouca caridade.”

E assim que ouviram isto, os demónios fugiram.

Depois, Santa Brígida viu que foi aberto um abismo profundo tenebroso, no qual havia um forno imenso incandescente, e no meio daquele fogo sobrenatural estavam os demónios e as almas vivas, que se abrasavam ardendo num calor insuportável e impiedoso. Sobre aquele forno estava a alma cheia de aflição. Tinha os pés fixos numa haste do forno, com o corpo levantado, e não estava no mais alto nem no mais baixo do forno. Sua figura tinha um aspecto horrível. O fogo parecia sair debaixo dos pés da alma e vir subindo, como a água sobe por um cano; e se comprimindo violentamente, passava por cima da cabeça da alma, de modo que por todos os seus poros e veias corria um fogo abrasador. As orelhas lançavam fogo como de uma forja, que com o contínuo sopro lhe atormentava o cérebro.

Os olhos estavam torcidos e afundados, como se estivessem na nuca. A boca estava aberta e a língua enfiada pelas aberturas das narinas, e pendurada até aos lábios. Os dentes eram agudos como cravos de ferro, fixos no palato. Os braços aumentaram tanto que chegavam até os pés. As mãos estavam cheias e comprimiam sebo e peixe incandescentes. A pele que cobria o corpo da alma, era suja e asquerosíssima, tão feia e fria, que só de ver causava tremor, e dela saía uma matéria como de uma úlcera inflamada com sangue e pus, com um fedor tão horrível, que não se pode comparar com nada asqueroso do mundo.

Depois de ver este tormento, a Santa ouviu uma voz que saía do íntimo daquela alma, que repetiu cinco vezes:

“Ai de mim! Ai de mim"! Clamando com toda força e derramando abundantes lágrimas. "Ai de mim que tão pouco dei atenção e amei a Deus pelas Suas Supremas Virtudes e pelas graças que me concedeu, e que eu não soube aproveitá-las! Ai de mim, que não temi como devia a Justiça de Deus! Ai de mim, que amei os prazeres de meu Corpo e de minha carne pecadora! Ai de mim, porque conheci os terríveis Luiz e Juana!”

E logo o Anjo disse a Santa Brígida:

“Eu vou te explicar esta visão. Aquele palácio que tu viste é à semelhança do Céu. A multidão que estava nos assentos e tronos com veste branca e resplandecentes são os Anjos e as Almas dos Santos. O Sol que estava no trono mais alto, é Jesus Cristo na sua Divindade. A mulher é a Virgem Mãe de Deus. O negro é o diabo que acusa a alma e quer se apossar dela. O soldado é o Anjo da Guarda, que apresenta as boas obras feitas por aquele homem. O forno incandescente é o inferno, que permanece ardendo com suas terríveis chamas em toda pujança, e tão violentas elas são, que se o mundo com tudo o que tem se incendiasse, ainda não podia se comparar com a veemência e o horror daquele fogo. No inferno ouvem-se diversas vozes, todas contra Deus, e todas principiam e acabam com um ai, um grito de horror, de angústia e de sofrimento. E as almas parecem pessoas, cujos membros se estendem e são atormentados pelos demónios, sem descanso algum. Por outro lado, as almas que estão a se abrasar no fogo que arde na fornalha das trevas eternas, não têm todas as mesmas penas. Tudo é determinado pela Justiça Divina pela grandeza e imensidão dos pecados de cada uma.

Aquele tenebroso lugar que viste ao redor do imenso forno, é o limbo, que participa das trevas do forno, mas não de suas penas, e ambos são lugares do inferno, e os que ali entram, nunca alcançarão a visão de Deus. Acima dessas trevas, ou seja, bem perto do inferno, está a maior pena que as almas podem sofrer no Purgatório. E para além deste lugar, na outra extremidade, há outro lugar, onde se sofre a pena menor do Purgatório, que somente consiste em faltas menores, de pecados veniais e outras coisas semelhantes.

Existe também um outro lugar no Purgatório, superior a esses dois, onde não se padece outra pena, senão a do desejo de ver Deus e gozar da Sua adorável companhia. Nesta purificação espiritual a alma sente uma indomável vontade de ver e de se aproximar de Deus, mas sente que não consegue enquanto não concluir a sua sentença.

Em primeiro lugar, a alma é colocada sobre as trevas do inferno, onde ela sofre a maior pena do Purgatório, conforme viste padecer aquela alma. Ali há vermes peçonhentos e animais selvagens; há calor e frio; existe confusão e trevas vindas das penas do inferno, e umas almas tem ali maiores penas e tormentos que outras, conforme fizeram maior ou menor reparação dos seus próprios pecados, até quando as suas almas deixaram os seus corpos.

Logo a Justiça de Deus tira a alma daquele local e envia a outros lugares, onde permanecem detidas até alcançar algum refrigério e ajuda de seus amigos particulares, ou dos sacrifícios e das contínuas boas obras da Santa Igreja. A alma que tem maiores auxílios, mais rápido cumpre sua pena e se livra daquele lugar.

Dali a alma vai para o terceiro estágio, onde não existe mais pena além do imenso desejo de chegar na presença de Deus, e de gozar de sua visão beatífica. Neste lugar existem muitas pessoas há bastante tempo, porque quando viveram no mundo, não tiveram um perfeito desejo de chegar à presença de Deus e desfrutar da alegria e satisfação de estar na presença dEle.

O Anjo também narrou que muitos morrem tão justos e tão inocentes, que logo após a morte, chegam à presença de Deus, gozam da alegria e do prazer de estar junto do Senhor; outros morrem, depois de reparar todos os seus pecados no mundo, de modo que suas almas não recebem nenhuma pena ou castigo. Mas são poucos os que não vão ao lugar aonde se padece o castigo do desejo de encontrar Deus, de matar a saudade de Deus. As almas que estão nestes três lugares, participam das orações e boas obras da Santa Igreja, que se faz no mundo; principalmente daquelas que elas fizeram enquanto viveram, e das que seus amigos fazem por elas depois da morte. Dessa forma, como os pecados são diferentes e de muitas classes, assim também as penas são diferentes; significa dizer que no Purgatório existe o local certo para cada alma pagar sua dívida com a Justiça de Deus. Assim, todas as orações, sacrifícios e Santas Missas que forem celebradas em sufrágio das almas, são providências preciosas, e elas lucram e participam de tudo o que por elas se faz no mundo.

Prosseguiu o Anjo, seja bendito de Deus todo aquele que no mundo ajuda as almas com suas orações e com os seus sacrifícios. A Justiça de Deus diz, que as almas que vão se purificar depois da morte com a pena do Purgatório, podem ser ajudadas com as boas obras de seus amigos e da Igreja, para que saiam mais cedo.”

Depois disto, ouviram-se muitas vozes do Purgatório que diziam:

"Meu Senhor Jesus Cristo, justo Juiz, envie Seu Amor para aqueles que têm o poder espiritual no mundo, e então nós poderemos participar mais do que agora de seu canto, das lições e dos oferecimentos.”

Em cima, de onde saíam estes clamores havia uma espécie de casa, na qual se ouviam muitas vozes que diziam:

"Deus pague àqueles que nos ajudam e aliviam as nossas faltas.”

Na mesma casa parecia nascer a aurora, e em baixo desta apareceu uma nuvem que não participava da clareza da aurora, da qual saiu uma grande voz que disse:

"Ó Senhor Deus, dá de Teu incompreensível poder cem por um, a todos os que no mundo nos ajudam e nos elevam com suas boas obras, para que vejamos a luz de Tua Divindade, e gozemos de Tua presença e da Tua Divina Face.”

 

LIVRO 4 - Capítulo 7  

Continuação da revelação sobre o Purgatório.

Disse o Anjo a Santa Brígida:

“Aquela alma de que viste e ouviste a sentença, está na pena mais grave do Purgatório. Isto foi ordenado por Deus, porque ela se vangloriava muito com as coisas do mundo e de seu corpo; mas das espirituais e de sua alma não fazia caso, porque não se lembrava do muito que devia a Deus e o desprezava. Por isso sua alma padece no ardor do fogo e treme de frio; as trevas a deixam cega, à horrível e temerosa vista de satanás e seus esbilros, e a vozearia e clamor dos demónios a deixam surda, interiormente padece fome e sede, e exteriormente se sente cheia de confusão e vergonha.

Deus concedeu a esta alma uma graça especial, não permitindo que os demónios a tocassem e a atormentassem, quando ocorreu o óbito. Isto aconteceu porque ela se encontrava em início de conversão. Todo o bem que fez e tudo o que prometeu e deu dos seus bens adquiridos licitamente, e principalmente as orações dos amigos de Deus, diminuíram e aliviaram a sua pena, segundo foi determinado pela justiça Divina. Mas quanto aos bens que deu os quais não foram adquiridos correctamente, ficou em proveito daqueles que justamente os possuíam antes, ou lhes servem em seu corpo, se são dignos disso, segundo a disposição do Senhor.”

 

LIVRO 4 - Capítulo 8  

Conclusão do assunto sobre o Purgatório.

Disse o Anjo a Santa Brígida:

“Já ouviste como pelos rogos dos amigos de Deus aquela alma antes de morrer teve arrependimento de seus pecados. Nascida do amor de Deus, o seu arrependimento a livrou do inferno. Assim, a Justiça de Deus sentenciou que ela ardesse no Purgatório por seis períodos de tempo, ou seja, por seis vezes a quantidade de anos em que ela viveu, desde que com pleno conhecimento cometeu o primeiro pecado mortal até o dia em que por amor a Deus começou a se arrepender da transgressão. Este tempo poderá ser reduzido, se receber auxílio do mundo e dos amigos de Deus (na Igreja ou no lar).

O primeiro período se compreende por aquele em que não amou a Deus por sua Divina paixão e morte, e pelas muitas tribulações que o Senhor sofreu para a salvação das almas. O segundo período é aquele em que não amou a sua própria alma como deveria fazer um cristão responsável, nem dava graças a Deus por ter recebido o Baptismo, e porque não era judeu e nem pagão. O terceiro período abraça aquele tempo em que sabendo bem o que Deus tinha mandado, teve pouco interesse em fazer ou proceder daquele modo. O quarto período é aquele em que sabia bem o que Deus tinha proibido aos que quisessem ir para o Céu, e atrevidamente fez exactamente aquilo que não podia e nem devia fazer, se deixando levar pelo desejo sexual e desobedecendo à voz de sua consciência. O quinto período foi aquele em que não usou a graça Divina que se lhe oferecia, nem da Confissão, como é absolutamente normal a todas as pessoas, embora tivesse muito tempo para isso, para revelar o seu arrependimento pelos pecados cometidos. O sexto período compreende aquele no qual recebia com pouca frequência o Corpo e Sangue de Jesus porque não deixava de pecar, nem teve a devida caridade ao recebê-lO no final de sua vida.”

 

LIVRO 4 - Capítulo 91  

Há um lugar no Purgatório, onde não se padece outra pena senão o desejo de ver e estar junto de Deus.

Santa Brígida estava rezando por um sacerdote idoso ermitão, seu amigo, que acabava de morrer, e tinha tido uma vida exemplar, cheia de grandes virtudes, e já estava num caixão na Igreja pronto para ser sepultado.

Então lhe apareceu a Santa Virgem Maria e lhe disse:

“Saiba Minha filha, que a alma deste ermitão, seu amigo, teria entrado no Céu no momento em que deixou o seu corpo, mas no instante de sua morte ele não teve o desejo de se apresentar à presença de Deus e de ver o Senhor. E por esta razão encontra-se detido no “Purgatório do desejo”, onde não há nenhuma pena, a não ser a impossibilidade de cumprir o desejo de ir ao encontro de Deus. Contudo, antes que seja sepultado o seu corpo, a sua alma pelos méritos adquiridos em vida entrará na glória eterna.

A Virgem Maria aproveitou para instruir Santa Brígida de quanto é importante deixar os acontecimentos nas Mãos de Deus como manifestação de amor a Deus, não se esfalfando preocupadamente em solucionar dificuldades que fogem totalmente ao controle humano. A confiança em Deus é fundamental e necessária como demonstração de amor a Deus, e ela se concretiza desde os menores actos de colocar confiantemente nas Mãos do Senhor, a súplica de uma orientação, para a solução de algum problema.

 

LIVRO 6 - Revelação 29  

Visão do Julgamento de uma alma contra a qual o diabo faz

gravíssimas acusações; a Virgem Maria defende-a, e tendo alcançado

 o amor a Deus no último instante, da vida, salva-a, mas com

uma gravíssima pena no Purgatório.

Leia-se atentamente, porque é de muita doutrina e grande ensinamento.

Nota - Mantive nesta tradução a forma erudita e arcaica do texto original espanhol, mas com uma melhor formatação

PORTUGUÊS

ESPAÑOL

Notas

Viu Santa Brígida que se apresentou no tribunal de Deus um demónio, o qual agarrava a alma de um certo defunto, o qual estava tremendo como um coração que palpita.

E o demónio disse ao Juiz: Aqui está a presa. Teu Anjo e eu estávamos seguindo esta alma desde o seu princípio até o fim; ele para defendê-la e eu para fazer-lhe mal, e ambos a perseguimos como caçadores, mas finalmente ela caiu em minhas mãos, e para alcançá-la estou tão ávido e impetuoso como a torrente que cai do alto, à qual nada resiste senão um forte estribo, isto é, a tua justiça, a que todavia ainda não decidiu neste juízo e, portanto, ainda não a possuo com segurança. Quanto ao resto, desejo-a com tanta avidez, como um animal tão consumido pela abstinência, que de fome comeria os próprios membros. E assim, como és um justo Juiz, dá, no que lhe diz respeito, uma justa sentença.

E o Juiz respondeu: Por que caiu antes nas tuas mãos, e porque te aproximaste dela mais que o meu Anjo?

E respondeu o demónio: Porque os seus pecados foram mais do que as suas boas obras.

E disse o Juiz: Mostra quais são.

Respondeu o demónio: Eu tenho um livro cheio com seus pecados.

E disse o Juiz: Que nome tem esse livro?

Seu nome é desobediência, respondeu o demónio, e nesse livrosete livros, e cada um deles tem três colunas, e cada coluna tem mais de mil palavras, mas nenhuma menos de mil, e algumas muitas mais que mil.

Respondeu o Juiz: Diz-me os nomes desses livros, pois ainda que eu tudo saiba, quero, não obstante, que fales, para que outros possam conhecer a tua malícia e a minha bondade.

Vió santa Brigida que se presentó en el tribunal de Dios un demonio, el cual tenia asida el alma de cierto difunto, la cual estaba temblando como un corazón que palpita.

Y el demonio dijo al Juez: Aquí esta la presa. Tu angel y yo estabamos siguiendo esta alma desde su principio hasta el fin; él para defenderla, y yo para hacerle daño, y ambos la acechábamos como cazadores, más al fin cayó en mis manos, y para alcanzarla soy tan ávido e impetuoso como el torrente que cae desde arriba, al cual nada resiste sino algún fuerte estribo, esto es, tu justicia, la que todavia no ha decidido en este juicio, y, por tanto, aún no la poseo con seguridad. Por lo demás, la deseo con tanto afán, como el animal que se halla tan consumido por la abstinencia, que de hambre se comeria hasta sus propios miembros. Y así, puesto que eres justo Juez, da tocante a ella justa sentencia.

Y respondió el Juez: ¿Por qué cayó más bien en tus manos, y por qué te acercaste a ella más que mi angel?

Y contestó el demonio: Porque sus pecados fueron más que sus buenas obras.

Y dijo el Juez: Muestra cuáles son.

Respondió el demonio: Un libro tengo lleno con sus pecados.

Y dijo el Juez: ¿Qué nombre tiene ese libro?

Su nombre es inobediencia, respondió el demonio, y en ese libro hay siete libros, y cada uno de ellos tiene tres columnas, y cada columna tiene más de mil palabras, pero ninguna menos de mil, y algunas muchas más de mil.

Respondió el Juez: Dime los nombres de esos libros, pues aunque yo todo lo sé, quiero, no obstante que hables, para que conozcan otros tu malicia y mi bondad.

A alma de que Santa Brígida viu o julgamento era de um seu conhecido defunto e a quem Santa Brígida profetizou a morte da sua esposa fora da sua terra natal.

Neste julgamento particular estão presentes:

 Jesus Cristo, como Juiz, a Virgem Maria, o Anjo da Guarda e o acusador satanás ou diabo.

No fim aparecem Santos intercessores pela alma.

Toda a vida da alma está resumida nos livros de acusação com os seus pecados, e de defesa, com as suas boas obras.

 

 

O livro de acusação que tem o diabo tem outros 7 livros, e cada um destes tem 3 colunas em que estão contidos todos os tipos de pecados.

Cada um destes 7 livros corresponde a um pecado capital, que aqui surgem sem ser pela ordem do Catecismo.

O nome do primeiro livro, disse o demónio, é soberba, e nele há três colunas.

A primeira, é a soberba espiritual na sua consciência, porque estava orgulhoso com a boa vida que cria ter melhor que a dos outros; e orgulhava-se também pela sua inteligência e consciência que cria mais prudente que a dos demais.

A segunda coluna era, porque estava soberbo com os bens que se lhe haviam concedido, com os criados, com os vestidos e demais coisas.

A terceira coluna era, porque se orgulhava com a beleza dos membros, com o seu ilustre nascimento e com as suas obras. Nestas três colunas há infinitas palavras, como muito bem sabes.

 

El nombre del primer libro, dijo el demonio, es soberbia, y en él hay tres columnas.

La primera, es la soberbia espiritual en su conciencia, porque estaba ensoberbecido con la buena vida que creía tener mejor que la de los otros; y ensoberbecíase también por su inteligencia y conciencia que creia más prudente que la de los demás.

La segunda columna era, porque estaba soberbio con los bienes que se le habían concedido, con los criados, con los vestidos y demás cosas.

La tercera columna era, porque se ensoberbecía con la hermosura de los miembros, con su ilustre nacimiento y con sus obras. En estas tres columnas hay infinitas palabras, según muy bien sabes.

 

O primeiro pecado ou vício capital é a Soberba ou Orgulho.

A Soberba no Catecismo

O segundo livro é sua ganância: Este tem três colunas.

A primeira é espiritual, porque pensou que seus pecados não eram tão graves como se dizia, e indignamente desejou o reino dos Céus, que não se dá senão ao que está perfeitamente limpo.

A segunda é, porque desejou do mundo mais do necessário, e seu desejo se encaminhou unicamente para exaltar o seu nome e a sua descendência, a fim de criar e exaltar os seus herdeiros, não a tua honra, mas sim segundo a honra do mundo.

A terceira coluna é, porque estava orgulhoso com a honra do mundo e com ser mais que os outros. E nestas colunas, como bem sabes, há incontáveis palavras, com que buscava o favor e a benevolência, e adquiria bens temporais.

 

El segundo libro es su codicia: Este tiene tres columnas.

La primera es espiritual, porque pensó que sus pecados no eran tan graves como se decía, e indignamente deseó el reino de los cielos, que no se da sino al que esta perfectamente limpio.

La segunda es, porque deseó del mundo más de lo necesario, y su deseo se encaminó unicamente a exaltar su nombre y su descendencia, a fin de criar y ensalzar sus herederos, no a honra tuya, sino según la honra del mundo.

La tercera columna es, porque estaba soberbio con la honra del mundo y con ser más que los otros. Y en estas columnas, según bien sabes, hay innumerables palabras, con que buscaba el favor y la benevolencia, y adquiría bienes temporales.

 

O segundo pecado ou vício capital é a ganância ou gula.

A gula no Catecismo

O terceiro livro é a inveja, e tem três colunas.

A primeira foi mental ou em sua alma, porque ocultamente invejava a dos que tinham mais que ele, e prosperavam mais.

A segunda coluna é, porque por inveja recebeu coisas dos que tinham menos que ele, e mais o necessitavam.

A terceira, porque por inveja prejudicou o seu próximo ocultamente com seus conselhos, e ainda publicamente, tanto de palavra como por obras, tanto para si como para os seus, e até incitou outros a que o fizessem.

 

El tercer libro es la envidia, y tiene tres columnas.

La primera fué mental o en su ánimo, porque ocultamente envidiaba a los que tenian más que él, y prosperaban más.

La segunda columna es, porque por envidia recibió cosas de los que tenian menos que él, y más lo necesitaban.

La tercera, porque por envidia perjudicó a su prójimo ocultamente con sus consejos, y aún públicamente, tanto de palabra como de obra, tanto por si como por los suyos, y hasta incitó a otros a que lo hicieren.

 

O terceiro pecado ou vício capital é a inveja.

A inveja no Catecismo

O quarto livro é a avareza, e nele há três colunas.

A primeira é a avareza mental, porque não quis dizer a outros o que sabia, com o que teriam os outros tido consolo e alento, e pensava consigo desta maneira: Que vantagem tenho se dou esse conselho a este ou aqueloutro?

Que recompensa tenho, se fosse a outro útil esse conselho ou palavra? E assim, qualquer se afastava dele muito aflito, não edificado nem instruído, como podia ter sido, se tivesse ele querido.

A segunda coluna é, porque quando podia pacificar os dissidentes, não quis fazê-lo, e quando podia consolar os aflitos, não se preocupou de o fazer.

A terceira coluna é a avareza dos seus bens, de modo, que se devia dar um elogio ao teu nome, se angustiava e era-lhe penoso, mas por honra mundana dava cem de boa vontade. Nestas colunas há infinitas palavras, como muito bem sabes. Tudo sabes e nada se te pode ocultar; mas por teu poder me obrigas a falar, porque queres que isto seja proveitoso para outros.

 

El cuarto libro es la avaricia, y en él hay tres columnas.

La primera es la avaricia mental, porque no quiso decir a otros lo que sabia, con lo cual hubieran los otros tenido consuelo y adelanto, y pensaba consigo de esta manera: ¿Qué provecho me resulta, si doy ese consejo a este o al otro?

¿Qué recompensa tengo, si le fuere a otro útil ese consejo o palabra? Y asi, cualquiera se apartaba de él muy afligido, no edificado ni instruido, como hubiera podido ser, si hubiese él querido.

La segunda columna es, porque cuando podía pacificar los disidentes, no quiso hacerlo, y cuando podia consolar los afligidos, no se cuidó de ello.

La tercera columna es la avaricia en sus bienes, en términos, que si debia dar un maravidí en tu nombre, se angustiaba y se le hacía penoso, y por honra del mundo daba ciento de buena gana. En estas columnas hay infinitas palabras, como muy bien te consta. Todo lo sabes y nada se te puede ocultar; más por tu poder me obligas a hablar, porque quieres que esto sirva de provecho a otros.

 

O quarto pecado ou vício capital é a avareza.

A avareza no Catecismo

O quinto livro é a preguiça, e tem três colunas.

Primeira, porque foi preguiçoso em fazer boas obras por honra tua, isto é, em cumprir os teus mandamentos; pois pelo descanso do seu corpo perdeu seu tempo, e eram-lhe muito deliciosos o proveito e prazer do seu corpo.

A segunda coluna é porque foi preguiçoso em pensar, pois sempre que o teu bom espírito infundia em seu coração um arrependimento, ou alguma boa ideia espiritual, parecia-lhe aquilo demasiado difuso, e afastava a sua mente do pensamento espiritual, e tinha por grato e suave todo o gozo do mundo.

A terceira coluna é porque foi preguiçoso de boca, isto é, em orar e em falar o que era de proveito para os outros e em honra tua; mas era muito aficionado a palavras de chacota. Quantas palavras há nestas colunas, e quão incontáveis são, só tu o sabes.

 

El quinto libro es la pereza, y tiene tres columnas.

Primera, porque fué perezoso en hacer buenas obras por honra tuya, esto es, en cumplir tus mandamientos; pues por el descanso de su cuerpo perdió su tiempo, y le eran muy deleitables el provecho y placer de su cuerpo.

La segunda columna es porque fué perezoso en pensar, pues siempre que tu buen espiritu infundia en su corazon el arrepentimiento, o alguna buena idea espiritual, pareciale aquello demasiado difuso, y apartaba su mente del pensamiento espiritual, y tenía por grato y suave todo gozo del mundo.

La tercera columna es porque fué perezoso de boca, esto es, en orar y en hablar lo que era de provecho a los otros y en honra tuya; pero era muy aficionado a palabras chocarreras. Cuántas palabras hay en estas columnas, y cuán innunerables son, tú sólo lo sabes.

 

O quinto pecado ou vício capital é a preguiça.

A preguiça no Catecismo

O sexto livro é a ira, e tem três colunas.

A primeira, porque irritava-se com o seu próximo por coisas que não lhe interessavam.

A segunda coluna é, porque com a sua ira prejudicou a obra do seu próximo, e às vezes por ira destruía as suas coisas.

A terceira é, porque por ira incomodava o seu próximo.

 

El sexto libro es la ira, y tiene tres columnas.

La primera, porque irritabase con su prójimo por cosas que no le interesaban.

La segunda columna es, porque con su ira dañó de obra a su prójimo, y a veces por ira destrozaba sus cosas.

La tercera es, porque por ira molestaba a su prójimo.

 

O sexto pecado ou vício capital é a ira.

A ira no Catecismo

O sétimo livro era a sua sensualidade, e tem também três colunas.

A primeira é, porque de uma maneira indevida e desordenada deleitava-se carnalmente; pois ainda era casado, e não se misturava com outras mulheres, contudo pecou impudicamente de um modo ilícito com ademanes, com palavras e obras inconvenientes.

A segunda coluna é, porque era demasiado atrevido em falar, e não só estimulava a sua mulher a falar com liberdade, e até muitas vezes com as suas palavras atraiu também outros, para que ouvissem e pensassem leviandades.

A terceira coluna é, porque mantinha o seu corpo com excessiva delicadeza, fazendo preparar para si em abundância as mais exóticas carnes para maior prazer do seu corpo, e para que os homens o louvassem e o apelidassem de esplêndido.

 

El séptimo libro era su sensualidad, y tiene también tres columnas.

La primera es, porque de una manera indebida y desordenada deleitábase carnalmente; pues aunqe era casado, y no se mezclaba con otras mujeres, con todo pecó impúdicamente de un modo ilicito con ademanes, con palabras y obras inconvenientes.

La segunda columna es, porque era demasiado atrevido en hablar, y no sólo estimulaba a su mujer a hablar con libertad, sino que muchas veces con sus palabras atrajo también a otros, para que oyesen y pensasen liviandades.

La tercera columna es, porque mantenia su cuerpo con excesiva delicadeza, haciendo preparar para si en abundancia las más exquisitas viandas para mayor placer de su cuerpo, y para que los hombres lo alabasen y lo apellidasen espléndido.

 

O sétima pecado ou vício capital é a sensualidade ou luxúria.

A luxúria no Catecismo

Mas de mil palavras há nestas colunas, porque se sentava à mesa para além do justo, sem considerar a perda do tempo; falava muitas coisas inoportunas, e comia mais do que pedia a natureza. Aqui tens, oh Juiz, todo o meu livro: Concede-me, pois, essa alma.

 

Mas de mil palabras hay en estas columnas, porque se sentaba a la mesa más despacio de lo justo, sin considerar la pérdida del tiempo; hablaba muchas cosas inoportunas, y comia más de lo que pedia la naturaleza. Aquí tienes, oh Juez, todo mi libro: Adjudicame, pues, esa alma.

 

 

Guardou silêncio então o Juiz, e aproximando-se a Mãe, que estava mais longe, disse:

Eu quero disputar com esse demónio sobre a justiça.

E respondeu o Filho: Amadíssima Mãe, quanto ao demónio não se lhe nega a justiça, como se te poderá negar a ti, que és minha Mãe e a Senhora dos Anjos? Tu tudo podes e tudo sabes em Mim, mas no entanto, fala, para que outros saibam o amor que Te tenho.

Em seguida disse a Virgem ao demónio: Te mando, diabo, que Me respondas a três coisas que te pergunto, e ainda que o faças à força, estás obrigado por justiça, porque sou tua Senhora. Diz-me, conheces tu, porventura, todos os pensamentos do homem?

E respondeu o demónio: Não, a não ser somente aqueles que posso julgar pelas atitudes exteriores do homem e pela sua disposição, e os que eu mesmo o sugiro no seu coração, pois ainda que tenha perdido a minha dignidade, no entanto, pelo subtil da minha natureza, me restou tanta penetração, que pela disposição do homem posso entender o estado da sua mente; mas os seus bons pensamentos não posso conhecê-los.

Então voltou a falar ao demónio a Bem-aventurada Virgem, e lhe disse: Diz-me, diabo, ainda que seja à força: O que é aquilo que pode apagar o que está escrito no teu livro?

Nada pode apagar, respondeu o demónio, senão uma coisa, que é o amor a Deus; e o que tiver em seu coração, por pecador que seja, se apaga o que acerca dele estava escrito em meu livro.

Diz-me, diabo, lhe perguntou pela terceira vez a Virgem: Há, porventura, algum pecador tão imundo e tão afastado do Meu Filho, que não possa alcançar perdão enquanto vive?

E respondeu o demónio: Ninguém há tão pecador que, se quiser, não possa voltar à Graça enquanto vive. Sempre que qualquer, por grande pecador que seja, mude a sua vontade má para boa, tenha amor a Deus e queira permanecer nEle, todos os demónios não são bastantes para arrancá-lo.

Em seguida a Mãe da Misericórdia disse aos circunstantes: No final da sua vida, se voltou para Mim esta alma, e Me disse: Vós sois a Mãe da Misericórdia e o auxilio dos infelizes. Eu sou indigno de suplicar a Vosso Filho, porque os meus pecados são graves e muitíssimos, e merecidamente Lhe provoquei a ira, porque amei mais o meu prazer e o mundo que a Deus meu Criador. Vos rogo, pois, tende misericórdia de mim, Vós, que não a negais a nenhum que vos pede, e portanto, volto-me para Vós e Vos prometo, que se viver, quero emendar-me e voltar a minha vontade para o Vosso Filho, e não amar nenhuma outra coisa senão a Ele. Mas sobre tudo pesa-me e sinto não ter feito nada para a honra do Vosso Filho, meu Criador; e assim Vos rogo que tenhais misericórdia de mim, piadosíssima Senhora, porque a ninguém senão a vós tenho a quem acudir.

Com tais palavras e com este propósito veio a Mim esta alma ao final da sua vida. E não devia eu ouvi-la? Quem há, que se de todo o coração e com propósito de emenda faz uma súplica a outro, não mereça ser ouvido? E quanto mais Eu, que sou a Mãe da Misericórdia, não devo ouvir a todos os que Me clamam?

E respondeu o demónio: Nada sei acerca desse assunto; mas se é como dizes, prova-o com razões manifestas.

És indigno de que eu te responda, disse a Virgem; mas no entanto, porque isto se faz para proveito de outros, te vou responder. Tu, miserável, já disseste, que nada do que está escrito no teu livro possa apagar-se senão pelo amor a Deus.

E voltando-se então a Virgem para o Juiz, disse: Filho Meu, faz que abra o diabo esse livro e leia, e veja se tudo está ali escrito por completo, ou se algo se apagou.

Então disse o Juiz ao demónio: Onde está o teu livro?

No meu ventre, respondeu o demónio.

E lhe disse o Juiz: Qual é o teu ventre?

 Minha memória, respondeu o diabo; porque como no ventre está toda  imundície e fedor, assim na minha memória está toda a perversidade e malícia, que com um péssimo fedor cheiram na tua presença. Pois quando por minha soberba me afastei de Ti e da Tua Luz, então encontrei em mim toda a malícia, e obscureceu-se a minha memória com respeito às coisas boas de Deus, e nesta memória está escrita toda a maldade dos pecados.

Disse então o Juiz ao demónio: Te mando, que vejas com minúcia e busques em teu livro o que está escrito e o que se apagou com respeito aos pecados desta alma, e di-lo publicamente.

E respondeu o demónio: Olho o meu livro, e vejo escritas coisas diferentes das que cria. Vejo que foram apagados aqueles sete catálogos, e nada resta deles no meu livro, senão os excessos e demasias.

Guardó silencio entonces el Juez, y acercandose la Madre, que estaba más lejos, dijo:

Yo quiero disputar con ese demonio sobre la justicia.

Y respondió el Hijo: Amadisima Madre, cuando al demonio no se le niega la justicia, ¿cómo se te podra negar a ti, que eres mi Madre y la Señora de los ángeles? Tu todo lo puedes y todo lo sabes en mí, pero sin embargo, habla, para que otros sepan el amor que te tengo.

En seguida dijo la Virgen al demonio: Te mando, diablo, que me respondas a tres cosas que te pregunto, y aunque lo hicieres a la fuerza, estas obligado por justicia, porque soy tu Señora. ¿Dime, conoces tú, por ventura, todos los pensamientos del hombre?

Y respondió el demonio: No, sino solamente aquellos que puedo juzgar por las operaciones exteriores del hombre y por su disposición, y los que yo mismo le sugiero en su corazón, pues aunque perdi mi dignidad, sin embargo, por lo sutil de mi naturaleza, me quedó tanta penetración, que por la disposición del hombre puedo entender el estado de su mente; pero sus buenos pensamientos no puedo conocerlos.

Entonces le volvió a hablar al demonio la bienaventurada Virgen, y le dijo: Dime, diablo, aunque sea a la fuerza: ¿Qué es aquello que puede borrar lo escrito en tu libro?

Nada puede borrarlo, respondio el demonio, sino una cosa, que es el amor de Dios; y el que lo tuviere en su corazón, por pecador que sea, al punto se borra lo que acerca de él estaba escrito en mi libro.

Dime, diablo, le preguntó por tercera vez la Virgen: ¿Hay, por ventura, algún pecador tan inmundo y tan apartado de mi Hijo que no pueda alcanzar perdón mientras vive?

Y respondió el demonio: Nadie hay tan pecador que, si quisiere, no pueda volver a la gracia mientras vive. Siempre que cualquiera, por gran pecador que sea, mude su voluntad mala en buena, tiene amor de Dios y quiere permanecer en él, todos los demonios no son bastantes para arrancarlo.

En seguida la Madre de la misericordia dijo a los circunstantes: Al final de su vida se volvió a mi esta alma, y me dijo: Vos sois la Madre de la misericordia y el auxilio de los infelices. Yo soy indigno de suplicar a vuestro Hijo, porque mis pecados son graves y muchísimos, y en gran manera lo he provocado a ira, porque he amado más mi placer y el mundo que a Dios mi Creador. Os ruego, pues, tengáis misericordia de mí, Vos, que no la negáis a ninguno que os la pide, y por tanto, me vuelvo a Vos y os prometo, que si viviere, quiero enmendarme y volver mi voluntad a vuestro Hijo, y no amar ninguna otra cosa sino a él.

Pero sobre todo me pesa y siento no haber hecho nada para honra de vuestro Hijo, mi Creador; y asi os ruego tengáis misericordia de mi, piadosísima Señora, porque a nadie sino a vos tengo a quien acudir.

Con tales palabras y con este propósito vino a mi esta alma al final de su vida. ¿Y no debia yo oirla? ¿Quién hay, que si de todo corazón y con propósito de la enmienda hace una suplica a otro, no merezca ser oido? ¿Y cuanto más yo, que soy la Madre de la misericordia, no debo oir a todos los que me claman?

Y respondió el demonio: Nada sé acerca de ese propósito; pero si es según dices, pruébalo con razones manifiestas.

Eres indigno de que yo te responda, dijo la Virgen; sin embargo, porque esto se hace para provecho de otros, te voy a contestar. Tú, miserable, tienes ya dicho, que nada de lo escrito en tu libro puede borrarse sino por amor de Dios.

Y volviéndose entonces la Virgen al Juez, dijo: Hijo mío, haz que abra el diablo ese libro y lea, y vea si todo esta allí escrito por completo, o si se ha borrado algo.

Entonces dijo el Juez al demonio: ¿Dónde esta tu libro?

En mi vientre, respondió el demonio.

Y le dijo el Juez: ¿Cual es tu vientre?

 Mi memoria, respondió el diablo; porque como en el vientre esta toda inmundicia y hedor, asi en mi memoria esta toda perversidad y malicia, que como pésimo hedor huelen en tu presencia. Pues cuando por mi soberbia me aparté de ti y de tu luz, entonces hallé en mi toda malicia, y obscurecióse mi memoria respecto a las cosas buenas de Dios, y en esta memoria esta escrita toda la maldad de los pecados.

Dijole entonces el Juez al demonio: Te mando, que veas con esmero y busques en tu libro qué es lo que hay escrito y qué borrado respecto a los pecados de esta alma, y dilo públicamente.

Y respondió el demonio: Miro mi libro, y veo escritas cosas diferentes de las que crei. Veo que han sido borrados aquellos siete catálogos, y nada queda de ellos en mi libro sino los excesos y demasías.

Começa aqui a intervenção da Virgem Maria.

 

 

 

 

O diabo não pode conhecer os pensamentos dos homens.

 

 

 

 

O Amor a Deus apaga os pecados.

 

 

 

 

 

A vontade do homem é soberana e não pode ser mudada pelos diabos.

 

Arrependimento sincero de uma alma antes da morte salva-a.

 

 

 

 

 

 

O arrependimento sincero da alma e a súplica à Virgem Maria salvou esta alma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O arrependimento sincero, o amor a Deus e a Intercessão da Virgem Maria, apagaram os pecado do livro do diabo.

Em seguida disse o Juiz ao Anjo bom que se achava presente: Onde estão as boas obras desta alma?

E respondeu o Anjo: Senhor, todas as coisas estão na vossa presciência e conhecimento, as presentes, as passadas e as futuras. Tudo sabemos e o vemos em Vós, e Vós em nós, nem necessitamos falar-vos, porque tudo sabeis. Mas porque quereis mostrar o Vosso Amor, manifestais a Vossa vontade a quem Vos apraz. Desde que no princípio se uniu esta alma num corpo, estive eu sempre com ela, e tenho também escrito um livro das suas boas obras. e se quiserdes ver esse livro, está em vosso poder.

E disse o Juiz: Não convém julgar senão depois de ouvir e entender o bem e o mal, e examinado tudo bem, deve então sentenciar-se conforme à justiça, quer seja para a vida, quer seja para a morte.

Meu livro, respondeu o Anjo, é a obediência, com que vos obedeci, e nele há sete colunas.

A primeira, é o Baptismo;

a segunda, é a sua abstinência jejuando, e o conter-se das obras ilícitas, nos pecados, e até no prazer e tentações da carne;

a terceira coluna é a oração e o bom propósito que teve para convosco;

a quarta coluna são os seus bons feitos em esmolas e outras obras de misericórdia;

a quinta, é a Esperança que em Vós tinha;

a sexta, é a Fé que teve como cristão;

a sétima, é o Amor a Deus.

Ouvindo isto o Juiz, voltou a dizer ao Anjo bom: Onde está o teu livro?

E ele respondeu: Na Vossa visão e Amor, Senhor meu.

En seguida dijo el Juez al angel bueno que se hallaba presente: ¿Dónde estan las buenas obras de esta alma?

Y respondió el ángel: Señor, todas las cosas están en vuestra presciencia y conocimiento, las presentes, las pasadas y las futuras. Todo lo sabemos y lo vemos en Vos, y Vos en nosotros, ni necesitamos hablaros, porque todo lo sabéis. Pero porque queréis mostrar vuestro amor, manifestais vuestra voluntad a quienes os place. Desde que en un principio se unió esta alma en el cuerpo, estuve yo siempre con ella, y tengo también escrito un libro de sus buenas obras. Y si quisierais ver ese libro, esta en vuestro poder.

Y dijo el Juez: No conviene juzgar sino después de oir y entender lo bueno y lo malo, y examinado todo bien, debe entonces sentenciarse con arreglo a justicia, ya sea para la vida, ya para la muerte.

Mi libro, respondió el angel, es la obediencia, con que os obedecid, y en él hay siete columnas. La primera, es el bautismo;

la segunda, es su abstinencia ayunando, y el contenerse en las obras ilicitas, en los pecados, y hasta en el placer y tentaciones de la carne;

la tercera columna es la oración y el buen propósito que respecto a Vos tuvo;

la cuarta columna son sus buenos hechos en limosnas y otras obras de misericordia;

la quinta, es la esperanza que en Vos tenía;

la sexta, es la fe que tuvo como cristiano;

la séptima, es el amor de Dios.

Oyendo esto el Juez, volvió a decir al angel bueno: ¿Donde esta tu libro?

Y él respondio: En vuestra visión y amor, Señor mio.

O Anjo da Guarda tem o no seu Livro as Boas Obras da alma e intercede por ela.

 

 

 

 

 

 

 

A favor da alma, tem:

● Baptismo.

● Abstinência.

 

● Oração.

● Boas obras e esmolas.

● Esperança.

● Fé em Deus.

● Amor a Deus.

Então em tom de reconvenção, disse a Virgem ao diabo: Como guardaste o teu livro, e como se apagou o que nele estava escrito?

E respondeu o demónio: Ai! Ai! Porque tu me enganaste.

Em seguida disse o Juiz à Sua piadosíssima Mãe: Neste particular foi-Te com razão favorável a sentença, e com justiça ganhaste esta alma.

Depois vociferava o demónio, e dizia: Perdi, e fui vencido; mas diz-me, Juiz: Até quando hei de ter esta alma por seus excessos e demasias?

Eu to mostrarei, respondeu o Juiz; abertos e lidos estão os livros. Mas diz-me, diabo, ainda que eu tudo saiba, diz-me se com rigor à justiça deve esta alma entrar ou não no Céu. Te permito que agora vejas e saibas a verdade da Justiça.

E respondeu o demónio: é justiça em ti, que se alguém morrer sem pecado mortal, não entrará nas penas do inferno, e todo o que tem amor a Deus, por direito pode entrar no Céu. E como esta alma não morreu em pecado mortal e teve amor a Deus, é digna de entrar no Céu, depois que purgue o que deve.

E disse o Juiz: Já que te abri o entendimento e te permiti ver a Luz da verdade e da Justiça, diz para que o ouçam quem eu quero: Qual deve ser a sentença desta alma?

 Respondeu o demónio: Que se purifique de tal modo, que não fique nela uma só mancha; porque ainda que por justiça Te foi adjudicada, com tudo, está todavia imunda, e não pode chegar a Ti, senão depois de se purificar. E como Tu, oh, Juiz, me perguntaste, agora também pergunto: Como deve purificar-se e até quando há de estar em minhas mãos?

Respondeu o Juiz: Te mando, diabo, que não entres nela, nem a absorvas em ti; mas deves purificá-la até que esteja limpa e sem mancha, pois segundo sua culpa padecerá sua pena.

De três modos pecou com a vista, de três modos no ouvido e de outros três modos no tacto. Por conseguinte, deve ser castigada de três modos.

Na vista: Primeiro, deve ver pessoalmente seus pecados e abominações; segundo, deve ver-te na tua malícia; terceiro, deve ver as misérias e terríveis penas das demais almas.

Igualmente se há de afligir de três modos no ouvido. Primeiro, ouvirá um horrível  ai! Porque quis ouvir seu próprio louvor e se deleitava com o mundo; Segundo, deve ouvir os horrorosos clamores e enganos dos demónios; Terceiro, ouvirá opróbrios e intoleráveis misérias, porque ouviu mais e com mais gosto o amor e o favor do mundo, que o de Deus, e serviu com mais empenho o mundo que a seu Deus.

De três modos também se há de afligir no tacto. Primeiro, há de arder em abrasadíssimo fogo interior e exteriormente, de maneira que nela não reste nenhuma nem a menor mancha, que não se purifique no fogo; Segundo, há de padecer grandíssimo frio, porque ardia na sua inveja e era frio em meu amor; Terceiro, estará nas mãos dos demónios, para que não haja nem o menor pensamento nem a mais leve palavra que não se purgue, até que se ponha como o ouro, que se purifica no crisol e na forja, à vontade do seu dono.

Entonces en tono de reconvencion, dijo la Virgen al diablo: ¿Cómo custodiaste tu libro, y como se borró lo que en él estaba escrito?

Y respondió el demonio: Ay! ay! porque tú me engañaste.

En seguida dijo el Juez a su piadosísima Madre: En este particular te ha sido en razón favorable la sentencia, y con justicia has ganado esa alma.

Después daba voces el demonio, y decía: Perdi, y he sido vencido; pero dime, Juez: ¿Hasta cuándo he de tener esta alma por sus excesos y demasias?

Yo te lo manifestaré, respondio el Juez; abiertos y leidos estan los libros. Pero dime, diablo, aunque yo todo lo sé, dime si con arreglo a justicia debe esta alma entrar o no en el cielo. Te permito que ahora veas y sepas la verdad de la justicia.

Y respondió el demonio: Es justicia en ti, que si alguien muriere sin pecado mortal, no entrara en las penas del infierno, y todo el que tiene amor de Dios, de derecho puede entrar en el cielo. Y como esta alma no murió en pecado mortal y tuvo amor de Dios, es digna de entrar en el cielo, después que purgue lo que deba.

Y dijo el Juez: Ya que te he abierto el entendimiento y te he permitido ver la luz de la verdad y de la justicia, di para que lo oigan quienes yo quiero: ¿Quál debe ser la sentencia de esta alma?

 Respondió el demonio: Que se purifique de tal modo, que no quede en ella una sola mancha; porque aun cuando por justicia se te ha adjudicado, con todo, esta todavia inmunda, y no puede llegar a ti, sino después de purificarse. Y como tú, oh, Juez! Me preguntaste, ahora también pregunto: ¿Cómo debe purificarse y hasta cuándo ha de estar en mis manos?

Respondió el Juez: Te mando, diablo, que no entres en ella, ni la absorbas en ti; pero debes purificarla hasta que esté limpia y sin mancha, pues según su culpa padecera su pena.

De tres modos pecó en la vista, de tres modos en el oído y de otros tres modos en el tacto. Por consiguiente, debe ser castigada de tres modos.

En la vista: Primero, debe ver personalmente sus pecados y abominaciones; segundo, debe verte en tu malicia; tercero, debe ver las miserias y terribles penas de las demás almas.

Igualmente se ha de afligir de tres modos en el oído. Primero, oirá un horrible  ay! porque quiso oir su propia alabanza y lo deleitable del mundo; Segundo, debe oir los horrorosos clamores y burlas de los demonios; Tercero, oirá oprobios e intolerables miserias, porque oyó más y con más gusto el amor y el favor del mundo, que el de Dios, y sirvió con más empeño al mundo que a su Dios.

De tres modos también se ha de afligir en el tacto. Primero, ha de arder en abrasadísimo fuego interior y exteriormente, de manera que en ella no quede ni la menor mancha, que no se purifique en el fuego; Segundo, ha de padecer grandísimo frio, porque ardía en su codicia y era frío en mi amor; Tercero, estará en manos de los demonios, para que no haya ni el menor pensamiento ni la más leve palabra que no se purgue, hasta que se ponga como el oro, que se purifica en el crisol y en la fragua, a voluntad de su dueño.

Salva que foi a alma, resta-lhe ser purificada de todas as faltas cometidas em vida até que nada de impuro subsista. Para essa purificação irá para o Purgatório até que o determine a Justiça Divina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A purificação far-se-á aos três níveis dos sentidos:

Vista,

Ouvido,

Tacto.

Então perguntou o demónio: Até quando estará essa alma nesta pena?

E respondeu o Juiz: Posto que a sua vontade foi viver no mundo, e era tal essa vontade, que de boa gana teria vivido no corpo até o fim do mundo, esta pena há de durar até ao fim do mundo. Justiça minha é, que todo o que me tem Amor Divino, e com todo o empenho Me deseja e anseia por estar coMigo e separar-se do mundo, este sem pena deve obter o Céu, porque a prova da vida presente é a sua purificação. Mas o que teme a morte por causa da pesada pena futura, e quiser ter mais tempo para emendar-se, este deve ter uma pena leve no Purgatório. Mas o que esquecendo-se de Mim, deseja viver até o dia do Juízo, ainda que não peque mortalmente, no entanto, pelo perpétuo desejo de viver que tem, deve ter pena perpétua até o dia do Juízo.

 

Então disse a piadosíssima Virgem Maria: Bendito sejas, Filho meu, pela tua justiça, que é com toda a Misericórdia. Ainda que nós vejamos e saibamos tudo em Ti, diz não obstante, para inteligência dos demais, que remédio deva tomar-se que diminua tão largo tempo de pena, e qual outro para que se apague um fogo tão cruel, e como também possa esta alma livrar-se das mãos dos demónios.

E respondeu o Filho: Nada se te pode negar, porque és a Mãe da Misericórdia, e a todos proporcionas e buscas consolo e Misericórdia.

Três coisas há que fazem diminuir tão grande tempo de pena, que se apague o fogo, e que essa alma se livre das mãos dos demónios.

A primeira é, se alguém devolve o que ele injustamente tomou ou arrancou de outros, ou está obrigado a devolver-lhes em justiça; pois a alma deve purgar-se, ou pelos rogos dos santos, ou por esmolas e boas obras dos amigos, ou por uma suficiente purificação.

A segunda é uma avultada esmola, pois por ela se apaga o pecado, como com a água se apaga a sede.

A terceira é, a oferenda do Meu Corpo feita por sua intenção no altar, e as súplicas dos meus amigos.

Estas três coisas são as que o libertarão daquelas três penas.

 

Entonces preguntó el demonio: ¿Hasta cuando estará esa alma en esta pena?

Y respondió el Juez: Puesto que su voluntad fué vivir en el mundo, y era tal esta voluntad, que de buena gana hubiera vivido en el cuerpo hasta el fin del mundo, esta pena ha de durar hasta el fin del mundo. Justicia mia es, que todo el que me tiene amor divino, y con todo empeño me desea y anhela por estar conmigo y separarse del mundo, éste sin pena debe obtener el cielo, porque la prueba de la vida presente es su purificación. Mas el que teme la muerte por causa de la acerba pena futura, y quisiera tener más tiempo para enmendarse, éste debe tener una pena leve en el purgatorio. Pero el que olvidándose de mí, desea vivir hasta el día del juicio, aunque no peque mortalmente, sin embargo, por el perpetuo deseo de vivir que tiene, debe tener pena perpetua hasta el día del juicio.

Entonces dijo la piadosísima Virgen Maria: Bendito seas, Hijo mío, por tu justicia, que es con toda misericordia. Aunque nosotros lo veamos y sepamos todo en ti, di no obstante, para inteligencia de los demas, qué remedio deba tomarse que disminuya tan largo tiempo de pena, y cual otro para que se apague un fuego tan cruel, y como también pueda esta alma librarse de las manos de los demonios.

Y respondió el Hijo: Nada se te puede negar, porque eres la Madre de la misericordia, y a todos proporcionas y buscas consuelo y misericordia.

Tres cosas hay que hacen disminuir tan largo tiempo de pena, y que se apague el fuego, y que esa alma se libre de las manos de los demonios.

La primera es, si alguien devuelve lo que él injustamente tomó o arrancó de otros, o esta obligado a devolverles en justicia; pues el alma debe purgarse, o por los ruegos de los santos, o por limosnas y buenas obras de los amigos, o por una suficiente purificación.

Lo segundo es una cuantiosa limosna, pues por ella se borra el pecado, como con el agua se apaga la sed.

Lo tercero es, la ofrenda de mi cuerpo hecha por él en el altar, y las súplicas de mis amigos.

Estas tres cosas son las que lo libertarán de aquellas tres penas.

 

A Virgem Maria intercede para abreviar o tempo e a quantidade das penas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Três coisas fazem diminuir o tempo da pena, que se apague o fogo, e que essa alma se livre das mãos dos demónios:

● Devolução do roubado, boas obras dos amigos e tempo de purificação.

● Esmolas.

Missas e orações dos amigos.

 

 

Então disse a Mãe da Misericórdia: E de que lhe servem agora as boas obras que por Ti fez?

E respondeu o Filho: Não perguntas, porque o ignoras, pois tudo sabes e vês em Mim, mas o investigas para mostrar aos outros o Meu Amor. Na verdade, não ficará sem remuneração a mais insignificante palavra, nem o mais leve pensamento que em honra Minha teve; pois tudo quanto por Mim fez, está agora diante dele e dentro da sua mesma pena, e lhe serve de refrigério e de consolo, e por ele sente menos ardor do que sofreria de outro modo.

E voltou a Virgem a dizer a seu Filho: Porquê essa alma está imóvel, como quem não move mãos nem pés contra o seu inimigo e não obstante vive?

E respondeu o Juiz: De Mim escreveu o Profeta, que fui como um cordeiro que emudece diante de quem o tosquia; e a verdade, eu emudeci diante de Meus inimigos; portanto, é justiça, que por não tido interesse pela Minha morte essa alma, e por havê-la considerado de pouca importância, esteja agora como o menino, que nas mãos dos homicidas não pode falar.

Bendito sejas, dulcíssimo Filho Meu, que nada fazes sem justiça, disse a Mãe. Tu disseste antes, Filho Meu, que Teus amigos podiam socorrer esta alma, e bem sabes que ela Me serviu de três modos.

Primeiro, com a abstinência, pois jejuava as vigílias das Minhas festividades e nelas se abstinha em Meu nome;

segundo, porque lia o Meu Ofício;

e terceiro, porque cantava por honra Minha. e assim, Filho Meu, posto que ouves os Teus amigos que Te dirigem preces na Terra, Te rogo, que também Te dignes ouvir-Me a Mim.

E respondeu o Filho: Sempre se ouvem com maior benevolência as súplicas da pessoa predilecta de algum senhor; e como Tu és o que Eu mais amo sobre todas as coisas, pede quanto queiras, e se Te dará.

Esta alma, disse a Mãe, padece três penas na vista, três no ouvido, e outras três no tacto. Te rogo, pois, amadíssimo Filho meu, que lhe diminuas uma pena na vista, e é que não veja os horríveis demónios, ainda que sofra as outras duas penas, porque a Tua justiça assim o exige segundo a justiça da tua misericórdia, à qual não posso opor-Me.

Te suplico, em segundo lugar, que no ouvido lhe diminuas uma pena, e é que não ouça seu opróbrio e confusão. Te rogo, por último, que no tacto lhe tires uma pena, e é que não sinta esse frio maior que o gelo, o qual o merece ter, porque era frio no Teu Amor.

E respondeu o Filho: Bendita sejas, amadíssima Mãe, a Ti nada se Te pode negar; faça-se a Tua vontade, e seja, segundo o que pediste.

Bendito sejas Tu, dulcíssimo Filho Meu, disse a Mãe, por todo o Teu Amor e Misericórdia.

Entonces dijo la Madre de la misericordia: ¿Y de qué le sirven ahora las buenas obras que por ti hizo?

Y respondió el Hijo: No preguntas, porque lo ignores, pues todo lo sabes y ves en mí, sino que lo investigas para mostrar a los otros mi amor. A la verdad, no quedara sin remuneracion la más insignificante palabra, ni el más leve pensamiento que en honra mía tuvo; pues todo cuanto por mí hizo, está ahora delante de él y dentro de su misma pena, y le sirve de refrigerio y de consuelo, y por ello siente menos ardor del que sufriria de otro modo.

Y volvió la Virgen a decirle a su Hijo: ¿Por qué esa alma está inmovil, como quien no mueve manos ni pies contra su enemigo y no obstante vive?

Y respondio el Juez: De mi escribió el Profeta, que fuí como un cordero que enmudece delante de quien lo trasquila; y a la verdad, yo enmudecí delante de mis enemigos; por tanto, es justicia, que por no haberse tomado interés por mi muerte esa alma y por haberla considerado de poca importancia, esté ahora como el niño que en las manos de los homicidas no puede dar voces.

Bendito seas, dulcísimo Hijo mío, que nada haces sin justicia, dijo la Madre. Tú dijiste antes, Hijo mio, que tus amigos podían socorrer a esta alma, y bien sabes que ella me sirvió de tres modos.

Primero, con la abstinencia, pues ayunaba las vigilias de mis festividades y en ellas se abstenia en mi nombre;

segundo, porque leía mi Oficio;

y tercero, porque cantaba por honra mía. Y así, Hijo mío, puesto que oyes a tus amigos que te dan voces en la tierra, te ruego, que también te dignes oirme a mí.

Y respondió el Hijo: Siempre se oyen con mayor benevolencia las súplicas de la persona predilecta de algún señor; y como tú eres lo que yo más amo sobre todas las cosas, pide cuanto quieras, y se te dará.

Esta alma, dijo la Madre, padece tres penas en la vista, tres en el oído, y otras tres en el tacto. Te ruego, pues, amadísimo Hijo mío, que le disminuyas una pena en la vista, y es que no vea los horribles demonios, aunque sufra las otras dos penas, porque tu justicia asi lo exige según la justicia de tu misericordia, a la cual no puedo oponerme. Te suplico, en segundo lugar, que en el oído le disminuyas una pena, y es que no oiga su oprobio y confusión. Te ruego, por último, que en el tacto le quites una pena, y es que no sienta ese frío mayor que el hielo, el cual lo merece tener, porque era frío en tu amor.

Y respondió el Hijo: Bendita seas, amadísima Madre, a ti nada se te puede negar; hágase tu voluntad, y sea, según lo has pedido.

Bendito seas tu, dulcísimo Hijo mío, dijo la Madre, por todo tu amor y misericordia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Virgem Maria intercede, lembrando a devoção que alma Lhe tinha:

Fazia Abstinência.

Rezava-Lhe.

Cantava-Lhe.

 

 

 

 

A pedido da Virgem Maria são reduzidas as penas que devia cumprir.

Naquele instante apareceu un santo com grande acompanhamento, e disse: Louvado sejais, Senhor, Deus nosso, Criador e Juiz de todos. Esta alma foi em sua vida devota minha, jejuou em honra minha, e me louvou fazendo súplicas, da mesma maneira que a estes amigos vossos que se acham presentes. Assim, pois, Vos rogo da parte deles e minha, que tenhais compaixão desta alma, e por nossas súplicas lhe deis descanso numa pena, e é que os demónios não tenham poder para obscurecer a sua consciência; pois se não se os contém, a obscurecerão de tal modo, que nunca haveria de esperar essa alma o fim da sua desdita e alcançar a glória, senão quando fosse tua vontade vê-la especialmente com Tua Graça; e este é un suplício maior que qualquer outro. Portanto, piadosíssimo Senhor, concede-lhe por nossas súplicas, que em qualquer pena em que esteja, saiba positivamente que há de acabar aquela pena, e que há de alcançar a Glória perpétua.

E respondeu o Juiz: Assim o exige a verdadeira justiça, porque essa alma afastou muitas vezes a sua consciência dos pensamentos espirituais e da inteligência das coisas eternas, e quis obscurecer a sua consciência, sem temer agir contra mim, e portanto, justo é, repito, que os demónios obscureçam a sua consciência. Mas porque vós, amadíssimos amigos Meus, ouvistes as Minhas palavras e as pusestes em prática, não se vos deve negar nada, e assim farei o que pedis.

Então responderam todos os santos: Bendito sejais, Deus, em toda a Vossa Justiça, que julgais justamente, e nada deixais sem castigo.

Em seguida disse ao Juiz o Anjo custódio daquela alma: Desde o princípio da união desta alma com o seu corpo, estive eu com ela, e a acompanhei por providência do Vosso Amor, e algumas vezes fazia a minha vontade. Vos rogo, pois, Deus e Senhor meu, que tenhais misericórdia dela.

E respondeu o Senhor: Sim, está bem; mas acerca disto, queremos deliberar. Então desapareceu a visão.

 

En aquel instante apareció un santo con gran acompañamiento, y dijo: Alabado seáis, Señor, Dios nuestro, Creador y Juez de todos. Esta alma fué en su vida devota mía, ayunó en honra mía, y me alabó haciéndome súplicas, de la misma manera que a estos amigos vuestros que se hallan presentes. Así, pues, os ruego de parte de ellos y mía, que tengáis compasión de esta alma, y por nuestras súplicas le deis descanso en una pena, y es que los demonios no tengan poder para obscurecer su conciencia; pues si no se les contiene, la obscureceran de tal modo, que nunca habia de esperar esa alma el término de su desdicha y alcanzar la gloria, sino cuando fuese tu voluntad mirarla especialmente con tu gracia; y este es un suplicio mayor que todo otro. Por tanto, piadosísimo Señor, concededle por nuestras súplicas, que en cualquiera pena en que estuviere, sepa positivamente que ha de acabar aquella pena, y que ha de alcanzar la gloria perpetua.

Y respondió el Juez: Así lo exige la verdadera justicia, porque esa alma apartó muchas veces su conciencia de los pensamientos espirituales y de la inteligencia de las cosas eternas, y quiso obscurecer su conciencia, sin temer obrar contra mi, y por tanto, justo es, repito, que los demonios obscurezcan su conciencia. Mas porque vosotros, amadísimos amigos míos, oísteis mis palabras y las pusísteis por obra, no se os debe negar nada, y asi haré lo que pedís.

Entonces respondieron todos los santos: Bendito seáis, Dios, en toda vuestra justicia, que juzgáis justamente, y nada dejáis sin castigo.

En seguida dijo al Juez el ángel custodio de aquella alma: Desde el principio de la unión de esta alma con su cuerpo, estuve yo con ella, y la acompañé por providencia de vuestro amor, y algunas veces hacía mi voluntad. Os ruego, pues, Dios y Señor mío, que tengáis misericordia de ella.

Y respondió el Señor: Sí, bien está; pero acerca de esto, queremos deliberar. Entonces desapareció la visión.

 

Aqui surgem os Santos a interceder pela alma e conseguem-lhe redução das penas, pois ela era devota deles.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Anjo da Guarda pede Misericórdia pela alma…

 

 

 

 

Declaração

Foi este um cavalheiro bondoso e amigo dos pobres, e deu por ele avultadas esmolas a sua esposa, a qual faleceu em Roma, como o tinha anunciado o espírito de Deus, por meio de santa Brígida, a que disse: Entenda-se que esta senhora regressará à sua pátria, mas não morrerá ali. E assim foi, porque a segunda vez que voltou a Roma, ali morreu e foi enterrada.

 

Declaración

Fué éste un caballero bondadoso y amigo de los pobres, y dió por él cuantiosas limosnas su esposa, la cual falleció en Roma, como lo tenía anunciado el espiritu de Dios, por medio de santa Brígida, a la que dijo: Ten entendido que esa señora regresará a su patria, pero no morirá allí. Y asi fué, porque segunda vez volvió a Roma, donde murió y fué enterrada.

 

Este foi um Juízo real de um contemporâneo de Santa Brígida e que era seu conhecido.

 

O Purgatório nas Revelações de Santa Francisca Romana

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Santa Francisca Romana teve Revelações Divinas extraordinárias. Visitou o Céu acompanhada por São Paulo Apóstolo, e o Inferno e o Purgatório pelo Arcanjo Rafael. No Purgatório foi testemunha da purificação das almas, que aceitam todos os sofrimentos para se purufucarem de todas as suas culpas e alcançarem a vida eterna na companhia de Deus.

Entre 1430 e 1440,  Santa Francisca descreveu ao seu Diretor Espiritual, Padre Giovanni Mattiotti, todos os casos sobrenaturais que se davam na sua vida, e foram cuidadosamente anotados pelo Padre Giovanni, que após a sua morte, os publicou em latim.

Foram tantas as manifestações Divinas acontecidas, que para um melhor entendimento, o Padre Giovanni Mattiotti os dividiu em 5 Tratados, ordenando separadamente todos os fatos descritos por Francisca: 

■ TRATADO DA VIDA DA SANTA

■ TRATADO DOS COMBATES

TRATADO DO PURGATÓRIO

■ TRATADO DO INFERNO

■ VISÕES PARADISÍACAS E REVELAÇÕES

Aqui, só vou apresentar o que a Santa Francisca descreveu do Purgatório

Toda pessoa ao morrer, sua alma ficará diante de uma encruzilhada por onde será conduzida a dois diferentes caminhos, conforme suas virtudes, as qualidades e o seu próprio desempenho ao longo da existência: se bom, médio ou mau. 

Os dois Caminhos conduzem à vida feliz no Paraíso Divino ou à Condenação Eterna no inferno, na companhia de satanás e seus asseclas.

Assim, se os seus merecimentos a conduzirem pelo Caminho da Eternidade feliz, estará livre da condenação eterna e logo serão avaliados, se a alma seguirá direto para o Céu, ou se deverá antes passar pelo Purgatório para uma ligeira imersão purificadora, ou para permanecer algum tempo incinerando todos os seus pecados e transgressões cometidos contra a Justiça Divina e não devidamente arrependidos e perdoados sacramentalmente em vida.

Seguem-se os textos escritos pelo Padre Giovanni Mattiotti, confessor de Santa Francisca. 

Em nome da SANTÍSSIMA TRINDADE começo o Tratado do Purgatório, descrevendo todos os locais onde esta humilde serva de Cristo foi conduzida pelo Arcanjo Rafael. 

Francisca logo no principio de sua narrativa diz que o Purgatório é divido em três imensos planos: um inferior, o médio e o superior.

Na entrada viu as letras que diziam: “Aqui é o Purgatório, lugar de Esperança; neste lugar as almas se elevam; é momento de trégua e purificação, diante do único desejo de Salvação. 

Observou que é um local com muita disciplina e ordem, completamente diferente daquilo que viu no inferno, e como disse o Arcanjo Rafael e a serva do Senhor escreveu: 

“O Purgatório é onde as almas se purificam de todos os seus defeitos, e por isso é denominado lugar de súplica e de esperança para outro lugar”.

O Plano Inferior é um local cheio de um fogo claro, diferente do fogo do inferno que é negro e tenebroso. 

Este fogo do Purgatório tem a chama alta, de cor vermelha, contudo não infunde brilho nas almas.

Por esse motivo, a alma neste lugar está sempre cercada por trevas exteriores, mas se torna brilhante interiormente por causa das imensas graças alcançadas durante a sua purificação, que a faz reconhecer a verdade justa que fixou os limites do tempo de sua permanência. 

A alma cheia de pecado lamenta o estado de sua vida e deixa tudo a critério do Anjo encarregado de fazer a infusão para a sua purificação naquele fogo.

 E deste modo, conforme a qualidade e quantidade de seus pecados, o pecador permanecerá no fogo o tempo necessário para expiar os seus crimes praticados contra a Justiça de Deus.

Todas as almas que estão no Lugar Inferior do Purgatório se mostram com disposição para a tortura e todos os sofrimentos, e são envolvidas completamente pelas chamas, suportando aquele fogo ardente que as atormenta vigorosamente, proporcionalmente à quantidade e qualidade dos pecados que cada uma cometeu. 

 Assim, a alma que está no fogo, insensivelmente vai purgando os seus pecados, do mesmo modo que cresce nela a pureza espiritual.

 E terminado o tempo da dívida, ela deixa aquele lugar e sobe para um local logo acima, que é o Plano Médio do Purgatório. 

Todavia, se a alma que está no Plano Inferior foi condenada por ter cometido pecado mortal, deverá permanecer neste Local num mínimo de setenta anos, sob o intenso fogo para purificar todos os pecados.

Francisca disse ainda que, aquelas favores que as pessoas no mundo fazem em beneficio das almas que estão no Purgatório sempre dão bons resultados, mesmo no caso das almas que estão no Plano Inferior cujas penas não podem ser reduzidas, contudo, elas também lucrarão com a preciosa ajuda, pois haverá redução na intensidade do fogo, o qual não as atormentará tanto.

Assim sendo, os favores, orações e esmolas, feitas pelas pessoas no mundo, contribuem efetivamente para que aquele fogo não seja tão atroz e ardente para as almas que lá estão em purificação.

O Plano Inferior do Purgatório é aquele que está mais próximo do inferno, mas os espíritos malignos não podem entrar, permanecem de fora, no lado esquerdo, para evitar que as almas que lá estão, além das severas penas, sofram também ao ficarem expostas aos demónios, perto daquelas horríveis visões e ouvindo as repreensões, os xingamentos e terríveis impropérios dos diabos. Francisca disse ainda que por causa das penas severas que sofrem neste lugar, clamam chorosamente com vozes humildes e incansáveis:

 “Ó Deus piedade e misericórdia, misericórdia, misericórdia.” 

Certamente conhecendo quão justa e correcta é a Justiça Divina, as almas que lá estão compreendem que estas penas são justas e dignas de suportar.

E por isso também elas mesmas, apesar de suas constantes súplicas, ficam contentes, sentindo certa consolação, sabendo que à medida que vão transcorrendo os dias da purificação, vão se aproximando os dias de sua libertação à abençoada glória.

Disse esta humilde serva de Deus, que os Anjos gloriosos são dados em custódia as almas que tiveram em vida, uma boa conduta no trabalho e na maneira de falar, e ao contrário, os demónios acusam os seus pecados e querem prejudicar estas almas.

Por outro lado, quando alguém por causa da afeição carnal abandonou a boa conduta, após a sua morte, receberá a pena no tempo determinado.

Diante do justíssimo juiz, de nenhum modo tal alma tem mérito senão depois de cumprir integralmente o tempo determinado por causa de seus pecados. 

Mas se ela, apesar de seus pecados, tiver uma conduta aprovada e primordialmente se cultivou a caridade fraterna, sua pena será menor.

Esta alma devota de Deus disse que aquele fogo do Purgatório se assemelha ao fogo do inferno do meio, ainda que com alguma diferença, porque o fogo do inferno é negro e escuro, e aquele do Purgatório é claro.

Ela disse que viu na entrada do Purgatório Inferior, letras escritas que diziam: “Prostíbulo”. 

E viu logo acima, letras listando os maiores pecados mortais, que se praticados por uma alma, ela estará condenada a sofrer naquele fogo por setenta anos completos (no mínimo), e nada poderá diminuir esta quantidade de tempo mencionada.

No Purgatório Inferior ela ainda observou que haviam três locais separados.

Um lugar maior onde são infligidas as penas, e nele havia também almas de sacerdotes, onde precisamente a parte do fogo era muito mais ardente. 

Na segunda parte havia almas de pessoas e de membros do clero não havendo, todavia, sacerdotes ordenados, e na qual o fogo não era tão ardente.

Na terceira parte havia muitas almas de homens e mulheres seculares com grandes pecados cometidos e em cuja parte o fogo não era tão ardente, como na segunda parte.

E, no entanto, os sacerdotes não expiavam pecados tão graves e tão pesados quanto aqueles dos seculares (homens e mulheres civis). 

Contudo suportavam penas maiores por um motivo racionalmente exigente: a dignidade sacerdotal, que é tão grande e tão importante, que supera a maldade dos grandes pecados.

Também, porque tiveram um conhecimento muito maior, mais oportunidade de santificação e estimulo ao discernimento espiritual, que as pessoas seculares tem apenas uma parte.

Aquela devota serva de Cristo disse ainda que a alma do sacerdote também suporta castigos maiores e tão grandes, conforme outras circunstâncias, referentes à qualidade e quantidade dos pecados cometidos, em razão da qualidade funcional e da dignidade do cargo que exerceu.

Depois Francisca foi conduzida pelo Arcanjo Rafael para visitar o Local do Purgatório Médio, no qual também tem três divisões cujos lugares são suficientemente grandes e onde, da mesma forma, a Justiça Divina realiza de modo perfeito o seu trabalho.

Na primeira área, o local estava cheio de gelo diferente e especial, extremamente frio; o segundo estava cheio de madeira liquefeita misturada com óleo ferventissimo e outras coisas para tornar o sofrimento da pena mais difícil; o outro local estava cheio de alguma coisa metálica liquefeita, provavelmente ouro ou prata, formando uma espécie de liga bem clara incandescente. 

Assim, depois que a alma sai do Lugar Inferior ela sobe para o Purgatório Médio

Por outro lado, a administração Divina, é constituída por trinta e oito Anjos que recebem as almas saídas (com os pecados já eliminados) do fogo do Purgatório Inferior, e recebem também as almas que no corpo estavam no mundo, que não cometeram graves pecados, de modo não merecer estar no fogo inferior. 

E estes gloriosos Anjos recebem estas almas e as submetem ao seu grau de purificação.

Eles as recebem de modo gracioso e humano, mudando-as de local em local, à medida que vão cumprindo a pena, e fazem isso com grande caridade. 

Precisamente estes Anjos não são aqueles que enviam as próprias almas para a infusão, para extrair o mal que existe em cada uma, mas são Anjos a serviço das ordens da Divina misericórdia.

Francisca disse ainda, que as almas que estão no Purgatório Médio, que vieram do grande Lugar Inferior onde recentemente foram queimadas completamente, todas e qualquer uma delas, se praticaram algum pecado mortal permanecerão neste mesmo local do Purgatório Médio, por quinze anos contínuos, ainda que já tivessem sofrido pelos seus grandes pecados e já tivessem permanecido no Lugar Inferior por setenta anos

Porém, estes quinze anos de pena neste Lugar Médio poderão ser abreviados pelo sufrágio de orações e esmolas da humanidade, dirigidas a todas as almas que estão no Purgatório.

Também disse esta alma devota de Deus que neste lugar Médio do Purgatório, as almas não têm aquela visão horrível dos demónios, os quais estão externamente ao Lugar Inferior do Purgatório, e também não ouvem os impropérios daqueles demónios, lançando censuras as almas, por causa de seus muitos pecados.

A alma que está no Lugar Inferior sempre grita e suplica por piedade clamando: “Misericórdia, misericórdia”, mas as almas que estão no Lugar Médio sempre louvam a misericórdia infinita do Senhor, e repetem muitas vezes os seus agradecimentos. 

Por outro lado, o favor e qualquer benefício que as pessoas no mundo por caridade fazem às almas que estão no Purgatório, vão ajudar mais efetivamente aquelas que estão sendo purificadas no Lugar Médio.

Elas não só lucrarão a diminuição do castigo temporal, mas também a diminuição da pena total, tanto as almas que foram condenadas diretamente ao Purgatório Médio como aquelas que vieram do fogo inferior.

Disse ainda aquela humilde serva de Cristo, que todas as boas obras, orações e sacrifícios feitos por amigos e parentes em beneficio das almas que estão em qualquer lugar do Purgatório, o próprio auxílio será mais útil se feito por plena caridade, por que assim, também beneficiará a todas as outras almas existentes em purificação. 

Disse também que as orações e esmolas feitas caridosamente por amigos e parentes em beneficio daquelas almas que agora já estão na gloria, e, portanto, não necessitam das mesmas, tais orações e bons benefícios alcançam a finalidade, ajudando as outras almas necessitadas pelas quais ninguém faz sufrágios, ninguém reza e nem dão esmolas. 

Isto é geral para todas as almas que estão no Purgatório. Ainda disse, sobre o sufrágio, que se as almas a quem os mesmos são dirigidos estão no inferno, elas não poderão receber qualquer benefício, mas unicamente eles, os sufrágios resultarão em utilidade para as pessoas que os praticarem.

Esta feliz alma viu também algumas letras escritas no mencionado Lugar Médio do Purgatório dizendo que a alma com o pecado mortal naquele lugar deverá permanecer por quinze anos se não receber nenhum sufrágio. 

Do Lugar Médio do Purgatório, cumprida as suas penas, as almas são conduzidas pelos Anjos ao Lugar Superior. 

Ela viu dois setores no Lugar Superior do Purgatório, que precisamente são os melhores locais quanto às penalidades. 

Ali é onde existe uma imensa fonte de água que lava a alma, tornando-a mais bonita, digna e honrada. A alma que permaneceu purgando os seus delitos no local mencionado ou em algum outro, e que agora completa o seu tempo de purificação neste lugar, a bondade Divina as eleva a esse lugar onde estão alguns Anjos e um deles que dá a ordem. Ele é quem recebe as almas agora purificadas de seus pecados. 

Ele ordena as almas a ficar sempre com a parte superior da cabeça naquela corrente de água, e de repente o próprio Anjo as  mergulha totalmente na correnteza, a fim de limpar o restante do mal existente. 

Algumas almas se retiram mais rapidamente daquele lugar tão grande, de acordo com a quantidade de seus pecados cometidos e purificados.

Neste local é onde precisamente a alma receberá grande quantidade de água para alivio, consolação e sua própria alegria, porque completando a sua purificação estará agora sem nenhuma pena ou culpa.

Aquela alma devotíssima de Deus viu também, que quando uma alma vem do mundo e não tem nenhuma pena a cumprir, é colocada por aquele Anjo glorioso na mencionada água, e mais rapidamente a retira de lá, porque a alma está limpa. Ela viu a alma de um homem e também de uma mulher, que neste mundo trabalharam em santas obras e se conformavam com a Vontade Divina.

Viu também a alma de uma criança recentemente batizada que nunca cometeu um pecado e a alma de um jovem que recebeu o martírio por amor a Deus. 

Todos eles passaram rapidamente pela água rumo à eternidade feliz. 

Desse modo, por pequena que seja a alma neste mundo, sendo justa e fazendo penitencia poderá ingressar nesse lugar, mas é necessário que antes de alcançar a glória beatífica seja colocada naquela água, que seguramente é de purificação e completa a limpeza espiritual. 

Contudo, excepção para as almas que são privilegiadas por Nosso Senhor Jesus Cristo e por sua Mãe Santíssima, que sobem direto para a felicidade eterna.

Neste Lugar Superior do Purgatório havia na entrada umas poucas letras que diziam: “Lugar de Purificação”. 

No Lugar Inferior havia também o letreiro que dizia: “Aqui é o Lugar dos Corruptos”. 

Na entrada do Lugar do Purgatório Médio o letreiro dizia: “Aqui é o Lugar do Purgatório”. 

Também disse esta alma devota de Deus, que, passada na mencionada água, a alma recebe com grande alegria e júbilo aquele Anjo que lhe foi dado em custódia para fazer a infusão, e com ele segue até um lugar denominado seio de Abraão

Dali, ela viu como o Anjo Custódio fazia a infusão nas almas e avaliava o grau de purificação, e conforme o mérito, ela podia ficar nesse lugar, ou permanecer no Coro dos Anjos mais baixo. Isto porque, são nove os Coros dos Anjos, e sobre este assunto Francisca fez uma ampla exposição no Tratado das Visões. 

Os Anjos que custodiavam a infusão para a purificação, sempre conduzem  primeiro as almas para aquele local, no seio de Abrahão.

Na verdade, aqueles Anjos dados em custódia para as almas e, por conseguinte, que fazem as infusões, são os Anjos do Coro mais baixo e das mais baixas residências dos próprios Coros. 

Assim, depois que a alma está naquele lugar que é denominado seio de Abrahão, sem demora os Anjos, que são do Coro para onde elas devem subir, vêm satisfeitos e com a máxima alegria e as conduzem para o seu Coro e sua residência, e ali as almas vivem muito felizes e com bastante júbilo e euforia, na companhia dos Anjos.

E do mesmo modo, se por ventura as almas devem ser colocadas no terceiro Coro, os Anjos do Terceiro Coro virão para esse lugar, e assim também, com o mesmo procedimento para os Anjos dos outros Coros. 

Disse também essa venturosa alma dileta de Deus que quando uma feliz alma está isenta de pecado, de acordo com o seu mérito poderá alcançar o Coro Seráfico. 

Isto acontecendo, nenhum dos outros Coros Angélicos se aproximará para conduzir aquela alma a outro Coro.

Se aquela feliz alma está num lugar inferior, que foi dito seio de Abrahão, é envolvida por um som melodioso inconcebível de uma suavíssima música, que se eleva admiravelmente, atravessando todos os Coros Inferiores e a Divina Providência coloca aquela feliz alma na morada do Coro dos Serafins.

E quando aquelas felizes almas, purificadas de todos os seus pecados, se aproximam do seio de Abrahão e seus méritos são avaliados, conforme a Providência Divina, todos os Anjos gloriosos que estão naquele Coro e naquelas residências, fazem uma grande festa com muita alegria para todas elas. 

E quanto mais ela subir, pelos seus méritos e pela misericórdia de Deus, para os Coros e residências Superiores, maiores solenidades e muito mais júbilo acontecerão, e aquela alegria pouco a pouco vai aumentando, e assim por todos os Coros Angélicos e em toda pátria celeste acontece uma alegria indizível com todas as almas que sobem para a glória beatífica.

Uma vez, o seu pai espiritual a interrogando sobre o espírito humano e os Anjos, perguntou-lhe se eles eram perfeitos? Ela respondeu dizendo que os espíritos humanos na glória eterna são mais perfeitos e têm maiores aptidões do que vivendo no mundo, porém os espíritos angélicos são puros, serenos, virtuosos, belos e formosos, e são também simples e precisos na compreensão do abismo Divino.

Assim em seu cantar eles são suaves e com lindas melodias sempre louvam e bendizem o misericordiosíssimo Senhor por suas graças. Porém a serva de Cristo fez questão de realçar, as melodias para a gloriosa Rainha do Céu feitas por todos os espíritos angélicos e humanos transcendem, e excedem em beleza e ternura, são maravilhosas. 

De fato se o canto angélico tem uma melodia tão grandiosa que não é possível de se imaginar, com muito mais amplidão, perfeição e suavidade são as músicas dedicadas a Mãe de Deus que ressoam na pátria eterna. 

Aquela feliz Francisca, disse, além disso, que quando ela própria estava naquela visão beatífica, observando o posicionamento dos espíritos humanos na glória celeste, disse que eles se olham com humildade, e lá mantêm sua compreensão e capacidade individual como estavam na carne mortal. 

Ao mesmo tempo se consideram dentro do espectáculo Divino, não somente admirando por que não podem compreender as coisas Divinas profundamente, e até ficam aturdidos, impressionados, todas as vezes que observavam a precisão agudíssima, sutil e penetrante dos espíritos seráficos, e a tão imensa compreensão que eles têm daqueles indizíveis abismos Divinos. 

Por esta compreensível razão, aquela humilde serva de Cristo, estava excessivamente admirada e com uma impressão muito ampla e preciosa, sobre a grandeza indizível da profundidade Divina na criação e no governo dos próprios espíritos seráficos. 

Além disso, Francisca estava também impressionada com a compreensão e harmonia única que existe entre os espíritos seráficos, se entendendo mutuamente com imenso discernimento penetrante, ciência infusa, saber e prudência, em todos os Coros Angélicos, e se excedendo em ternura e pontualidade conforme a sua capacidade, atuando da mesma maneira como se fosse um único ser. 

E isto é uma advertência, por que os espíritos seráficos apresentam de facto muita inteligência e perspicácia, e da mesma forma em todos os outros Coros Angélicos. 

Por isso, quem quiser estar mais próximo da morada Divina, deve procurar seguir a Vontade do Senhor a fim de alcançar a maior propensão de compreender e conhecer as coisas de Deus.

Francisca ainda disse que em todas as moradas de qualquer Coro tem uma mesma quantidade de espíritos Angélicos, e todos os Anjos numa morada são semelhantes em nobreza e sobriedade, e mesmo em moradas diferentes. 

Disse também, que quanto mais o espírito é capaz ou inteligente, tanto mais se satisfaz com a visão beatífica. 

E embora todos os espíritos na eternidade sintam uma imensa e plena satisfação nas visões beatíficas, contudo, uns mais que outros têm maior compreensão conforme a sua própria capacidade e sobriedade em entender a Divina Vontade. 

De fato, por exemplo, os próprios Apóstolos quando estavam na carne, uns mais do que outros receberam graças vinda do Espírito Santo, isto por que ninguém tinha capacidade e perspicácia em discernimento e em viril disposição para realizar a missão que o Senhor lhes confiou. Só alcançaram estes dons com a graça de Deus, uns mais, outros menos. 

Francisca ao concluir afirmou: o Purgatório é um lugar de Esperança.

Apesar das muitas transgressões e dos pecados da humanidade, o Purgatório é um estímulo para as pessoas para se corrigirem dos seus vícios e hábitos perversos, buscando o caminho do direito e do amor fraterno, por que enseja uma oportunidade segura de alcançar a eternidade feliz.

A estrada da conversão do coração é estreita e árdua, requer perseverança, fidelidade e Amor, passando pelo exercício das  penitências, das permanentes orações, das Santas Missas, da correta recepção dos Sacramentos, das pequenas e grandes abstinências e de uma profunda consciência da renúncia. 

Só assim será possível alcançar êxito na reconquista da amizade do Senhor, de quem se afastou pelos seus muitos pecados cometidos.

 

O PURGATÓRIO segundo  SANTA FRANCISCA ROMANA

“Aqui é o Purgatório, lugar de Esperança; neste lugar as almas se elevam; é momento de trégua e purificação, diante do único desejo de Salvação.” 

“O Purgatório é onde as almas se purificam de todos os seus defeitos, e por isso é denominado lugar de súplica e de Esperança para outro lugar”.

TIPO

PLACA

PENITÊNCIA

ABREVIAÇAO

DA PENA

SUBDIVISÃO

Purgatório Superior

Os Anjos recebem as almas saídas (com os pecados já eliminados) do fogo do Purgatório Médio que vêm para aqui para finalizar a sua purificação.

“Lugar de Purificação”

 

Existe uma imensa fonte de água que lava a alma. Um Anjo é quem recebe as almas agora purificadas de seus pecados. 

Ele ordena as almas a ficar sempre com a parte superior da cabeça naquela corrente de água, e de repente o próprio Anjo as  mergulha totalmente na correnteza, a fim de limpar o restante do mal existente.

Daqui saem totalmente purificadas para o seio de Abraão.

Depois poderão ser transferidas para os Coros Angélicos consoante os seus méritos.

 

Purgatório Médio

Tem 38 Anjos que recebem as almas saídas (com os pecados já eliminados) do fogo do Purgatório Inferior

“Aqui é o Lugar do Purgatório”

Se praticaram algum pecado mortal permanecerão neste mesmo local do Purgatório Médio, por 15 anos contínuos, ainda que já tivessem sofrido pelos seus grandes pecados e já tivessem permanecido no Lugar Inferior por setenta anos, e já não têm aquela visão horrível dos demónios que existe no Inferior.

Estes 15 anos poderão ser abreviados pelo sufrágio de orações e esmolas da humanidade, lucrando não só a diminuição do castigo temporal, mas também a diminuição da pena total.

Primeira área, o local estava cheio de gelo diferente e especial, extremamente frio.

Segunda área  cheia de madeira liquefeita misturada com óleo a ferver e outras coisas para tornar o sofrimento da pena mais difícil.

Terceira área  cheia de matéria metálica liquefeita, provavelmente ouro ou prata, formando uma espécie de liga clara incandescente.

Purgatório Inferior

É o que está mais próximo do inferno, mas os espíritos malignos não podem entrar, e tem um fogo claro com a chama alta, de cor vermelha.

“Prostíbulo”

“Aqui é o Lugar dos Corruptos”

Se a alma tiver cometido pecado mortal, deverá permanecer neste local num mínimo de 70 anos, sob o intenso fogo para purificar todos os pecados.

Podem ouvir os impropérios dos demónios que os atormentam.

As penas não podem ser reduzidas, mas haverá redução na intensidade do fogo.

Primeira parte com fogo menos ardente.

Segunda parte  com fogo não tão ardente.

Lugar maior com  fogo muito mais ardente.

 

 

O Purgatório nas Revelações de Santa Catarina de Génova

Este é o Texto do Tratado sobre o Purgatório, escrito por Santa Catarina de Gênova, com base nas visões e revelações que teve.

A voz de Jesus se faz sentir no íntimo da minha alma com extrema clareza:

Quero que se ore por estas santas almas do Purgatório, porque o meu Coração Divino arde de Amor por elas. Desejo vivamente a liberação delas, para uni-las totalmente a Mim.

E as penas por quanto terríveis que possam ser, são sempre incomparavelmente leves em comparação à ofensa infinita que constitui o pecado.

O Purgatório é como uma prisão de luz e de fogo, constituído da Misericórdia Divina: a alma deve purgar-se da pena do seu pecado para poder entrar na Beatitude Eterna.

Visão do Grande Purgatório

Vi com os olhos da alma um fogo que causava horror sem limite nem forma, que queimava sem nunca variar, em um silêncio absoluto... Vi neste fogo milhões de pobres almas apertadas uma contra as outras, mas sem que pudessem se comunicar, senão com aquele mesmo fogo. 

Este grande Purgatório é como o inferno, tirando-se a eternidade das penas, o ódio perante Deus e das outras almas, e a desesperação.

Se não me engano, vi que elas neste estado eram mais purificadas que consoladas, mais queimadas que iluminadas: é um estado terrível.

Visão do Purgatório Médio

Vi, com os olhos da alma, um mar de fogo abrir-se na minha frente. Ele fazia rumor, imensas chamas claríssimas se reproduzem e se desfazem incessantemente.

 E aqui, milhões de almas estendem as mãos, submersas no fogo e nas chamas que se levantam com um força impetuosa.

É como um movimento da alma, um início de caminho através do Céu, mas sem o mínimo desejo pessoal; é como um lançar interior que a leva ou a empurra a Deus. Vêem-se certamente purificadas, através de muito sofrimento, mas também iluminadas, e isso as consola e permite a elas de glorificar Deus, não somente abandonando-se ao seu Puro Querer, mas assumindo uma quase iniciativa de agradecimento.

Frequentemente, depois do Juízo Particular, a alma vai para o Grande Purgatório; ela fica como tonta e sem forças, porque para ela é a descoberta do pecado, da sua gravidade, dos seus efeitos, das suas implicações.

Neste período a alma é como se fosse paralisada: imóvel, ela contempla, quer a Justiça de Deus que se exercita nela, quer a Misericórdia de Deus, que lhe valeu ser salva. 

Depois ela se coloca em movimento em direção a Deus, que a atrai, que a transporta através do Seu Amor infinito; é aqui que ela passa para o Purgatório Médio.

No Purgatório Médio, a alma se afronta com o Amor, mas contempla este Amor infinito que a atrai. No Purgatório Médio, a alma sai de si mesma e descobre tudo aquilo que significa a sua participação na Igreja.

Visão da Entrada do Céu

É como o Alto do Purgatório, um mundo de luz ardente e de paz. É o sofrimento do Amor levado ao seu paroxismo, um padecimento de Amor, o júbilo total, mais suave, unido ao sofrimento pior, o mais devastador.

É o reino do Puro Amor e do nu sofrimento; as almas seguem através da Jerusalém Celeste, se apresentam na frente do Rei.

Elas ficam mais ou menos um longo tempo, mas nunca como no Grande e no Médio Purgatório, porque a intensidade dos langores de Amor da Entrada constitui uma rápida e ulterior purificação.

Escutei as almas cantarem: “Me liberais da morte. Conservais os meus pés do tombo, para que eu caminhe à Tua presença na luz dos viventes, oh Deus.

 

O Purgatório nas Revelações de Santa Madalena de Pazzi 

O que segue, agora, é um registro de Santa Maria Madalena de Pazzi, uma carmelita de Florença, tal como vai relatado em sua biografia, escrita pelo Padre Cepare.

Algum tempo antes de sua morte, que aconteceu em 1607, a serva de Deus, M.ª Madalena de Pazzi, estando uma noite com várias outras religiosas no jardim do convento, foi arrebatada em êxtase e viu o Purgatório aberto diante de si. Ao mesmo tempo, como ela deu a conhecer depois, uma voz lhe fez o convite para visitar todas as prisões da Justiça Divina e contemplar como são verdadeiramente dignas de compaixão todas as almas detidas nesses lugares.

Neste momento, ouviu-se ela dizer: “Sim, eu irei”, consentindo em empreender esta dolorosa jornada. De facto, ela caminhou durante duas horas pelo jardim, o qual era muito grande, fazendo pausas de tempos em tempos.

A cada vez que interrompia o passo, ela contemplava atentamente os sofrimentos que lhe eram mostrados. Ela foi vista, então, apertando com força as mãos e pedindo compaixão, seu rosto tornou-se pálido e seu corpo curvou-se sob o peso do sofrimento, em presença do terrível espetáculo com o qual ela se confrontava. A santa começou a lamentar em alta voz:

“Misericórdia, meu Senhor, misericórdia! Descei, ó Sangue Precioso, e libertai estas almas de sua prisão. Pobres almas! Sofreis tão cruelmente e, no entanto, estais tão contentes e alegres. Os cárceres dos mártires, em comparação com estes, eram jardins de deleite. Não obstante, existem outros ainda mais profundos. Quão feliz sorte seria a minha, se não fosse obrigada a descer para estes lugares!”

A santa não explica a natureza dos sofrimentos que tinha diante dos olhos, mas o horror que ela manifestava ao contemplá-los fazia com que ela suspirasse a cada passo que dava.

Daí ela passou a lugares menos obscuros. Eram as prisões das almas simples e de crianças nas quais a ignorância e a falta de razão atenuaram muitas faltas. Seus tormentos pareciam à santa muito mais suportáveis que os das outras pessoas. Nada havia ali a não ser gelo e fogo. Ela notou que estas almas tinham consigo seus Anjos da Guarda, os quais as fortificavam enormemente com a sua presença; mas ela também via demónios cujas formas pavorosas faziam aumentar seus sofrimentos.

Avançando um pouco mais o passo, ela viu almas ainda mais desafortunadas, e ouviu-se ela gritar:

“Ó, quão horrível é este lugar! Ele é cheio de demónios horrendos e tormentos inacreditáveis! Quem, ó meu Senhor, são as vítimas dessas cruéis torturas? Ai! Elas estão sendo perfuradas com espadas afiadas, elas estão sendo cortadas em pedaços.”

Foi-lhe revelado, então, que aquelas eram as almas cuja conduta havia sido contaminada pela hipocrisia.

Avançando um pouco, ela viu uma grande multidão de almas que eram feridas, por assim dizer, e esmagadas sob uma prensa; e ela entendeu que aquelas eram as almas que se haviam apegado à impaciência e à desobediência durante suas vidas. Ao contemplá-las, os olhares, os suspiros e toda a atitude da santa exprimiam compaixão e terror.

Um momento depois sua agitação aumentou, e a santa soltou um grito terrível. Era o cárcere dos mentirosos que agora se abria diante dela. Depois de o considerar atentamente, ela gritou bem alto:

“Os mentirosos são confinados em um lugar na vizinhança do Inferno, e seus sofrimentos são excessivamente grandes. Chumbo fundido é derramado dentro de suas bocas; eu os vejo queimar e, ao mesmo tempo, tremer de frio.”

Ela foi então à prisão daquelas almas que haviam pecado por fraqueza, e ouviu-se ela exclamar:

“Ai! Eu havia pensado que os encontraria entre aqueles que haviam pecado por ignorância, mas eu me enganei; vós queimais com um fogo mais intenso.”

Mais adiante, ela observou almas que se haviam apegado demais aos bens deste mundo e haviam pecado por avareza. Ela disse:

“Que cegueira, ter buscado tão ardentemente uma fortuna perecível! Aqueles a quem as riquezas não puderam saciar o suficiente aqui são devorados com tormentos. Eles se fundem como metal na fornalha ardente.”

Daí ela passou ao lugar onde as almas aprisionadas haviam se manchado com a impureza. Ela as viu em um cárcere tão sujo e pestilento que a visão lhe deu náuseas, e ela imediatamente virou as costas àquele espectáculo repugnante. Vendo os ambiciosos e os orgulhosos, ela disse:

“Vede aqueles que quiseram brilhar diante dos homens! Agora estão condenados a viver nesta escuridão pavorosa.”

Foram-lhe mostradas, então, aquelas almas que haviam sido culpadas de ingratidão para com Deus. Elas eram vítimas de tormentos indescritíveis e afogadas, por assim dizer, em um lago de chumbo fundido, por haver feito secar, com sua ingratidão, a fonte da piedade.

Finalmente, em um último cárcere, foram-lhe mostradas as almas que não se tinham dado a nenhum vício em particular, mas que, por falta da devida vigilância sobre si mesmas, cometeram todo tipo de faltas triviais. A santa notou que estas almas tomavam parte nos castigos de todos os vícios, em um grau moderado, porque as faltas que elas cometeram apenas de tempos em tempos tornaram-nas menos culpadas do que aqueles que as tinham cometido habitualmente.

Após esta última estação, a santa deixou o jardim, implorando a Deus que nunca mais a fizesse testemunha de um espetáculo tão desolador: ela sentia que não tinha forças para suportá-lo.

Seu êxtase continuou, no entanto, e conversando com Jesus ela falou:

“Dizei-me, Senhor, qual era o vosso desígnio em descobrir-me aquelas terríveis prisões, das quais eu sabia tão pouco e agora compreendo ainda menos? Ah, agora eu vejo: quisestes dar-me o conhecimento de Vossa infinita Santidade e fazer-me detestar cada vez mais a mínima mancha de pecado, tão abominável aos Vossos olhos.”

 

O Purgatório nas Revelações da Irmã Faustina Kovalska no seu Diário

Diário da Santa M. Faustina Kovalska

 20 Pouco tempo depois disto, caí doente 20 - A minha querida Madre Superiora mandou-me, juntamente com duas outras Irmãs21, passar um período de férias em Skolimów, nos arredo­res de Varsóvia. Nessa altura, perguntei ao Senhor: «Por quem mais devo rezar?» Jesus respondeu-me que na noite seguinte mo daria a conhecer [,por quem mais devo rezar].

E foi então que vi chegar o Anjo da Guarda, que me man­dou acompanhá-lo. Imediatamente me encontrei num lugar ne­buloso, cheio de fogo, e reparei que dentro das chamas havia uma enorme multidão de almas sofredoras. Essas almas reza­vam com muito fervor, mas sem nada conseguirem obter para si próprias: apenas nós as podemos ajudar. As chamas que as queimavam não me tocavam. O meu Anjo da Guarda nem por um momento se afastou de mim. Perguntei a essas almas qual era o seu maior sofrimento. Responderam-me, unânimes, que o maior tormento que padeciam era o do ardente desejo de Deus.

Via Mãe de Deus, que visitava as almas no Purgatório. Almas estas que chamam a Maria a "Estrela do Mar". Ela leva-lhes refrigério. Bem desejava ter conversado mais com es­sas almas, mas o meu Anjo da Guarda fez-me sinal para sair­mos. E retirámo-nos pela porta dessa prisão de sofrimento. [Ouvi então uma voz interior] que me dizia: A Minha Mise­ricórdia não deseja isto, mas a Justiça exige-o. Foi a par­tir desse momento que comecei a ficar em mais estreita ligação com as almas sofredoras.

 

Nas passagens referentes à Novena da Divina Misericórdia, encontramos:

1226 Hoje traz-Me as almas que se encontram na prisão do Purgatório e mergulha-as no abismo da Minha Mise­ricórdia. Que as torrentes do Meu Sangue refresquem o seu ardor. Todas estas almas Me são muito queridas, pa­gam as dívidas à Minha Justiça. Está ao teu alcance le­var-lhes alívio. Tira do tesouro (64) da Minha Igreja to­das as indulgências e oferece-as por elas... Oh, se sou­besses o seu tormento, continuamente oferecerias por elas a esmola espiritual e pagarias as suas dívidas à Mi­nha Justiça.

1227 Misericordiosíssimo Jesus, que dissestes Vós próprio que queríeis misericórdia, eis que levo à morada do Vosso tão com­passivo Coração as almas do Purgatório. Estas almas são-Vos muito queridas mas têm que satisfazer as dívidas à Vossa Justiça. Que as torrentes do Sangue e da Água que brotaram do Vosso Coração extingam as chamas do fogo do Purgatório, para que também ali seja glorificado o poder da Vossa Miseri­córdia.

Do fogo do Purgatório, terrível ardor, *

Ergue-se à Vossa Misericórdia um gemido;

Consolo e refrigério, recebem em amor **

Na torrente da Água e do Sangue vertido.

Eterno Pai, atendei com olhar de misericórdia às almas que sofrem no Purgatório e que estão encerradas no Coração tão compassivo de Jesus. Pela dolorosa Paixão de Jesus, Vosso Filho, e por toda a amargura que encheu a Sua Santíssima Alma, mostrai a Vossa Misericórdia às almas que se encon­tram sob o Vosso olhar justo. Não olheis para elas senão atra­vés das Chagas de Jesus Vosso muito Amado Filho, pois acre­ditamos que a Vossa Bondade e Piedade são sem limites.

1738 Disse-me o Senhor: Entra com frequência no Purgatório, porque lá precisam de ti. …

 

 

O Purgatório nas Revelações a Fanny Moisseieva

Apresento seguidamente alguns extractos da Obra de Fanny Moisseieva - MEU SONHO LETÁRGICO DE NOVE DIAS.

Pode ler a obra completa em:

MEU SONHO LETÁRGICO DE NOVE DIAS  

MEU SONHO LETÁRGICO DE NOVE DIAS

QUINTA PARTE     ?  (O PURGATÓRIO)

Só havia grande número de pessoas reunidas: alguns estavam sentados, outros caminhavam com apatia profunda.

Nenhum chorava, nem falava com tristeza do mundo terrestre destinado a morrer lentamente e onde todos tinham enterrado algo; e sentia-se em todos os presentes um determinado estado de espírito, como uma melancolia distinta, e distintos eram os suspiros, anseio por algo, não perdido, mas não alcançado. Esta nostalgia de Deus está presente em todos os lugares aqui...

Em tudo ao redor há um silêncio mortal. O ar é muito quente, no entanto, é mais fácil respirar aqui que no inferno; do céu fosco, chegam aqui, de vez em quando, rajadas de frescura.

De repente, vi uma luz pálida uma mancha luminosa começou a descer, deixando para trás um rastro de luz que se aproximava e me convenceu de que a mancha e a estrela luminosa eram a mesma coisa. Pouco tempo depois eu consegui distinguir que se tratava de um raio, certamente mandado por Deus. Iluminava tudo a uma grande distância.

Oh, o que alegre, santo e infinitamente querido foi esse raio para os oprimidos, habitantes aflitos deste planeta! Seus rostos, atrofiadas pelo sofrimento, se iluminaram imediatamente, com os braços estendidos para cima e uma luz de esperança se acendeu em seus olhos.

Percebi, então, que este raio não era outra coisa do que a oração pelos defuntos, pois dele já havia me falado o meu companheiro quando sobrevoou a catedral. Percebi também que, naquele momento, em qualquer lugar da terra se celebrava uma alguma coisa, e tinha lugar o mistério da consagração. Todos os fiéis elevavam orações para seus entes queridos falecidos.

Aquele raio abençoado não brilhou por muito tempo; no entanto, deu uma felicidade infinita para aquelas almas sem paz e, mesmo que por um breve momento, ele acendeu neles a esperança. Então ele desapareceu tão repentinamente quanto tinha aparecido. Tudo caiu de novo na obscuridade e pecadores voltaram a reclinar a cabeça, enquanto tudo em torno deles voltou a se clarear com fogos estranhos saídos das gretas da terra.

«Oh! Que angústia que eu senti lá atrás » - continuei -. «Eu não gostaria de acreditar nessa realidade terrível, mas como não acreditar em meus próprios olhos?» E ele: «Sim, é uma terrível realidade que tu viste.»

E vi diante de mim o rosto do mesmo santo que tinha visto no dia do juízo, cingida a cabeça com uma brilhante mitra. Ele estava vestido de forma diferente, mas seu rosto expressava imensa bondade e misericórdia. Ele se inclinou para uma pecadora absorvida em tristes pensamentos e com voz acariciadora disse categoricamente: «Coragem, não te deixes abater. Eu vou te ajudar, porque me dirigiram orações em teu favor. Tu já ouviste, no raio que desceu até ti, a oração que me dirigiram em teu favor, e também sabes quem rezou. Portanto, alegra-te e segue-me. O Senhor permitiu-me que te acompanhe à morada esplendorosa do Paraíso.»

Os olhos da pecadora brilhavam com infinita gratidão. Uma última lágrima caiu e, em seguida, a alegria brotou da alma e substituiu a negra angústia. E ela se ajoelhou, fez o sinal da cruz e disse: «Como é grande a misericórdia do Senhor, se me perdoou, a mim, que fui tão pecadora.» E o Santo, abençoando sua protegida, que estava prostrada no chão, disse: «Não há limites para misericórdia do Senhor.» Depois levantou-se e, no mesmo instante o rosto da perdoada se iluminou e desapareceu também no espaço.

Nota de João Bianchi - Este capítulo da QUINTA PARTE não traz título na versão espanhola, mas penso que seja a descrição do Purgatório, num estilo um pouco enigmático. Quando a Fanny fala de planetas, pode ser uma forma de retórica, da mesma maneira que quando vamos a um sítio em que o ambiente é totalmente diferente do nosso habitual, dizemos que parece termos chegado a outro planeta…

 

O Purgatório nas Revelações da Maria Simma

Extractos do livro:” Maria Simma e as Almas do Purgatório”

A VISÃO DO PURGATÓRIO

"O Purgatório se encontra em vários lugares", respondeu um dia Maria Simma. "As almas nunca estão "fora" do Purgatório, mas "com" o Purgatório". Maria Simma viu o Purgatório de várias maneiras: Certa vez, viu-o de um modo, noutra vez de outro. No Purgatório há uma grande multidão de almas; é um contínuo vai-e-vem. Viu, um dia, um número de almas absolutamente desconhecidas para ela. As que pecaram contra a fé tinham sobre o coração uma chama escura; as que pecaram contra a pureza, uma chama vermelha. Depois viu as almas em grupo: padres, religiosos, religiosas, viu católicos, protestantes, pagãos. Os católicos sofriam mais que os protestantes. Os pagãos, ao contrário, têm um Purgatório mais suave, mas recebem menos socorros, e sua pena dura mais tempo. Os católicos recebem mais e são libertados mais rapidamente. Viu também muitos religiosos e religiosas que ali estavam por causa de sua tibieza na fé e pela falta de caridade.

Foi revelado a Maria Simma a maravilhosa harmonia que existe entre o amor e a justiça divina. Cada alma é punida segundo a natureza de suas culpas e o grau de apego ao pecado cometido.

A intensidade dos sofrimentos não é a mesma para todas as almas. Algumas devem sofrer como se sofre na terra quando se vive uma vida dura , e devem esperar para contemplar Deus. Um dia de Purgatório rigoroso é mais terrível que dez anos de Purgatório leve. A duração das penas é muito variada. O padre de Colónia ficou no Purgatório desde 555 até a festa da Ascensão de 1954; e se não fosse libertado pelos sofrimentos aceitos por Maria Simma, continuaria sofrendo intensamente e por longo tempo.

Há também almas que devem sofrer terrivelmente até o Juízo final. Outras têm apenas meia hora de sofrimento, ou até menos: apenas "atravessam o Purgatório", por assim dizer.

O demónio pode torturar as almas do Purgatório, sobretudo as que foram causa de perdição eterna de outras.

As almas do Purgatório sofrem com paciência admirável e louvam a misericórdia divina, graças à qual escaparam do inferno. Sabem que merecem sofrer e deplorar suas culpas. Suplicam a Maria, Mãe da misericórdia.

Maria Simma viu ainda muitas almas que esperavam o socorro da Mãe de Deus.

Quem pensa, em vida, que o Purgatório seja pouca coisa e aproveita para pecar sofrerá duramente.

COMO PODEMOS AJUDAR AS ALMAS DO PURGATÓRIO?

Sobretudo com o sacrifício da Missa, que nada pode suprir.

Com sofrimentos expiatórios: sofrimentos físicos ou morais oferecidos pelas almas.

O terço é, depois da santa Missa, o meio mais eficaz para ajudar as almas do Purgatório. Dá-lhes um grande alívio. Cada dia numerosas almas são libertadas por meio do terço, caso contrário teriam de sofrer longamente.

Também a Via-Sacra pode dar-lhes grande alívio.

As Indulgências são de um imenso valor, dizem as almas. Elas são uma apropriação das satisfações oferecidas por Cristo a Deus, seu Pai. Quem, durante a vida terrena, ganhar muitas indulgências em favor dos defuntos, receberá, também, mais do que os outros na última hora, a graça de ganhar completamente a indulgência plenária concedida a todo cristão no momento da morte ("in articulo mortis"). É uma crueldade não usufruir destes tesouros da Igreja em favor das almas dos falecidos.

Vejamos: Se nos encontrássemos diante de uma montanha de moedas de ouro e se tivéssemos a possibilidade de pegar à vontade para socorrer pobres incapacitados de fazerem o mesmo, não seria cruel recusar-lhes esta ajuda? Em muitos lugares o uso das orações indulgenciadas diminui cada vez mais. Precisaria exortar mais os fiéis para esta prática devocional.

As esmolas e as boas obras, principalmente as ofertas em favor das Missões, ajudam as almas do Purgatório.

Acender velas ajuda as almas: esta atenção de amor dá-lhes um auxílio moral e também porque as velas bentas iluminam as trevas em que se encontram as almas.

Um menino de onze anos da cidade de Kaiser pediu a Maria Simma que rezasse por ele. Estava no Purgatório por ter no dia dos mortos apagado as velas que ardiam sobre os túmulos no cemitério e por ter roubado a cera por divertimento. As velas bentas têm muito valor para as almas. No dia da Apresentação (2 de Fevereiro) Maria Simma teve de acender duas velas por uma alma enquanto suportava grandes sofrimentos expiatórios por ela.

Jogar Água Benta mitiga as penas dos defuntos. Um dia, Maria Simma jogou água benta pelas almas. Uma voz lhe disse: "Mais ainda!"

Todos os meios não ajudam as almas da mesma maneira. Se, na vida, alguém teve pouca estima pela Missa, não aproveitará muito dela quando estiver no Purgatório. Se alguém errou de coração durante a vida, recebe pouca ajuda. Os que pecaram difamando os outros devem expiar duramente seu pecado. Mas, quem teve bom coração em vida, recebe bastante ajuda.

Uma alma que negligenciara a assistência à santa Missa pôde pedir oito Missas para si, porque durante a sua vida mortal mandara celebrar oito Missas por uma alma do Purgatório.

A VIRGEM MARIA E AS ALMAS DO PURGATÓRIO

Para as almas do Purgatório, Maria é a Mãe da misericórdia. Quando seu nome ecoa no Purgatório, as almas sentem uma grande alegria. Uma alma disse que Maria pedira a Jesus para libertar todas as almas que se encontravam no Purgatório por ocasião da sua morte e assunção, e que Jesus atendera ao pedido de sua Mãe. Naquele dia as almas acompanharam Maria ao céu, porque ela fora coroada Mãe de misericórdia e Mãe da divina graça. No Purgatório Maria distribui as graças segundo a vontade divina: ela passa com frequência pelo Purgatório. Isso é o que Maria Simma viu.

AS ALMAS DO PURGATÓRIO E OS AGONIZANTES

Durante a noite da festa de Todos os Santos uma alma lhe disse: "Hoje, dia de todos os Santos, morrerão duas pessoas em Voralberg; elas estão em grandes perigo de condenação. Não se salvarão se não se rezar insistentemente por elas".

Maria Simma rezou e foi auxiliada por outras pessoas. Na noite seguinte uma alma veio dizer-lhe que as duas tinham escapado do inferno e estavam no Purgatório. Um dos dois doentes recebera os santos sacramentos, o outro os rejeitara.

Segundo o que dizem as almas do Purgatório, muitos vão para o inferno porque pouco se reza por eles. Inúmeras almas poderiam ser salvas se, pela manhã e à noite, fosse rezada esta oração indulgenciada e três ave-marias por aqueles que vão morrer naquele dia:

"Ó misericordioso Jesus, que ardeis de tão grande amor pelas almas, eu vos suplico, pela agonia do vosso Sacratíssimo Coração e pelas dores de vossa Mãe Imaculada, que purifiqueis no vosso preciosíssimo sangue todos os pecadores da terra que estão em agonia e que hoje mesmo hão de morrer. Coração agonizante de Jesus, tende piedade dos moribundos"

Maria Simma viu numerosas almas na balança entre o Purgatório e o inferno.

ALGUMAS INSTRUÇÕES

As almas do Purgatório preocupam-se muito connosco e com o Reino de Deus. Temos prova disso por meio das advertências que fizeram a Maria Simma. As que se seguem foram retiradas de suas anotações:

Não precisa lamentar-se dos tempos que atravessamos. É necessário dizer aos pais que eles são os principais responsáveis. Eles não podem prestar pior serviço aos seus filhos que atender a todos os seus desejos, dando-lhes tudo o que querem, simplesmente para que fiquem contentes e não gritem. Assim, o orgulho forma raiz no coração da criança.

Mais tarde, quando a criança começa a frequentar a escola, não saberá sequer rezar um Pai-nosso, nem fazer o sinal da cruz. De Deus, às vezes, não sabe coisa alguma. Os pais se desculpam dizendo que isso é o dever do catequista e dos professores de religião.

Onde o ensino religioso não é dado, a partir da infância, mais tarde a religião será fraca. Ensinem a renúncia às crianças! Por que há hoje esta indiferença religiosa e esta decadência moral? Porque as crianças não aprenderam a renunciar. Mais tarde tornam-se descontentes e pessoas sem discrição que fazem tudo e querem ter tudo em profusão. Isso provoca desvios sexuais, práticas anticoncepcionais e aborto. Todos estes actos pedem vingança ao Céu!

Quem não aprendeu de criança a renunciar, torna-se egoísta, sem amor, tirânico. Por este motivo há tanto ódio e falta de caridade. Queremos ver tempos melhores? Comece-se a partir da educação das crianças.

Peca-se de modo assustador contra o amor ao próximo, sobretudo com a maledicência, a enganação e a calúnia. Onde começa? No pensamento. É preciso aprender estas coisas desde a infância e procurar afastar imediatamente os pensamentos contrários à caridade. Tais pensamentos sejam combatidos e assim, não se julgará os outros sem caridade.

O apostolado é um dever para todo católico. Alguns o exercem com a profissão e outros com o bom exemplo. Lamenta-se que muitos são corrompidos pelas conversas contra a moral ou contra a religião. Por que os outros se calam? Os bons devem defender suas convicções e declarar-se cristãos. No curso da história da Igreja a salvação das almas e da civilidade cristã não foram, para os leigos, um dever mais urgente e mais imperioso que em nossos dias? Todo cristão deveria buscar o Reino de Deus e fazê-lo progredir; caso contrário, os homens não serão mais capazes de reconhecer o governo da Providência.

A preocupação da alma não deve ser sufocada pela preocupação exagerada com o corpo.

Dia 22 de Junho de 1955, durante a noite, ouvi distintamente: "Deus exige uma expiação". É com sacrifícios voluntários e com a oração que se pode expiar mais.

 

O Purgatório nas Revelações da Maria Valtorta

Cadernos de Maria Valtorta 17 de Outubro de 1943

Quero explicar-te o que é e em que consiste o Purgatório.

E vou te explicar de forma que há-de chocar a muitos que se crêem depositários do conhecimento do além, mas não o são …

As almas imersas naquelas chamas não sofrem senão por o Amor.

No desmerecedoras de possuir a Luz, más tão pouco dignas ainda de entrar imediatamente no Reino da Luz,  já que ao apresentarem-se diante de Deus, são revestidas pela dita Luz.

Morrem em estado de graça mas não têm purificada totalmente a sua alma.

Pois não pagaram as penas que se acumulam em virtude dos pecados cometidos na Terra.

Numa breve e antecipada bem-aventurança que certifica a sua salvação, faz-lhes ver o que será a sua eternidade e o que fizeram à sua alma privando-a de anos ou de séculos de feliz possessão de Deus.

O que é que quer o Deus Uno e Trino para as almas criadas por Ele? O Bem.

Ele que quer o Bem para uma criatura, que sentimentos abriga para com ela? Sentimentos de Amor.

¿Quais são os mandamentos primeiro e segundo, os dois mais importantes, aqueles de que Eu disse não haver outros maiores e estar neles a chave para franquear a vida eterna?

É o mandamento do Amor: Amar a Deus com todas tuas forças e ao próximo como a ti mesmo.

¿Que vos disse uma infinidade de vezes pela minha boca, pela boca dos profetas e dos santos?

Que a Caridade é a maior das absolvições.

Que a Caridade cancela as culpas e as debilidades do homem, já que quem Ama vive em Deus e, ao viver em Deus, peca pouco e se peca, rápido se arrepende, e o que se arrepende, recebe rapidamente o perdão do Altíssimo.

Em que faltaram as almas?

No Amor, de haver amado muito, cometeram poucos pecados e estes leves, devidos à vossa debilidade e imperfeição.

Por isso, amando na Terra é como trabalhais para o Céu.

Amando no Purgatório é como conquistais o Céu, que na vida não soubestes merecer.

E amando no paraíso é como gozais o Céu.

Este é o tormento: a alma recorda a visão de Deus havida no Juízo Particular.

Se leva consigo aquela recordação é porque, ainda quando não seja mais que o ter entrevisto a Deus, representa um gozo que supera qualquer outra coisa criada e a alma desfaz-se em desejos de voltar a gozar daquela dita.

Aquela recordação de Deus e aquela Luz que o penetrou ao comparecer diante de Deus, fazem efectivamente que a alma “veja” em sua exacta dimensão as faltas cometidas contra seu bem, e este “ver”, junto com o pensamento de que com aquelas faltas se privou voluntariamente de anos o de séculos da possessão do Céu e da união com Deus, constitui a sua pena purgativa.

O Amor e a convicção de ter ofendido o Amor é o tormento dos purgantes.

 

Cadernos de Maria Valtorta 24 de Outubro de 1944

Oração pelas almas do Purgatório ensinada por Jesus

Reza assim por eles:

Oh Jesus, que com a Vossa gloriosa Ressurreição nos mostrastes como serão eternamente os “filhos de Deus”, concedei a santa ressurreição aos nossos seres queridos, falecidos na Vossa Graça, e a nós, quando chegar a nossa hora.

Pelo sacrifício do Vosso Sangue, pelas lágrimas da Virgem  Maria, pelos méritos de todos os Santos, abri o Vosso Reino aos seus espíritos.

Oh Mãe, cuja aflição finalizou com a alvorada Pascal diante do Ressuscitado e cuja espera de reunir-Vos com o Vosso Filho cessou no gozo da Vossa gloriosa Assunção, consolai a nossa dor, livrando das penas a quem amamos, até para além da morte, e rogai por nós que esperamos a hora de voltar a encontrar num abraço a quem perdemos.

Mártires e Santos que estais jubilosos no Céu, dirigi um olhar suplicante a Deus, e outro fraterno aos defuntos que ainda expiam, para rogar ao Eterno por eles e para lhes dizerdes: “É aqui que a Paz se abre para vós”.

Amados, tão queridos, não perdidos mas tão só separados, que as vossas orações sejam para nós o beijo que ansiamos, e quando pelos nossos sufrágios estiverdes livres no sublime Paraíso, com os Santos, protegei-nos, amando-nos na Perfeição, unidos a nós pela invisível, activa e amorosa Comunhão dos Santos, antecipação da perfeita reunião dos “benditos”, que nos concederá, além de gozarmos a visão de Deus, vos encontrar como vos tivemos, mas sublimados pela Glória do Céu. Amen.

Com aprovação eclesiástica outorgada por Monsenhor Roman Danylak.

 

 

 Conclusão e Conselhos

Tendo consciência de que quase não há ninguém que morra e não passe pelo Purgatório antes de ir para o Céu, temos de fazer o que estiver ao nosso alcance para ajudar as almas do Purgatório a saírem daquele sofrimento imenso em que se encontram. Temos de nos preocupar em rezar pelas almas do Purgatório, porque para além de ser uma obra de caridade, tudo o que fizermos por elas, também reverte a nosso favor, pelo amor e pela Fé demonstrados. Temos de adquirir uma verdadeira consciência de que a Comunhão dos Santos, dogma da Igreja, é uma realidade espiritual, na qual todos somos responsáveis uns pelos outros.

Manuscrito do Purgatório da Irmã Maria da Cruz

Comparado com a quantidade de almas o local é limitado pois elas são milhões e milhões, mas que espaço é necessário para uma alma? Em cada dia chegam milhares e a maior parte fica trinta a quarenta anos. Algumas ficam ainda bastante mais tempo, outras menos. Digo-lhe isto segundo os cálculos da Terra, porque aqui é outra coisa. Ah! Se se soubesse como é o Purgatório! Quando se Pensa que é por culpa própria que para aí vamos! Estou no Purgatório há oito anos e parece-me que já são dez mil... Oh, meu Deus! Diga tudo isto ao seu Padre!... Que aprenda de mim o que é este lugar de sofrimento, para que, de futuro, o torne mais conhecido.

Dos principais pecados, a falta de Amor a Deus, é dos maiores, pois atenta contra o Primeiro Mandamento. Só por esse enormíssimo pecado, todas as almas terão de se purificar no Purgatório.

Manuscrito do Purgatório da Irmã Maria da Cruz

… no momento em que Deus a chame a prestar contas da sua vida. São vidas sem amor a Deus e sem pureza de intenção, vidas quase nulas que têm de recomeçar na expiação. A alma que deve viver de Deus, não viveu para Ele, portanto tem de recomeçar a sua vida no meio de sacrifícios espantosos!Não aproveitou a misericórdia divina enquanto habitou a Terra porque era escrava do corpo. No local de purificação tem de pagar até ao último centavo e readquirir o seu esplendor primitivo. É assim para almas indiferentes à sua salvação.

No Conselho de Trento foi dito:

Concílio de Trento, Sessão VI. Cf Denzinger 840

Se alguém disser que, depois de ter recebido a graça da justificação, a falta e a pena são remidas ao pecador arrependido a tal ponto que não lhe fica nenhuma pena temporal neste mundo ou no Purgatório, no outro mundo, antes que lhe seja concedida a entrada no Reino dos Céus, que seja anátema!

Por tudo isto, temos de rezar muito pelas almas dos fiéis defuntos que se encontram no Purgatório. Muitos dos nossos familiares queridos podem lá se encontrar ainda, e sem ninguém que reze por eles…

 

Os maiores sufrágios para a libertação das almas do Purgatório podem ser alcançados através:

Santa Missa

Trintário de Missas - São Trinta Missas diárias com a única intenção de Indulgenciar uma única alma. Está prometido que no fim das trinta Missas a alma sairá do Purgatório.

Via-Sacra

Rosário

Terço da Divina Misericórdia

Novena da Divina Misericórdia

Aspersão de Água Benta

Penitências

Os 7 Pai Nossos de Santa Brígida

Oh meu Jesus

Oração pelas Almas do Purgatório

Indulgências      o     Manual das Indulgências

www.amen-etm.org/Purgatorio.htm

 

http://www.amen-etm.org/ExercitoTerrestredeMaria_ficheiros/image007.jpg