JUÍZO
Nesta Página da Amen, pode
encontrar a abordagem do Tema Global do
● JUÍZO ●
● O que é o Juízo ►
● O Juízo Particular ►
● O Juízo Universal ►
● O Juízo das Nações ►
● O Juízo nas Sagradas Escrituras ►
● O Juízo no Catecismo da Igreja Católica ►
● O Juízo nas Revelações Privadas ►
● O Juízo nas Revelações de Santa Brígida ►
● O Juízo nas Revelações da Fanny Moisseieva ►
● O Juízo nas Revelações do Padre Ottavio Michellinni ►
● O Juízo nas Revelações do Padre Gobbi ►
● O que é o Juízo ▲
O Juízo é o
julgamento das Criaturas de Deus, feito por Jesus Cristo.
Quando falamos de Juízo,
temos de ter consciência de que existem
três tipos de Juízos:
Juízo Particular, Juízo
Universal e o Juízo das Nações
● O Juízo Particular ▲
● O Juízo Particular é feito perante Jesus Cristo logo após a
Morte da pessoa, e é a segunda etapa dos Novíssimos do Homem A Alma,
individualmente, é levada à presença de Jesus Cristo, diante do qual vê, com os
Olhos e a Luz Divina, toda a sua vida terrena.
Neste Juízo Particular, estão
presentes o seu Anjo da Guarda, a Virgem Maria e também satanás, que é o
acusador. Ele clama pelos direitos que adquiriu sobre a alma durante a sua vida
terrena. É neste Juízo que fica definitivamente ditado o destino da Pessoa.
Consoante o estado da sua Alma no momento da Morte e
as disposições que teve durante a sua vida terrena, opta por dois caminhos:
- O
Caminho da Vida Eterna no Paraíso - Tendo
amado a Deus e o próximo na vida terrena, e desejando ardentemente estar Sua companhia,
mas envergonhado pela impureza e negridume da sua Alma, joga-se voluntariamente
no Purgatório,
para uma purificação total e pagamento das penas temporais, que tem consciência
de dever cumprir, até que esteja reabilitada a sua pureza original e em
condições de ser presente novamente a Jesus, face a face. Quando a Alma ama a
Deus, submete-se à Sua Misericórdia e é julgado pela Misericórdia Divina.
- O
caminho pela morte eterna no Inferno -
Horrorizado pela Santidade, pela Beleza, Poder e Luz de Jesus Cristo,
envergonhado, revoltado e sem esperança de obter perdão, joga-se no Inferno
blasfemando contra Deus. Quando a Alma não ama a Deus, submete-se à Sua Justiça
e é julgado pela rigorosa e infalível Justiça Divina.
Catecismo da Igreja Católica
§1022 Cada homem recebe em sua
alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo
Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio
de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja
para condenar-se de imediato para sempre.
● O Juízo Universal ▲
● O Juízo Universal ou Juízo
Final, tem lugar com a Vinda Gloriosa de Jesus Cristo, para julgar os vivos
e os mortos, antes de serem instaurados Novos Céus e Nova Terra. Neste Juízo
Universal, estarão presentes todas as Criaturas Angélicas e Humanas que foram
criadas, e todos os pecados dos condenados ao inferno, serão expostos na
presença de toda a multidão das Criaturas de Deus.
Catecismo da Igreja Católica
§1040 O Juízo Final acontecerá
por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse
Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Ele
pronunciará então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos
então o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da
salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência
terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça
de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu
amor é mais forte que a morte.”
Na Cronologia de 2014, que fiz para os Tempos do Fim, o Juízo Universal ocupa a Etapa 25.
● ETAPAS DE UMA
CRONOLOGIA POSSÍVEL PARA O FIM DOS TEMPOS (Versão 2014) ►
● O Juízo das Nações ▲
O Juízo das
Nações vai incidir num nível superior ao das pessoas humanas e diz respeito
aos países que se constituíram na Terra, independentes e com leis próprias.
Da mesma forma que podemos pecar individualmente, também o podemos fazer colectivamente, enquanto Grup ou Nação. Como todo o pecado implica uma Culpa e uma Pena Temporal, elas aplicam-se quer aos pecados individuais quer
aos colectivos As penas temporais, para as pessoas,
que têm espírito e alma, serão pagas na vida eterna, isto é, no Purgatório, mas
para os Grupos e as Nações, que não têm acesso à Vida Eterna, essas penas têm
de ser expiadas nesta Terra, e por isso, umas Nações
terão de pagar e expiar mais duras Penas que outras, consoante se comportaram
ao longo da sua história. Nações iníquas
e que tiveram Leis injustas, terão
de pagar mais do que outras de brandos costumes. E todos os membros dessas
Nações, consoante a sua participação dessas injustiças, terão de sofrer maior
expiação de Penas e Castigos, ainda nesta Terra, do que outros, que as
contrariaram.
O Juízo das
Nações será feito por Jesus e antecederá a Sua Vinda Gloriosa, e o
cumprimento da Pena correspondente a cada Nação equivalerá à abertura do Sexto selo do Apocalipse, que está
prestes a ser aberto (Apocalipse 6,12)
12 E vi quando abriu
o sexto selo, e houve um grande terramoto; e o Sol tornou-se negro como saco de
cilício, e a Lua toda tornou-se como sangue.
Todos seremos mergulhados na escuridão e não haverá mais qualquer iluminação, pois o
fumo, saindo dos Abismos, escurecerá o Sol e a atmosfera (Apocalipse 9,2).
Apocalipse 9,2
2 E abriu
o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como fumaça de uma grande fornalha; e
com a fumaça do poço escureceram-se o Sol e o ar.
As Nações beberão da Taça da Justiça Divina, e serão
como as serpentes. Serão esmagadas sobre o próprio ventre e obrigadas a comer o
pó (Génesis 3,14) nesses dias de escuridão.
14 Então o Senhor
Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os
animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre
andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida
As
Nações verão então que não foram melhores que as cobras, e sufocarão esmagadas
pelos próprios pecados. Para as Nações só haverá Justiça Divina e a Sua Ira.
Quando ouvirmos o ruído do trovão e virmos o clarão do
relâmpago que atravessará os céus, saberemos que é chegada a Hora da Justiça de
Deus.
A Terra
será sacudida e, como estrela cadente, vacilará nos seus próprios fundamentos (Isaías 13,13) removendo
do seu lugar montanhas e ilhas.
13 Pelo que farei
estremecer o céu, e a Terra se moverá do seu lugar,
por causa do furor do Senhor dos exércitos, e por causa do dia da sua ardente
ira
Serão
aniquiladas nações inteiras. O céu
retirar-se-á como algo que se enrola (Apocalipse 6,14).
14 E o céu
recolheu-se como um livro que se enrola; e todos os
montes e ilhas foram removidos dos seus lugares.
Uma grande agonia atingirá todos os habitantes da
Terra e ai dos incrédulos!
Quando chegar a Hora das Trevas, as Nações tomarão consciência colectiva dos
seus próprios pecados e sentirão uma grande angústia e uma dor atroz
generalizada tomará conta delas.
Deste modo, Cristo Rei mostrará às Nações a Sua Justiça e todas as Nações sentirão o Seu veredicto, quando chegar essa Hora.
A vida humana tornar-se-á mais rara que nunca. Entretanto, quando a Ira Divina
for aplacada, Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, instalará o Seu Trono em cada
um de nós e, juntos, a uma só voz, num só coração e numa só
linguagem, louvaremos a Deus.
Esta fase da
história da humanidade que se aproxima, é o Juízo das Nações, que terão que
sofrer o julgamento e a condenação nesta vida terrena.
E porque o Juízo das Nações
se aproxima, e todos temos uma quota-parte de responsabilidade
na história das Nações, o que é importante, não é tanto implantar de facto
um Novo Regime Teocrático, mas sim vivê-lo nos nossos corações. Assim,
Portugal, e todos os outros países que adoptarem essa
postura Moral com relação à Política, passarão globalmente, enquanto Povo, no
Juízo das Nações, e as suas gentes, individualmente, passarão por Jesus, no
Juízo Final, a caminho dos Novos Céus e Nova Terra.
● O Juízo nas Sagradas Escrituras ▲
Ecli. 16, 14-15; Mt 12, 36-37; 25, 30. Rom14, 10. 1
Cor 3, 8. Heb. 9, 27. - Juízo
Particular.
Is 66, 18. Joel.
3, 12. Mt 13, 30; 16, 27.
Jo12, 48. Ap 20, 12-13. - Juízo
Universal.
Mt 24,
30-31. Jo 5, 22. Act 1, 11;
10, 42; 17, 31. 2 Tim 4, 1. - O Juiz
será Jesus Cristo.
Joel. 2, 30-31. Mt
24, 22-29. Lc 21, 9-33. 2 Ped 3, 3-7. - Sinais
que o precederão.
Mt 25,
31-46. 1 Cor 3, 13; 4, 4-5. 2
Cor 5, 10. - Descrição do
Juízo.
Sl 75,1; Is 5,16; Jo
5,22. - Julgamento.
Nm 5,11. - Juízo
de Deus (= ordilio).
Rm 2,6; 2Tm 4,1. - Juízo
final.
2 Cor 5, 9-10. - Pensando
no juízo.
Prov 12, 18. Sab. 17, 20. Rom 2, 15. 1 Tim 1, 19. Heb. 10, 22. 1 Ped 3, 16. - É juiz
imparcial: Aprova as boas obras praticadas e reprova as más.
Dt 4, 24; 6, 15. Job.
34, 11. Prov 24, 12. Jer.
31, 29-30. Ez 5, 11-17; 16,
42. Mt 25, 31-46. Rom 2, 6-11. Ap 20, 11-15. - É juiz
universal.
Dn 2,18. - É Juiz
do céu.
Ap 1,13. - Juiz
escatológico.
Lc 7, 37-49; 19,
1-10; 23, 40-43. Jo 8, 3-11;
10, 11-18. - Jesus Cristo, Nosso Juiz é misericordioso.
Mt 24,
30-31. Jo 5, 22. Act 10,
42. Rom 2, 16. - Jesus Cristo, Nosso Juiz é justo.
Jz 3,7. - Juiz
Dan 7,
13-14. - Será nosso Juiz.
● O Juízo no Catecismo da Igreja Católica ▲
● O Juízo Particular
§677 A Igreja só entrará
na glória do Reino por meio desta derradeira Páscoa, em que seguirá seu Senhor
em sua Morte e Ressurreição. Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo
histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de
Deus sobre o desencadeamento último do mal, que fará sua Esposa descer do Céu.
O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma do Juízo Final depois
do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa.
§678 Na linha dos profetas
e de João Batista, Jesus anunciou em sua pregação o Juízo do último Dia. Então
será revelada a conduta de cada um e o segredo dos corações. Será também
condenada a incredulidade culpada que fez pouco caso da graça oferecida por
Deus. A atitude em relação ao próximo revelará o acolhimento ou a recusa da
graça e do amor divino Jesus dirá no último Dia: "Cada vez que o fizestes
a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,40).
§681 No dia do juízo,
por ocasião do fim do mundo, Cristo virá na glória para realizar o triunfo
definitivo do bem sobre o mal os quais, como o trigo e o joio, terão crescido
juntos ao longo da história.
§1021 A morte põe fim à
vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada
em Cristo. O Novo Testamento fala do juízo principalmente na perspectiva do
encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma
também a retribuição, imediatamente depois da morte, de cada um em função de
suas obras e de sua fé. A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo na
cruz ao bom ladrão assim como outros textos do Novo Testamento, falam de um
destino último da alma pode ser diferente para uns e outros.
§1022 Cada homem recebe
em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num
Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio
de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja
para condenar-se de imediato para sempre.
§1023 Os que morrem na graça e
na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com
Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o vêem
"tal como ele é" (1Jo 3,2), face a face
(1Cor 13,12):
Com nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição
geral de Deus, as almas de todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo
(...) e de todos os outros fiéis mortos depois de receberem o santo Baptismo de
Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morreram, (...) ou ainda,
se houve ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado
de fazê-lo, (...) antes mesmo da ressurreição em seus corpos e do juízo geral,
e isto desde a ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram,
estão e estarão no Céu, no Reino dos Céus e no paraíso celeste
com Cristo, admitidos na sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a
morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e até face a
face, sem a mediação de nenhuma criatura.
● O Juízo Universal
§681 No dia do Juízo, quando do fim do mundo,
Cristo virá na sua glória para completar o triunfo definitivo do bem sobre o
mal…
§1038 A ressurreição de
todos os mortos, "dos justos e dos injustos" (At
24,15), antecederá o Juízo Final. Este será "a hora em que todos os que
repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem,
para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma
ressurreição de julgamento" (Jo 5,28-29). Então
Cristo "virá em sua glória, e todos os anjos com Ele. (...) E serão
reunidas em sua presença todas as nações, e Ele há de separar os homens uns dos
outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e por as ovelhas à sua
direita e os cabritos à sua esquerda. (...) E irão estes para o castigo eterno,
e os justos irão para a Vida Eterna" (Mt 25,31-33.46).
§1039 É diante de Cristo
- que é a Verdade - que será definitivamente desvendada a verdade sobre a
relação de cada homem com Deus. O Juízo Final há de revelar até as últimas
consequências o que um tiver feito de bem ou deixado de fazer durante sua vida
terrestre:
Todo
o mal que os maus praticam é registado sem que o
saibam. No dia em que "Deus não se calará" (Sl
50,3), voltar-se-á para os maus: "Eu havia", dir-lhes-á, "colocado
na terra meus pobrezinhos para vós. Eu, seu Chefe, reinava no céu à direita do
meu Pai, mas na terra os meus membros passavam fome. Se tivésseis dado aos meus
membros, vosso dom teria chegado até a Cabeça. Quando coloquei meus pobrezinhos
na terra, os constituí meus tesoureiros para recolher vossas boas obras em meu
tesouro; vós, porém, nada depositastes em suas mãos,
razão por que nada possuís junto a mim"
§1040 O Juízo Final
acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o
dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus
Cristo, Ele pronunciará então sua palavra definitiva sobre toda a história.
Conheceremos então o sentido último de toda a obra da criação e de toda a
economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua
providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que
a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e
que seu amor é mais forte que a morte.
§1041 A mensagem do Juízo
Final é apelo à conversão enquanto Deus ainda dá aos homens "o tempo
favorável, o tempo da salvação" (2Cor 6,2). O Juízo Final inspira o santo
temor de Deus. Compromete com a justiça do Reino de Deus. Anuncia a
"bem-aventurada esperança" (Tt 2,13) da
volta do Senhor, que "virá para ser glorificado na pessoa de seus santos e
para ser admirado na pessoa de todos aqueles que creram (2Ts
1,10).§677-678
VI. A
esperança dos Novos Céus e Nova Terra
§1042 No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do
Juízo final, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e
alma, e o próprio Universo será renovado. …
§1043
A esta misteriosa renovação, que há-de transformar
a humanidade e o mundo, a Sagrada Escritura chama «os Novos Céus e Nova Terra»
(2Pe 3,13). Será a realização definitiva do desígnio
divino de «reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas que há nos Céus e na
Terra» (Ef 1,10).
● O Juízo nas Revelações Privadas ▲
● O Juízo nas Revelações de Santa Brígida ▲
As Profecias e Revelações de Santa Brígida
● Sobre o Purgatório ►
● Continuação da revelação sobre o Purgatório ►
● Conclusão do assunto sobre o Purgatório ►
● Há um lugar no Purgatório, onde não se
padece outra pena senão o desejo de ver e estar junto de Deus ►
● O
Julgamento Particular de uma alma ►
REVELAÇÕES
DO PURGATÓRIO
LIVRO 4 - Revelação 6 ▼
O Purgatório e seus
diferentes Graus
O Juízo
Particular de uma alma
Santa Brígida estava rezando, quando numa visão espiritual, viu um palácio
muito grande e cheio de gente, todos com roupas brancas resplandecentes e cada
um em seu assento. Mas havia um trono judicial superior aos outros, que estava
ocupado por um Ser como o Sol. Dele saía uma prodigiosa Luz e o resplendor era
de dimensões notáveis na longitude, latitude e profundidade. Próximo ao trono
estava uma Virgem com uma preciosa coroa na cabeça, e todos do palácio serviam
Aquele que estava no trono brilhando como um Sol, dando-Lhe mil louvores com
hinos e cânticos.
Atrás Dele, vi um negro,
como se fosse um etíope, feio e de aspecto abominável, cheio de imundice e
inflamado de cólera, que começou a gritar dizendo:
“Ó Juiz justo, julga esta alma e ouve as
suas obras, porque pouco lhe resta de estar no corpo, e me dá licença para que
atormente a alma e o corpo no que for justo.”
Depois, a Santa viu
um soldado armado junto ao trono, com aspecto modesto, sábio nas
palavras e educado em seus gestos, dizendo:
“Ó Juiz, vês aqui as boas obras que esta
alma fez até hoje.”
E logo se ouviu uma
voz do trono dizendo:
“São, pois, os vícios que existem nesta
alma, mais que as virtudes. Não é justiça que tenha a soma dos vícios como
parte da virtude, nem elas podem se juntar.”
Em seguida disse o negro:
“Para mim é de justiça que esta alma me seja
entregue; que ela tenha vícios não importa, porque estou cheio de maldades, e
assim, ela estará bem comigo.”
Disse o soldado:
“A misericórdia de Deus acompanha todas as
pessoas até à morte, e até que a alma tenha saído do corpo não se pode dar uma sentença;
e esta alma, sobre a qual pleiteamos, ainda está no corpo e tem sua liberdade
para escolher o seu caminho.”
Replicou o negro:
“A Escritura que não pode mentir diz:
Amarás a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo. E tudo que
esta alma tem feito é por temor, não por amor a Deus, e todos os pecados que
ela confessou, foi com pouca contrição e arrependimento. Assim sendo, ela não
merece o Céu, justo é que ela seja enviada ao inferno, pois seus pecados estão
aqui absolutamente claros diante da Justiça Divina, e deles,
ela nunca teve uma verdadeira contrição e arrependimento.”
Disse o soldado:
“Esta infeliz, esperou e acreditou que
assistida pela graça teria essa verdadeira contrição.”
Respondeu o negro:
“Tens trazido aqui tudo o bem feito por
esta alma, todas as sua palavras e pensamentos que
possam lhe servir para a salvação; mas tudo isto não é suficiente nem com muita
boa vontade, comparando ao que vale um verdadeiro acto de contrição e
arrependimento, nascido da caridade Divina com fé e esperança; e por
conseguinte, não pode servir para apagar todos os seus pecados. Isto porque, a
Justiça é de Deus, definida em sua eternidade, que ninguém se salvará sem
arrependimento; e como é possível que Deus vá contra este seu decreto eterno?
Resulta que, com toda a razão peço que esta alma seja atormentada com a pena
eterna no inferno.”
O soldado
não replicou, e logo apareceram inúmeros demónios, semelhantes às centelhas que
saem de um fogo ardente, e uma voz clamava dizendo ao que estava no trono:
“Bem sabemos que és um Deus em três Pessoas
Divinas, que não tem princípio e nem fim, nem existe outro Deus senão Tu, que é
o verdadeiro Amor (Caridade), em Quem se junta a Misericórdia e a Justiça. Tu
estás em Ti Mesmo desde o princípio, não há em Ti nenhuma modificação ou
inconstância, Tu és o Mesmo, tudo está em Ti perfeitamente acabado e completo
como convém a um Deus; fora de Ti não existe nada, e sem Ti não existe
satisfação e nem alegria.”
“Teu Amor fez os Anjos com o poder de Tua
Divindade, e os fizestes segundo a Vossa infinita Misericórdia. Mas depois que
interiormente nos inflamámos com a soberba, inveja e
avareza, Tua Caridade, que ama a Justiça, jogou-nos do Céu com o fogo de nossa
malícia ao incompreensível e tenebroso abismo que se chama inferno. Assim fez
então Tua Caridade, que também não se afastará agora de Teu justo julgamento,
que se faz segundo a Tua Misericórdia, ou segundo a Tua Justiça. E ainda nos
atrevemos a dizer, que se o que amas com preferência a todas as coisas, que é a
Virgem Maria, Tua Mãe e que Te gerou, e que nunca pecou, se tivesse pecado
mortalmente e morrido sem contrição Divina, amas tanto a Justiça, que sua alma
nunca teria subido ao Céu. Logo, oh Juiz, porque não declaras ser nossa esta
alma, para que a atormentemos segundo as suas obras”?
Ouviu-se depois o
som de uma trombeta e todos ficaram em silêncio, e uma voz disse:
“Calai e ouvi todos vocês, Anjos, almas e
demónios, vai falar a Mãe de Deus.”
Em seguida a Virgem
Maria apareceu diante do trono do Juiz, trazendo muitas coisas escondidas
debaixo do manto, e disse aos demónios:
“Vocês, inimigos, perseguis a misericórdia,
e sem nenhuma caridade pregais a justiça. Ainda que seja verdade que esta alma
se acha em falta com as boas obras, e por falta delas não possa entrar no Céu,
olhem o que trago debaixo de meu manto.”
E levantando uma
abertura por ambos lados, via-se uma pequena igreja e
nela alguns religiosos; e pelo outro lado viam-se homens e mulheres, amigos de
Deus, e todos rezavam a uma só voz, dizendo:
“Senhor, tende misericórdia dessa alma.”
Reinou um grande
silêncio e Nossa Senhora prosseguiu:
“A Sagrada Escritura diz que aquele que tem
uma verdadeira fé pode mudar os montes de um lugar para outro. O que não podem
fazer então os clamores e súplicas de todos aqueles que têm fé e servem a Deus
com fervoroso amor? O que não podem alcançar os amigos de Deus, que rogaram e
pediram por esta alma, para que fosse afastada do inferno e conseguisse o Céu,
e bem mais ainda quando por suas boas obras não procuraram outra vantagem que
os bens celestes para aquele que necessitava? Porventura, não podem as lágrimas
e as orações de todos os bem-aventurados ajudar a
levantar esta alma, para que antes de sua morte tenha uma verdadeira contrição
com o Amor de Deus? Eu também unirei os meus rogos as orações de todos os
Santos que estão no Céu, a quem esta pessoa honrava com particular veneração.
“E a vós demónios, vos mando da parte do Juiz e de seu poder, que atendais em
sua justiça ao que estão vendo agora.”
E todos responderam
numa só voz:
“Vemos que no mundo as lágrimas e o
arrependimento aplacam a ira de Deus, assim os pedidos que são feitos O
inclinam à Misericórdia com Amor.”
Depois disto,
ouviu-se uma voz que saiu Daquele que estava sentado no Trono resplandecente:
“Pelos rogos de Meus amigos, esta pessoa
terá contrição antes da morte e não irá para o inferno, irá para o Purgatório
com os que ali padecem tormentos por causa de seus pecados; e assim que
terminar de pagar todos os seus pecados, receberá seu prémio
no Céu, com aqueles que tiveram fé e esperança, mas com pouca caridade.”
E assim que ouviram isto, os demónios fugiram.
Depois, Santa Brígida viu que foi aberto um abismo profundo tenebroso,
no qual havia um forno imenso incandescente, e no meio daquele fogo
sobrenatural estavam os demónios e as almas vivas, que se abrasavam ardendo num
calor insuportável e impiedoso. Sobre aquele forno estava a
alma cheia de aflição. Tinha os pés fixos numa haste do forno, com o corpo
levantado, e não estava no mais alto nem no mais baixo do forno. Sua figura
tinha um aspecto horrível. O fogo parecia sair debaixo dos pés da alma e vir
subindo, como a água sobe por um cano; e se comprimindo violentamente, passava
por cima da cabeça da alma, de modo que por todos os seus poros e veias corria
um fogo abrasador. As orelhas lançavam fogo como de uma forja, que com o
contínuo sopro lhe atormentava o cérebro.
Os olhos estavam torcidos e afundados, como se estivessem na nuca. A
boca estava aberta e a língua enfiada pelas aberturas das narinas, e pendurada
até aos lábios. Os dentes eram agudos como cravos de ferro, fixos no palato. Os
braços aumentaram tanto que chegavam até os pés. As mãos estavam cheias e
comprimiam sebo e peixe incandescentes. A pele que cobria o corpo da alma, era suja e asquerosíssima, tão
feia e fria, que só de ver causava tremor, e dela saía uma matéria como de uma
úlcera inflamada com sangue e pus, com um fedor tão horrível, que não se pode
comparar com nada asqueroso do mundo.
Depois de ver este
tormento, a Santa ouviu uma voz que saía do íntimo daquela alma, que repetiu
cinco vezes:
“Ai de mim! Ai de mim"! Clamando com
toda força e derramando abundantes lágrimas. "Ai de mim que tão pouco dei
atenção e amei a Deus pelas Suas Supremas Virtudes e pelas graças que me
concedeu, e que eu não soube aproveitá-las! Ai de mim, que não temi como devia
a Justiça de Deus! Ai de mim, que amei os prazeres de meu Corpo e de minha
carne pecadora! Ai de mim, porque conheci os terríveis Luiz e Juana!”
E logo o Anjo disse
a Santa Brígida:
“Eu vou te explicar esta visão. Aquele
palácio que tu viste é à semelhança do Céu. A multidão que estava nos assentos
e tronos com veste branca e resplandecentes são os Anjos e as Almas dos Santos.
O Sol que estava no trono mais alto, é Jesus Cristo na sua Divindade. A mulher
é a Virgem Mãe de Deus. O negro é o diabo que acusa a alma e quer se
apossar dela. O soldado é o Anjo da Guarda, que apresenta as boas obras
feitas por aquele homem. O forno incandescente é o inferno, que permanece ardendo
com suas terríveis chamas em toda pujança, e tão violentas elas são, que se o
mundo com tudo o que tem se incendiasse, ainda não podia se comparar com a
veemência e o horror daquele fogo. No inferno ouvem-se diversas vozes, todas
contra Deus, e todas principiam e acabam com um ai, um
grito de horror, de angústia e de sofrimento. E as almas parecem pessoas, cujos
membros se estendem e são atormentados pelos demónios, sem descanso algum. Por
outro lado, as almas que estão a se abrasar no fogo que arde na fornalha das
trevas eternas, não têm todas as mesmas penas. Tudo é determinado pela Justiça
Divina pela grandeza e imensidão dos pecados de cada uma.
Aquele tenebroso lugar que viste ao redor do imenso forno, é o limbo,
que participa das trevas do forno, mas não de suas penas, e ambos são lugares
do inferno, e os que ali entram, nunca alcançarão a visão de Deus. Acima dessas
trevas, ou seja, bem perto do inferno, está a maior pena que as almas podem
sofrer no Purgatório. E para além deste lugar, na outra extremidade, há outro
lugar, onde se sofre a pena menor do Purgatório, que somente consiste em faltas
menores, de pecados veniais e outras coisas semelhantes.
Existe também um outro lugar no Purgatório,
superior a esses dois, onde não se padece outra pena, senão a do desejo de ver
Deus e gozar da Sua adorável companhia. Nesta purificação espiritual a alma
sente uma indomável vontade de ver e de se aproximar de Deus, mas sente que não
consegue enquanto não concluir a sua sentença.
Em primeiro lugar, a alma é colocada sobre as trevas do inferno, onde
ela sofre a maior pena do Purgatório, conforme viste padecer aquela alma. Ali
há vermes peçonhentos e animais selvagens; há calor e frio; existe
confusão e trevas vindas das penas do inferno, e umas almas têm ali maiores
penas e tormentos que outras, conforme fizeram maior ou menor reparação dos
seus próprios pecados, até quando as suas almas deixaram os seus corpos.
Logo a Justiça de Deus tira a alma daquele local e envia a outros
lugares, onde permanecem detidas até alcançar algum refrigério e ajuda de seus
amigos particulares, ou dos sacrifícios e das contínuas boas obras da Santa
Igreja. A alma que tem maiores auxílios, mais rápido cumpre sua pena e se livra
daquele lugar.
Dali a alma vai para o terceiro estágio, onde não existe mais pena além
do imenso desejo de chegar na presença de Deus, e de
gozar de sua visão beatífica. Neste lugar existem muitas pessoas há bastante
tempo, porque quando viveram no mundo, não tiveram um perfeito desejo de chegar
à presença de Deus e desfrutar da alegria e satisfação de estar na presença dEle.
O Anjo também narrou que muitos morrem tão justos e tão inocentes, que
logo após a morte, chegam à presença de Deus, gozam da alegria e do prazer de
estar junto do Senhor; outros morrem, depois de reparar todos os seus pecados
no mundo, de modo que suas almas não recebem nenhuma pena ou castigo. Mas são
poucos os que não vão ao lugar aonde se padece o castigo do desejo de encontrar
Deus, de matar a saudade de Deus. As almas que estão nestes três lugares,
participam das orações e boas obras da Santa Igreja, que se faz no mundo;
principalmente daquelas que elas fizeram enquanto viveram, e das que seus
amigos fazem por elas depois da morte. Dessa forma, como os pecados são
diferentes e de muitas classes, assim também as penas são diferentes; significa
dizer que no Purgatório existe o local certo para cada alma pagar sua dívida
com a Justiça de Deus. Assim, todas as orações, sacrifícios e Santas Missas que
forem celebradas em sufrágio das almas, são providências preciosas, e elas
lucram e participam de tudo o que por elas se faz no mundo.
Prosseguiu o Anjo: seja bendito de Deus todo aquele que no mundo ajuda
as almas com suas orações e com os seus sacrifícios. A
Justiça de Deus diz, que as almas que vão se purificar depois da morte com a
pena do Purgatório, podem ser ajudadas com as boas obras de seus amigos e da
Igreja, para que saiam mais cedo.”
Depois disto,
ouviram-se muitas vozes do Purgatório que diziam:
"Meu Senhor Jesus Cristo, justo Juiz,
envie Seu Amor para aqueles que têm o poder espiritual no mundo, e então nós
poderemos participar mais do que agora de seu canto, das lições e dos
oferecimentos.”
Em cima, de onde
saíam estes clamores havia uma espécie de casa, na qual se ouviam muitas vozes
que diziam:
"Deus pague àqueles que nos ajudam e
aliviam as nossas faltas.”
Na mesma casa
parecia nascer a aurora, e em baixo desta apareceu uma
nuvem que não participava da clareza da aurora, da qual saiu uma grande voz que
disse:
"Oh Senhor Deus, dá de Teu
incompreensível poder cem por um, a todos os que no mundo nos ajudam e nos
elevam com suas boas obras, para que vejamos a luz de Tua Divindade, e gozemos
da Tua presença e da Tua Divina Face.”
Continuação da
revelação sobre o Purgatório.
Disse o Anjo a
Santa Brígida:
“Aquela alma de que
viste e ouviste a sentença, está na pena mais grave do Purgatório. Isto
foi ordenado por Deus, porque ela se vangloriava muito com as coisas do mundo e
de seu corpo; mas das espirituais e de sua alma não fazia caso, porque não se
lembrava do muito que devia a Deus e o desprezava. Por isso sua alma padece no
ardor do fogo e treme de frio; as trevas a deixam cega, à horrível e temerosa
vista de satanás e seus esbilros, e a vozearia e
clamor dos demónios a deixam surda, interiormente padece fome e sede, e
exteriormente se sente cheia de confusão e vergonha.
Deus concedeu a
esta alma uma graça especial, não permitindo que os demónios a tocassem e a
atormentassem, quando ocorreu o óbito. Isto aconteceu porque ela se encontrava
em início de conversão. Todo o bem que fez e tudo o que prometeu e deu dos seus
bens adquiridos licitamente, e principalmente as orações dos amigos de Deus, diminuíram
e aliviaram a sua pena, segundo foi determinado pela justiça Divina. Mas quanto aos bens que deu os quais não foram adquiridos
correctamente, ficou em proveito daqueles que justamente os possuíam antes, ou
lhes servem em seu corpo, se são dignos disso, segundo a disposição do Senhor.”
Conclusão do
assunto sobre o Purgatório.
Disse o Anjo a
Santa Brígida:
“Já ouviste como pelos
rogos dos amigos de Deus aquela alma antes de morrer teve arrependimento de
seus pecados. Nascida do amor de Deus, o seu
arrependimento a livrou do inferno. Assim, a Justiça de Deus sentenciou que ela
ardesse no Purgatório por seis períodos de tempo, ou seja, por seis vezes a
quantidade de anos em que ela viveu, desde que com pleno conhecimento cometeu o
primeiro pecado mortal até o dia em que por amor a Deus começou a se arrepender
da transgressão. Este tempo poderá ser reduzido, se receber auxílio do mundo e
dos amigos de Deus (na Igreja ou no lar).
O primeiro período
se compreende por aquele em que não amou a Deus por sua Divina paixão e morte,
e pelas muitas tribulações que o Senhor sofreu para a salvação das almas. O
segundo período é aquele em que não amou a sua própria alma como deveria fazer
um cristão responsável, nem dava graças a Deus por ter recebido o Baptismo, e
porque não era judeu e nem pagão. O terceiro período abraça aquele tempo em que
sabendo bem o que Deus tinha mandado, teve pouco interesse em fazer ou proceder
daquele modo. O quarto período é aquele em que sabia bem o que Deus tinha
proibido aos que quisessem ir para o Céu, e atrevidamente fez exactamente aquilo que não podia e nem devia fazer, se deixando levar
pelo desejo sexual e desobedecendo à voz de sua consciência. O quinto período
foi aquele em que não usou a graça Divina que se lhe oferecia, nem da
Confissão, como é absolutamente normal a todas as pessoas, embora tivesse muito
tempo para isso, para revelar o seu arrependimento pelos pecados cometidos. O sexto período compreende aquele no qual recebia com pouca
frequência o Corpo e Sangue de Jesus porque não deixava de pecar, nem teve a
devida caridade ao recebê-lO no final de sua vida.”
Há um lugar no
Purgatório, onde não se padece outra pena senão o desejo de ver e estar junto
de Deus.
Santa Brígida estava rezando por um sacerdote idoso ermitão, seu amigo,
que acabava de morrer, e tinha tido uma vida exemplar, cheia de grandes
virtudes, e já estava num caixão na Igreja pronto para ser sepultado.
Então lhe apareceu
a Santa Virgem Maria e lhe disse:
“Saiba Minha filha, que a alma deste
ermitão, seu amigo, teria entrado no Céu no momento em que deixou o seu corpo,
mas no instante de sua morte ele não teve o desejo de se apresentar à presença
de Deus e de ver o Senhor. E por esta razão encontra-se detido no “Purgatório
do desejo”, onde não há nenhuma pena, a não ser a impossibilidade de cumprir o desejo
de ir ao encontro de Deus. Contudo, antes que seja sepultado o seu corpo, a sua
alma pelos méritos adquiridos em vida entrará na glória eterna.”
A Virgem Maria
aproveitou para instruir Santa Brígida de quanto é importante deixar os
acontecimentos nas Mãos de Deus como manifestação de amor a Deus, não se
esfalfando preocupadamente em solucionar dificuldades que fogem totalmente ao
controle humano. A confiança em Deus é fundamental e necessária como
demonstração de amor a Deus, e ela se concretiza desde os menores actos de
colocar confiantemente nas Mãos do Senhor, a súplica de uma orientação, para a
solução de algum problema.
LIVRO 6 - Revelação 29
▲
Visão do
Julgamento de uma alma contra a qual o diabo faz
gravíssimas acusações;
a Virgem Maria defende-a, e tendo alcançado
o amor a Deus no
último instante, da vida, salva-a, mas com
uma gravíssima pena no
Purgatório.
Leia-se
atentamente, porque é de muita doutrina e grande ensinamento.
Nota
- Mantive nesta tradução a forma erudita e arcaica do
texto original espanhol, mas com uma melhor formatação
PORTUGUÊS |
ESPAÑOL |
Notas |
Viu
Santa Brígida que se apresentou no tribunal de Deus um demónio, o qual
agarrava a alma de um certo defunto, o qual estava tremendo
como um coração que palpita. E o demónio disse ao Juiz: Aqui está a presa. Teu Anjo e eu estávamos seguindo esta alma desde
o seu princípio até o fim; ele para defendê-la e eu para fazer-lhe mal, e ambos
a perseguimos como caçadores, mas finalmente ela caiu em minhas mãos, e para
alcançá-la estou tão ávido e impetuoso como a torrente que cai do alto, à
qual nada resiste senão um forte estribo, isto é, a tua justiça, a que todavia ainda não decidiu neste juízo e, portanto, ainda
não a possuo com segurança. Quanto ao resto, desejo-a com tanta avidez, como
um animal tão consumido pela abstinência, que de fome comeria os próprios
membros. E assim, como és um justo Juiz, dá, no que
lhe diz respeito, uma justa sentença. E o Juiz
respondeu: Por que caiu antes nas tuas mãos, e porque te aproximaste dela
mais que o meu Anjo? E
respondeu o demónio: Porque os
seus pecados foram mais do que as suas boas obras. E disse
o Juiz: Mostra
quais são. Respondeu
o demónio: Eu tenho um livro cheio com seus pecados. E disse
o Juiz: Que nome tem esse livro? Seu nome
é desobediência, respondeu o
demónio, e nesse livro há sete livros, e cada um deles tem três colunas, e cada coluna tem mais
de mil palavras, mas nenhuma menos de mil, e algumas muitas mais que mil. Respondeu
o Juiz: Diz-me os nomes desses livros, pois ainda que eu tudo saiba,
quero, não obstante, que fales, para que outros possam conhecer a tua malícia
e a minha bondade. |
Vió santa Brigida que se presentó en el tribunal
de Dios un demonio, el cual tenia asida el alma de cierto difunto, la cual
estaba temblando como un corazón que palpita. Y el demonio dijo al Juez: Aquí esta la
presa. Tu angel y yo estabamos siguiendo esta alma desde su principio hasta
el fin; él para defenderla, y yo para hacerle daño, y ambos la acechábamos
como cazadores, más al fin cayó en mis manos, y para alcanzarla soy tan ávido
e impetuoso como el torrente que cae desde arriba, al cual nada resiste sino
algún fuerte estribo, esto es, tu justicia, la que todavia no ha decidido en
este juicio, y, por tanto, aún no la poseo con seguridad. Por lo demás, la
deseo con tanto afán, como el animal que se halla tan consumido por la
abstinencia, que de hambre se comeria hasta sus propios miembros. Y así,
puesto que eres justo Juez, da tocante a ella justa sentencia. Y respondió el Juez: ¿Por qué cayó más bien
en tus manos, y por qué te acercaste a ella más que mi angel? Y contestó el demonio: Porque sus pecados
fueron más que sus buenas obras. Y dijo el Juez: Muestra cuáles son. Respondió el demonio: Un libro tengo lleno con sus pecados. Y dijo el Juez:
¿Qué nombre tiene ese libro? Su nombre es inobediencia, respondió el demonio, y en ese libro hay siete libros,
y cada uno de ellos tiene tres columnas,
y cada columna tiene más de mil palabras, pero ninguna menos de mil, y
algunas muchas más de mil. Respondió el Juez: Dime los nombres de esos libros, pues aunque yo todo lo
sé, quiero, no obstante que hables, para que conozcan otros tu malicia y mi
bondad. |
A alma de que Santa Brígida
viu o julgamento era de um seu conhecido defunto e a quem Santa Brígida
profetizou a morte da sua esposa fora da sua terra natal. Neste julgamento particular
estão presentes: Jesus Cristo, como Juiz, a Virgem Maria, o
Anjo da Guarda e o acusador satanás ou diabo. No fim aparecem Santos
intercessores pela alma. Toda a vida da alma está
resumida nos livros de acusação com os seus pecados, e de defesa, com as suas
boas obras. O livro de acusação que tem
o diabo tem outros 7 livros, e cada um destes tem 3
colunas em que estão contidos todos os tipos de pecados. Cada um destes 7 livros corresponde a um pecado capital, que aqui surgem
sem ser pela ordem do Catecismo. |
O nome
do primeiro livro, disse o
demónio, é soberba, e nele há três
colunas. A primeira, é
a soberba espiritual na sua consciência, porque estava orgulhoso com a boa
vida que cria ter melhor que a dos outros; e orgulhava-se também pela sua
inteligência e consciência que cria mais prudente que a dos demais. A segunda coluna era, porque estava
soberbo com os bens que se lhe haviam concedido, com os criados, com os
vestidos e demais coisas. A terceira coluna era, porque se
orgulhava com a beleza dos membros, com o seu ilustre nascimento e com as
suas obras. Nestas três colunas há infinitas palavras, como muito bem sabes. |
El nombre del primer libro, dijo el demonio, es soberbia, y en él hay tres
columnas. La primera,
es la soberbia espiritual en su conciencia, porque estaba ensoberbecido con
la buena vida que creía tener mejor que la de los otros; y ensoberbecíase
también por su inteligencia y conciencia que creia más prudente que la de los
demás. La segunda
columna era, porque estaba soberbio con los bienes que se le habían
concedido, con los criados, con los vestidos y demás cosas. La tercera
columna era, porque se ensoberbecía con la hermosura de los miembros, con su
ilustre nacimiento y con sus obras. En estas tres columnas hay infinitas
palabras, según muy bien sabes. |
O primeiro
pecado ou vício capital é a Soberba
ou Orgulho. |
O segundo livro é sua ganância: Este tem três colunas. A primeira é espiritual, porque pensou
que seus pecados não eram tão graves como se dizia, e indignamente desejou o
reino dos Céus, que não se dá senão ao que está perfeitamente limpo. A segunda é, porque desejou do mundo
mais do necessário, e seu desejo se encaminhou unicamente para exaltar o seu
nome e a sua descendência, a fim de criar e exaltar os seus herdeiros, não a
tua honra, mas sim segundo a honra do mundo. A terceira coluna é, porque estava
orgulhoso com a honra do mundo e com ser mais que os outros. E nestas
colunas, como bem sabes, há incontáveis palavras, com que buscava o favor e a
benevolência, e adquiria bens temporais. |
El segundo
libro es su codicia: Este
tiene tres columnas. La primera
es espiritual, porque pensó que sus pecados no eran tan graves como se decía,
e indignamente deseó el reino de los cielos, que no se da sino al que esta
perfectamente limpio. La segunda
es, porque deseó del mundo más de lo necesario, y su deseo se encaminó
unicamente a exaltar su nombre y su descendencia, a fin de criar y ensalzar
sus herederos, no a honra tuya, sino según la honra del mundo. La tercera
columna es, porque estaba soberbio con la honra del mundo y con ser más que
los otros. Y en estas columnas, según bien sabes, hay innumerables palabras,
con que buscaba el favor y la benevolencia, y adquiría bienes temporales. |
O
segundo pecado ou vício capital é a ganância
ou gula. |
O terceiro livro é a inveja, e tem três colunas. A primeira foi mental ou em sua alma,
porque ocultamente invejava a dos que tinham mais que ele, e prosperavam
mais. A segunda coluna é, porque por inveja
recebeu coisas dos que tinham menos que ele, e mais o necessitavam. A terceira, porque por inveja
prejudicou o seu próximo ocultamente com seus conselhos, e ainda
publicamente, tanto de palavra como por obras, tanto para si como para os
seus, e até incitou outros a que o fizessem. |
El tercer
libro es la envidia, y tiene tres columnas. La primera
fué mental o en su ánimo, porque ocultamente envidiaba a los que tenian más
que él, y prosperaban más. La segunda
columna es, porque por envidia recibió cosas de los que tenian menos que él,
y más lo necesitaban. La tercera,
porque por envidia perjudicó a su prójimo ocultamente con sus consejos, y aún
públicamente, tanto de palabra como de obra, tanto por si como por los suyos,
y hasta incitó a otros a que lo hicieren. |
O
terceiro pecado ou vício capital é a inveja. |
O quarto livro é a avareza, e nele há três colunas.
A primeira é a avareza mental, porque
não quis dizer a outros o que sabia, com o que teriam
os outros tido consolo e alento, e pensava consigo desta maneira: Que
vantagem tenho se dou esse conselho a este ou aqueloutro? Que
recompensa tenho, se fosse a outro útil esse
conselho ou palavra? E assim, qualquer se afastava dele muito aflito, não
edificado nem instruído, como podia ter sido, se tivesse ele querido. A segunda coluna é, porque quando podia
pacificar os dissidentes, não quis fazê-lo, e quando podia consolar os
aflitos, não se preocupou de o fazer. A terceira coluna é a avareza dos seus
bens, de modo, que se devia dar um elogio ao teu nome, se angustiava e
era-lhe penoso, mas por honra mundana dava cem de boa vontade. Nestas colunas
há infinitas palavras, como muito bem sabes. Tudo sabes
e nada se te pode ocultar; mas por teu poder me obrigas a falar, porque
queres que isto seja proveitoso para outros. |
El cuarto
libro es la avaricia, y en él
hay tres columnas. La primera
es la avaricia mental, porque no quiso decir a otros lo que sabia, con lo
cual hubieran los otros tenido consuelo y adelanto, y pensaba consigo de esta
manera: ¿Qué provecho me resulta, si doy ese consejo a este o al otro? ¿Qué recompensa tengo, si le fuere a otro
útil ese consejo o palabra? Y asi, cualquiera se apartaba de él muy afligido,
no edificado ni instruido, como hubiera podido ser, si hubiese él querido. La segunda
columna es, porque cuando podía pacificar los disidentes, no quiso hacerlo, y
cuando podia consolar los afligidos, no se cuidó de ello. La tercera
columna es la avaricia en sus bienes, en términos, que si debia dar un
maravidí en tu nombre, se angustiaba y se le hacía penoso, y por honra del
mundo daba ciento de buena gana. En estas columnas hay infinitas palabras,
como muy bien te consta. Todo lo sabes y nada se te puede ocultar; más por tu
poder me obligas a hablar, porque quieres que esto sirva de provecho a otros.
|
O quarto
pecado ou vício capital é a avareza. |
O quinto livro é a preguiça, e tem três colunas.
Primeira, porque foi preguiçoso em
fazer boas obras por honra tua, isto é, em cumprir os teus mandamentos; pois
pelo descanso do seu corpo perdeu seu tempo, e eram-lhe muito deliciosos o
proveito e prazer do seu corpo. A segunda coluna é porque foi
preguiçoso em pensar, pois sempre que o teu bom espírito infundia em seu
coração um arrependimento, ou alguma boa ideia espiritual, parecia-lhe aquilo
demasiado difuso, e afastava a sua mente do pensamento espiritual, e tinha por
grato e suave todo o gozo do mundo. A terceira coluna é porque foi
preguiçoso de boca, isto é, em orar e em falar o que era de proveito para os
outros e em honra tua; mas era muito aficionado a palavras de chacota.
Quantas palavras há nestas colunas, e quão incontáveis são,
só tu o sabes. |
El quinto
libro es la pereza, y tiene tres columnas. Primera, porque fué perezoso en hacer buenas obras por
honra tuya, esto es, en cumplir tus mandamientos; pues por el descanso de su
cuerpo perdió su tiempo, y le eran muy deleitables el provecho y placer de su
cuerpo. La segunda
columna es porque fué perezoso en pensar, pues siempre que tu buen espiritu
infundia en su corazon el arrepentimiento, o alguna buena idea espiritual,
pareciale aquello demasiado difuso, y apartaba su mente del pensamiento
espiritual, y tenía por grato y suave todo gozo del mundo. La tercera
columna es porque fué perezoso de boca, esto es, en orar y en hablar lo que
era de provecho a los otros y en honra tuya; pero era muy aficionado a palabras
chocarreras. Cuántas palabras hay en estas columnas, y cuán innunerables son,
tú sólo lo sabes. |
O quinto
pecado ou vício capital é a preguiça. |
O sexto livro é a ira, e tem três colunas.
A primeira, porque irritava-se
com o seu próximo por coisas que não lhe interessavam. A segunda coluna é, porque com a sua
ira prejudicou a obra do seu próximo, e às vezes por ira destruía as suas coisas.
A terceira é, porque por ira incomodava
o seu próximo. |
El sexto
libro es la ira, y tiene tres columnas. La primera,
porque irritabase con su prójimo por cosas que no le interesaban. La segunda
columna es, porque con su ira dañó de obra a su prójimo, y a veces por ira
destrozaba sus cosas. La tercera
es, porque por ira molestaba a su prójimo. |
O sexto
pecado ou vício capital é a ira. |
O sétimo livro era a sua sensualidade, e tem também três colunas. A primeira é, porque de uma maneira
indevida e desordenada deleitava-se carnalmente; pois ainda era casado, e não
se misturava com outras mulheres, contudo pecou impudicamente de um modo
ilícito com ademanes, com palavras e obras
inconvenientes. A segunda coluna é, porque era
demasiado atrevido em falar, e não só estimulava a sua mulher a falar com
liberdade, e até muitas vezes com as suas palavras atraiu também outros, para
que ouvissem e pensassem leviandades. A terceira coluna é, porque mantinha o
seu corpo com excessiva delicadeza, fazendo preparar para si em abundância as
mais exóticas carnes para maior prazer do seu corpo, e para que os homens o
louvassem e o apelidassem de esplêndido. |
El séptimo
libro era su sensualidad, y
tiene también tres columnas. La primera
es, porque de una manera indebida y desordenada deleitábase carnalmente; pues
aunqe era casado, y no se mezclaba con otras mujeres, con todo pecó
impúdicamente de un modo ilicito con ademanes, con palabras y obras
inconvenientes. La segunda
columna es, porque era demasiado atrevido en hablar, y no sólo estimulaba a
su mujer a hablar con libertad, sino que muchas veces con sus palabras atrajo
también a otros, para que oyesen y pensasen liviandades. La tercera
columna es, porque mantenia su cuerpo con excesiva delicadeza, haciendo
preparar para si en abundancia las más exquisitas viandas para mayor placer
de su cuerpo, y para que los hombres lo alabasen y lo apellidasen espléndido.
|
O sétima pecado ou vício capital é a sensualidade ou luxúria. |
Mas de
mil palavras há nestas colunas, porque se sentava à mesa para além do justo,
sem considerar a perda do tempo; falava muitas coisas inoportunas, e comia
mais do que pedia a natureza. Aqui tens, oh Juiz, todo o meu livro:
Concede-me, pois, essa alma. |
Mas de mil palabras hay en estas columnas,
porque se sentaba a la mesa más despacio de lo justo, sin considerar la
pérdida del tiempo; hablaba muchas cosas inoportunas, y comia más de lo que
pedia la naturaleza. Aquí tienes, oh Juez, todo mi libro: Adjudicame, pues,
esa alma. |
|
Guardou
silêncio então o Juiz, e aproximando-se
a Mãe, que estava mais longe, disse: Eu quero
disputar com esse demónio sobre a justiça. E
respondeu o Filho: Amadíssima Mãe,
quanto ao demónio não se lhe nega a justiça, como se te poderá negar a ti,
que és minha Mãe e a Senhora dos Anjos? Tu tudo podes e tudo sabes em Mim,
mas no entanto, fala, para que outros saibam o amor
que Te tenho. Em
seguida disse a Virgem ao demónio:
Te mando, diabo, que Me respondas a três coisas que
te pergunto, e ainda que o faças à força, estás obrigado por justiça, porque
sou tua Senhora. Diz-me, conheces tu, porventura,
todos os pensamentos do homem? E
respondeu o demónio: Não, a não ser somente aqueles que posso julgar pelas atitudes
exteriores do homem e pela sua disposição, e os que eu mesmo o sugiro no seu
coração, pois ainda que tenha perdido a minha dignidade, no entanto, pelo
subtil da minha natureza, me restou tanta penetração, que pela disposição do
homem posso entender o estado da sua mente; mas os seus bons pensamentos não
posso conhecê-los. Então
voltou a falar ao demónio a Bem-aventurada
Virgem, e lhe disse: Diz-me, diabo, ainda que seja à força: O que é
aquilo que pode apagar o que está escrito no teu livro? Nada
pode apagar, respondeu o demónio, senão uma coisa, que é o amor a Deus; e o
que tiver em seu coração, por pecador que seja, se
apaga o que acerca dele estava escrito em meu livro. Diz-me,
diabo, lhe perguntou pela terceira vez a Virgem: Há, porventura, algum
pecador tão imundo e tão afastado do Meu Filho, que não possa alcançar perdão
enquanto vive? E
respondeu o demónio: Ninguém há
tão pecador que, se quiser, não possa voltar à Graça enquanto vive. Sempre
que qualquer, por grande pecador que seja, mude a sua vontade má para boa,
tenha amor a Deus e queira permanecer nEle,
todos os demónios não são bastantes para arrancá-lo. Em
seguida a Mãe da Misericórdia
disse aos circunstantes: No final da sua vida, se voltou para Mim esta alma,
e Me disse: Vós sois a Mãe da Misericórdia e o auxilio dos infelizes. Eu sou
indigno de suplicar a Vosso Filho, porque os meus pecados são graves e
muitíssimos, e merecidamente Lhe provoquei a ira, porque amei mais o meu
prazer e o mundo que a Deus meu Criador. Vos rogo,
pois, tende misericórdia de mim, Vós, que não a negais a nenhum que vos pede,
e portanto, volto-me para Vós e Vos prometo, que se viver, quero emendar-me e
voltar a minha vontade para o Vosso Filho, e não amar nenhuma outra coisa
senão a Ele. Mas sobre tudo pesa-me e sinto não ter
feito nada para a honra do Vosso Filho, meu Criador; e assim Vos rogo que
tenhais misericórdia de mim, piadosíssima Senhora, porque a ninguém senão a
vós tenho a quem acudir. Com tais
palavras e com este propósito veio a Mim esta alma ao final da sua vida. E
não devia eu ouvi-la? Quem há, que se de todo o coração e com propósito de
emenda faz uma súplica a outro, não mereça ser ouvido? E quanto mais Eu, que
sou a Mãe da Misericórdia, não devo ouvir a todos os que Me clamam? E
respondeu o demónio: Nada sei
acerca desse assunto; mas se é como dizes, prova-o com razões manifestas. És
indigno de que eu te responda, disse a Virgem;
mas no entanto, porque isto se faz para proveito de
outros, te vou responder. Tu, miserável, já disseste, que nada do que está
escrito no teu livro possa apagar-se senão pelo amor a Deus. E
voltando-se então a Virgem para o
Juiz, disse: Filho Meu, faz que abra o diabo esse
livro e leia, e veja se tudo está ali escrito por completo, ou se algo se
apagou. Então
disse o Juiz ao demónio: Onde está
o teu livro? No meu
ventre, respondeu o demónio. E lhe
disse o Juiz: Qual é o teu ventre?
Minha memória, respondeu o diabo; porque como no ventre está
toda imundície
e fedor, assim na minha memória está toda a perversidade e malícia, que com
um péssimo fedor cheiram na tua presença. Pois quando por minha soberba me
afastei de Ti e da Tua Luz, então encontrei em mim toda a malícia, e
obscureceu-se a minha memória com respeito às coisas boas de Deus, e nesta
memória está escrita toda a maldade dos pecados. Disse
então o Juiz ao demónio: Te mando, que vejas com minúcia e busques em teu livro o
que está escrito e o que se apagou com respeito aos pecados desta alma, e
di-lo publicamente. E
respondeu o demónio: Olho o meu
livro, e vejo escritas coisas diferentes das que cria. Vejo que foram
apagados aqueles sete catálogos, e nada resta deles no meu livro, senão os
excessos e demasias. |
Guardó silencio entonces el Juez, y acercandose la Madre, que estaba más
lejos, dijo: Yo quiero disputar con ese demonio sobre la
justicia. Y respondió el Hijo: Amadisima Madre,
cuando al demonio no se le niega la justicia, ¿cómo se te podra negar a ti,
que eres mi Madre y la Señora de los ángeles? Tu todo lo puedes y todo lo
sabes en mí, pero sin embargo, habla, para que otros sepan el amor que te
tengo. En seguida dijo la Virgen al demonio: Te
mando, diablo, que me respondas a tres cosas que te pregunto, y aunque lo
hicieres a la fuerza, estas obligado por justicia, porque soy tu Señora.
¿Dime, conoces tú, por ventura, todos los pensamientos del hombre? Y respondió el demonio: No, sino solamente
aquellos que puedo juzgar por las operaciones exteriores del hombre y por su
disposición, y los que yo mismo le sugiero en su corazón, pues aunque perdi
mi dignidad, sin embargo, por lo sutil de mi naturaleza, me quedó tanta
penetración, que por la disposición del hombre puedo entender el estado de su
mente; pero sus buenos pensamientos no puedo conocerlos. Entonces le volvió a hablar al demonio la
bienaventurada Virgen, y le dijo: Dime, diablo, aunque sea a la fuerza: ¿Qué
es aquello que puede borrar lo escrito en tu libro? Nada puede borrarlo, respondio el demonio,
sino una cosa, que es el amor de Dios; y el que lo tuviere en su corazón, por
pecador que sea, al punto se borra lo que acerca de él estaba escrito en mi
libro. Dime, diablo, le preguntó por tercera vez
la Virgen: ¿Hay, por ventura, algún pecador tan inmundo y tan apartado de mi
Hijo que no pueda alcanzar perdón mientras vive? Y respondió el demonio: Nadie hay tan
pecador que, si quisiere, no pueda volver a la gracia mientras vive. Siempre
que cualquiera, por gran pecador que sea, mude su voluntad mala en buena,
tiene amor de Dios y quiere permanecer en él, todos los demonios no son
bastantes para arrancarlo. En seguida la Madre de la misericordia dijo
a los circunstantes: Al final de su vida se volvió a mi esta alma, y me dijo:
Vos sois la Madre de la misericordia y el auxilio de los infelices. Yo soy
indigno de suplicar a vuestro Hijo, porque mis pecados son graves y
muchísimos, y en gran manera lo he provocado a ira, porque he amado más mi
placer y el mundo que a Dios mi Creador. Os ruego, pues, tengáis misericordia
de mí, Vos, que no la negáis a ninguno que os la pide, y por tanto, me vuelvo
a Vos y os prometo, que si viviere, quiero enmendarme y volver mi voluntad a
vuestro Hijo, y no amar ninguna otra cosa sino a él. Pero sobre todo me pesa y siento no haber
hecho nada para honra de vuestro Hijo, mi Creador; y asi os ruego tengáis
misericordia de mi, piadosísima Señora, porque a nadie sino a vos tengo a
quien acudir. Con tales palabras y con este propósito
vino a mi esta alma al final de su vida. ¿Y no debia yo oirla? ¿Quién hay,
que si de todo corazón y con propósito de la enmienda hace una suplica a
otro, no merezca ser oido? ¿Y cuanto más yo, que soy la Madre de la
misericordia, no debo oir a todos los que me claman? Y respondió el demonio: Nada sé acerca de
ese propósito; pero si es según dices, pruébalo con razones manifiestas. Eres indigno de que yo te responda, dijo la
Virgen; sin embargo, porque esto se hace para provecho de otros, te voy a
contestar. Tú, miserable, tienes ya dicho, que nada de lo escrito en tu libro
puede borrarse sino por amor de Dios. Y volviéndose entonces la Virgen al Juez,
dijo: Hijo mío, haz que abra el diablo ese libro y lea, y vea si todo esta
allí escrito por completo, o si se ha borrado algo. Entonces dijo el Juez al demonio: ¿Dónde
esta tu libro? En mi vientre, respondió el demonio. Y le dijo el Juez: ¿Cual es tu vientre? Mi
memoria, respondió el diablo; porque como en el vientre esta toda inmundicia
y hedor, asi en mi memoria esta toda perversidad y malicia, que como pésimo
hedor huelen en tu presencia. Pues cuando por mi soberbia me aparté de ti y
de tu luz, entonces hallé en mi toda malicia, y obscurecióse mi memoria
respecto a las cosas buenas de Dios, y en esta memoria esta escrita toda la
maldad de los pecados. Dijole entonces el Juez al demonio: Te
mando, que veas con esmero y busques en tu libro qué es lo que hay escrito y
qué borrado respecto a los pecados de esta alma, y dilo públicamente. Y respondió el demonio: Miro mi libro, y
veo escritas cosas diferentes de las que crei. Veo que han sido borrados
aquellos siete catálogos, y nada queda de ellos en mi libro sino los excesos
y demasías. |
Começa
aqui a intervenção da Virgem Maria. O diabo
não pode conhecer os pensamentos dos homens. O Amor a
Deus apaga os pecados. A
vontade do homem é soberana e não pode ser mudada pelos diabos. Arrependimento
sincero de uma alma antes da morte salva-a. O
arrependimento sincero da alma e a súplica à Virgem Maria salvou esta alma. O
arrependimento sincero, o amor a Deus e a Intercessão da Virgem Maria,
apagaram os pecado do livro do diabo. |
Em
seguida disse o Juiz ao Anjo bom que se achava presente: Onde
estão as boas obras desta alma? E
respondeu o Anjo: Senhor, todas as
coisas estão na vossa presciência e conhecimento, as
presentes, as passadas e as futuras. Tudo sabemos
e o vemos em Vós, e Vós em nós, nem necessitamos falar-vos, porque tudo
sabeis. Mas porque quereis mostrar o Vosso Amor, manifestais a Vossa vontade
a quem Vos apraz. Desde que no princípio se uniu esta alma num corpo, estive
eu sempre com ela, e tenho também escrito um livro das suas boas obras. e se quiserdes ver esse livro, está em vosso poder. E disse
o Juiz: Não convém julgar senão
depois de ouvir e entender o bem e o mal, e examinado tudo bem, deve então
sentenciar-se conforme à justiça, quer seja para a
vida, quer seja para a morte. Meu livro, respondeu o Anjo, é a obediência, com que vos obedeci, e
nele há sete colunas. A primeira, é
o Baptismo; a segunda, é a sua
abstinência jejuando, e o conter-se das obras ilícitas, nos pecados, e até no
prazer e tentações da carne; a terceira coluna é a oração
e o bom propósito que teve para convosco; a quarta coluna são os seus
bons feitos em esmolas e outras obras de misericórdia; a quinta, é a Esperança que
em Vós tinha; a sexta, é a Fé que teve
como cristão; a sétima, é o Amor a Deus. Ouvindo
isto o Juiz, voltou a dizer ao Anjo bom: Onde está o teu livro? E ele
respondeu: Na Vossa visão e Amor, Senhor meu. |
En seguida dijo el Juez al angel bueno que
se hallaba presente: ¿Dónde estan las buenas obras de esta alma? Y respondió el ángel: Señor, todas las
cosas están en vuestra presciencia y conocimiento, las presentes, las pasadas
y las futuras. Todo lo sabemos y lo vemos en Vos, y Vos en nosotros, ni
necesitamos hablaros, porque todo lo sabéis. Pero porque queréis mostrar
vuestro amor, manifestais vuestra voluntad a quienes os place. Desde que en
un principio se unió esta alma en el cuerpo, estuve yo siempre con ella, y
tengo también escrito un libro de sus buenas obras. Y si quisierais ver ese
libro, esta en vuestro poder. Y dijo el Juez: No conviene juzgar sino
después de oir y entender lo bueno y lo malo, y examinado todo bien, debe
entonces sentenciarse con arreglo a justicia, ya sea para la vida, ya para la
muerte. Mi libro,
respondió el angel, es la obediencia, con que os obedecid, y en él hay siete columnas. La primera, es el bautismo; la segunda,
es su abstinencia ayunando, y el contenerse en las obras ilicitas, en los
pecados, y hasta en el placer y tentaciones de la carne; la tercera
columna es la oración y el buen propósito que respecto a Vos tuvo; la cuarta
columna son sus buenos hechos en limosnas y otras obras de misericordia; la quinta,
es la esperanza que en Vos tenía; la sexta,
es la fe que tuvo como cristiano; la séptima,
es el amor de Dios. Oyendo esto el Juez, volvió a decir al
angel bueno: ¿Donde esta tu libro? Y él respondio: En vuestra visión y amor,
Señor mio. |
O Anjo
da Guarda tem o no seu Livro as Boas Obras da alma e intercede por ela. A favor da
alma, tem: ●
Baptismo. ●
Abstinência. ●
Oração. ●
Boas obras e esmolas. ●
Esperança. ●
Fé em Deus. ●
Amor a Deus. |
Então em
tom de reconvenção, disse a Virgem
ao diabo: Como guardaste o teu livro, e como se apagou o que nele estava
escrito? E respondeu
o demónio: Ai! Ai! Porque tu me
enganaste. Em
seguida disse o Juiz à Sua
piadosíssima Mãe: Neste particular foi-Te com razão favorável a sentença, e com justiça ganhaste esta alma. Depois
vociferava o demónio, e dizia:
Perdi, e fui vencido; mas diz-me, Juiz: Até quando hei de ter esta alma por
seus excessos e demasias? Eu to
mostrarei, respondeu o Juiz;
abertos e lidos estão os livros. Mas diz-me, diabo, ainda que eu tudo saiba,
diz-me se com rigor à justiça deve esta alma entrar ou não no Céu. Te permito que agora vejas e saibas a verdade da Justiça. E
respondeu o demónio: é justiça em
ti, que se alguém morrer sem pecado mortal, não entrará nas penas do inferno,
e todo o que tem amor a Deus, por direito pode entrar no Céu. E como esta
alma não morreu em pecado mortal e teve amor a Deus, é digna de entrar no
Céu, depois que purgue o que deve. E disse
o Juiz: Já que te abri o
entendimento e te permiti ver a Luz da verdade e da Justiça, diz para que o
ouçam quem eu quero: Qual deve ser a sentença desta alma? Respondeu o demónio: Que se purifique de tal modo, que não fique nela uma só
mancha; porque ainda que por justiça Te foi
adjudicada, com tudo, está todavia imunda, e não pode chegar a Ti, senão
depois de se purificar. E como Tu, oh, Juiz, me perguntaste, agora também
pergunto: Como deve purificar-se e até quando há de estar em minhas mãos? Respondeu
o Juiz: Te mando,
diabo, que não entres nela, nem a absorvas em ti; mas deves purificá-la até
que esteja limpa e sem mancha, pois segundo sua culpa padecerá sua pena. De três
modos pecou com a vista, de três modos no ouvido
e de outros três modos no tacto.
Por conseguinte, deve ser castigada de três modos. Na vista: Primeiro, deve ver
pessoalmente seus pecados e abominações; segundo, deve ver-te na tua malícia;
terceiro, deve ver as misérias e terríveis penas das demais almas. Igualmente
se há de afligir de três modos no ouvido.
Primeiro, ouvirá um horrível ai! Porque quis ouvir seu próprio
louvor e se deleitava com o mundo; Segundo, deve ouvir os horrorosos clamores
e enganos dos demónios; Terceiro, ouvirá opróbrios e intoleráveis misérias,
porque ouviu mais e com mais gosto o amor e o favor do mundo, que o de Deus,
e serviu com mais empenho o mundo que a seu Deus. De três
modos também se há de afligir no tacto.
Primeiro, há de arder em abrasadíssimo fogo interior e exteriormente, de
maneira que nela não reste nenhuma nem a menor mancha, que não se purifique
no fogo; Segundo, há de padecer grandíssimo frio, porque ardia na sua inveja
e era frio em meu amor; Terceiro, estará nas mãos dos demónios, para que não
haja nem o menor pensamento nem a mais leve palavra que não se purgue, até
que se ponha como o ouro, que se purifica no crisol e na forja, à vontade do
seu dono. |
Entonces en tono de reconvencion, dijo la
Virgen al diablo: ¿Cómo custodiaste tu libro, y como se borró lo que en él
estaba escrito? Y respondió el demonio: Ay! ay! porque tú
me engañaste. En seguida dijo el Juez a su piadosísima
Madre: En este particular te ha sido en razón favorable la sentencia, y con
justicia has ganado esa alma. Después daba voces el demonio, y decía:
Perdi, y he sido vencido; pero dime, Juez: ¿Hasta cuándo he de tener esta
alma por sus excesos y demasias? Yo te lo manifestaré, respondio el Juez;
abiertos y leidos estan los libros. Pero dime, diablo, aunque yo todo lo sé,
dime si con arreglo a justicia debe esta alma entrar o no en el cielo. Te
permito que ahora veas y sepas la verdad de la justicia. Y respondió el demonio: Es justicia en ti,
que si alguien muriere sin pecado mortal, no entrara en las penas del
infierno, y todo el que tiene amor de Dios, de derecho puede entrar en el
cielo. Y como esta alma no murió en pecado mortal y tuvo amor de Dios, es
digna de entrar en el cielo, después que purgue lo que deba. Y dijo el Juez: Ya que te he abierto el
entendimiento y te he permitido ver la luz de la verdad y de la justicia, di
para que lo oigan quienes yo quiero: ¿Quál debe ser la sentencia de esta
alma? Respondió el demonio: Que se purifique de
tal modo, que no quede en ella una sola mancha; porque aun cuando por
justicia se te ha adjudicado, con todo, esta todavia inmunda, y no puede
llegar a ti, sino después de purificarse. Y como tú, oh, Juez! Me
preguntaste, ahora también pregunto: ¿Cómo debe purificarse y hasta cuándo ha
de estar en mis manos? Respondió el Juez: Te mando, diablo, que no
entres en ella, ni la absorbas en ti; pero debes purificarla hasta que esté
limpia y sin mancha, pues según su culpa padecera su pena. De tres modos pecó en la vista, de tres modos en el oído y de otros tres modos en el tacto. Por consiguiente, debe ser
castigada de tres modos. En la vista:
Primero, debe ver personalmente sus pecados y abominaciones; segundo, debe
verte en tu malicia; tercero, debe ver las miserias y terribles penas de las
demás almas. Igualmente se ha de afligir de tres modos
en el oído. Primero, oirá un
horrible ay! porque quiso oir su
propia alabanza y lo deleitable del mundo; Segundo, debe oir los horrorosos
clamores y burlas de los demonios; Tercero, oirá oprobios e intolerables
miserias, porque oyó más y con más gusto el amor y el favor del mundo, que el
de Dios, y sirvió con más empeño al mundo que a su Dios. De tres modos también se ha de afligir en
el tacto. Primero, ha de arder en
abrasadísimo fuego interior y exteriormente, de manera que en ella no quede
ni la menor mancha, que no se purifique en el fuego; Segundo, ha de padecer
grandísimo frio, porque ardía en su codicia y era frío en mi amor; Tercero,
estará en manos de los demonios, para que no haya ni el menor pensamiento ni
la más leve palabra que no se purgue, hasta que se ponga como el oro, que se
purifica en el crisol y en la fragua, a voluntad de su dueño. |
Salva
que foi a alma, resta-lhe ser purificada de todas as faltas cometidas em vida
até que nada de impuro subsista. Para essa purificação irá para o Purgatório
até que o determine a Justiça Divina. A purificação far-se-á aos
três níveis dos sentidos: Vista, Ouvido, Tacto. |
Então
perguntou o demónio: Até quando
estará essa alma nesta pena? E
respondeu o Juiz: Posto que a sua
vontade foi viver no mundo, e era tal essa vontade,
que de boa gana teria vivido no corpo até o fim do mundo, esta pena há de
durar até ao fim do mundo. Justiça minha é, que todo o que me tem Amor
Divino, e com todo o empenho Me deseja e anseia por estar coMigo e separar-se do mundo, este sem pena deve
obter o Céu, porque a prova da vida presente é a sua purificação. Mas o que
teme a morte por causa da pesada pena futura, e quiser ter mais tempo para
emendar-se, este deve ter uma pena leve no Purgatório. Mas o que esquecendo-se de Mim, deseja viver até o dia do Juízo,
ainda que não peque mortalmente, no entanto, pelo perpétuo desejo de viver
que tem, deve ter pena perpétua até o dia do Juízo. Então disse a piadosíssima Virgem Maria: Bendito sejas, Filho meu,
pela tua justiça, que é com toda a Misericórdia. Ainda que nós vejamos e
saibamos tudo em Ti, diz não obstante, para inteligência dos demais, que
remédio deva tomar-se que diminua tão largo tempo de pena, e qual outro para
que se apague um fogo tão cruel, e como também possa esta alma livrar-se das
mãos dos demónios. E
respondeu o Filho: Nada se te pode
negar, porque és a Mãe da Misericórdia, e a todos
proporcionas e buscas consolo e Misericórdia. Três coisas há que fazem diminuir tão grande tempo de pena, que se apague o fogo, e que essa alma se livre das mãos dos demónios. A primeira é, se alguém devolve o que ele injustamente tomou
ou arrancou de outros, ou está obrigado a devolver-lhes em justiça; pois a
alma deve purgar-se, ou pelos rogos dos santos, ou por esmolas e boas obras
dos amigos, ou por uma suficiente
purificação. A segunda é uma avultada esmola, pois por ela se apaga o pecado, como com a água
se apaga a sede. A terceira é,
a oferenda do Meu Corpo feita por
sua intenção no altar, e as súplicas
dos meus amigos. Estas três coisas são as que o
libertarão daquelas três penas. |
Entonces preguntó el demonio: ¿Hasta cuando
estará esa alma en esta pena? Y respondió el Juez: Puesto que su voluntad
fué vivir en el mundo, y era tal esta voluntad, que de buena gana hubiera
vivido en el cuerpo hasta el fin del mundo, esta pena ha de durar hasta el
fin del mundo. Justicia mia es, que todo el que me tiene amor divino, y con
todo empeño me desea y anhela por estar conmigo y separarse del mundo, éste
sin pena debe obtener el cielo, porque la prueba de la vida presente es su
purificación. Mas el que teme la muerte por causa de la acerba pena futura, y
quisiera tener más tiempo para enmendarse, éste debe tener una pena leve en
el purgatorio. Pero el que olvidándose de mí, desea vivir hasta el día del
juicio, aunque no peque mortalmente, sin embargo, por el perpetuo deseo de
vivir que tiene, debe tener pena perpetua hasta el día del juicio. Entonces dijo la piadosísima Virgen Maria:
Bendito seas, Hijo mío, por tu justicia, que es con toda misericordia. Aunque
nosotros lo veamos y sepamos todo en ti, di no obstante, para inteligencia de
los demas, qué remedio deba tomarse que disminuya tan largo tiempo de pena, y
cual otro para que se apague un fuego tan cruel, y como también pueda esta
alma librarse de las manos de los demonios. Y respondió el Hijo: Nada se te puede
negar, porque eres la Madre de la misericordia, y a todos proporcionas y
buscas consuelo y misericordia. Tres
cosas hay que hacen disminuir tan largo tiempo de pena, y que se apague el fuego, y que esa alma se libre
de las manos de los demonios. La primera
es, si alguien devuelve lo que él injustamente tomó o arrancó de otros, o
esta obligado a devolverles en justicia; pues el alma debe purgarse, o por
los ruegos de los santos, o por limosnas y buenas obras de los amigos, o por
una suficiente purificación. Lo segundo
es una cuantiosa limosna, pues por ella se borra el pecado, como con el agua
se apaga la sed. Lo tercero
es, la ofrenda de mi cuerpo hecha
por él en el altar, y las súplicas de
mis amigos. Estas tres cosas son las que lo libertarán
de aquellas tres penas. |
A Virgem
Maria intercede para abreviar o tempo e a quantidade das penas. Três coisas fazem diminuir o tempo da pena, que se apague o
fogo, e que essa alma se livre das mãos dos demónios: ●
Devolução do roubado, boas obras dos amigos e tempo de purificação. ●
Esmolas. ● Missas e orações dos
amigos. |
Então
disse a Mãe da Misericórdia: E de
que lhe servem agora as boas obras que por Ti fez? E
respondeu o Filho: Não perguntas,
porque o ignoras, pois tudo sabes e vês em Mim, mas
o investigas para mostrar aos outros o Meu Amor. Na verdade, não ficará sem
remuneração a mais insignificante palavra, nem o mais leve pensamento que em
honra Minha teve; pois tudo quanto por Mim fez, está agora diante dele e
dentro da sua mesma pena, e lhe serve de refrigério e de consolo, e por ele
sente menos ardor do que sofreria de outro modo. E voltou
a Virgem a dizer a seu Filho: Porquê essa alma está imóvel, como quem não move mãos nem
pés contra o seu inimigo e não obstante vive? E
respondeu o Juiz: De Mim escreveu
o Profeta, que fui como um cordeiro que emudece diante de quem o tosquia; e a
verdade, eu emudeci diante de Meus inimigos; portanto, é justiça, que por não
tido interesse pela Minha morte essa alma, e por havê-la considerado de pouca
importância, esteja agora como o menino, que nas mãos dos homicidas não pode
falar. Bendito sejas, dulcíssimo Filho Meu, que nada fazes sem justiça,
disse a Mãe. Tu disseste antes,
Filho Meu, que Teus amigos podiam socorrer esta alma, e bem sabes que ela Me serviu de três modos. Primeiro, com a abstinência, pois jejuava as vigílias das Minhas festividades e nelas se
abstinha em Meu nome; segundo, porque lia o
Meu Ofício; e terceiro, porque cantava
por honra Minha. e assim, Filho Meu, posto que ouves
os Teus amigos que Te dirigem preces na Terra, Te rogo, que também Te dignes
ouvir-Me a Mim. E
respondeu o Filho: Sempre se ouvem
com maior benevolência as súplicas da pessoa predilecta de algum senhor; e
como Tu és o que Eu mais amo sobre todas as coisas, pede quanto queiras, e se
Te dará. Esta alma, disse a Mãe, padece
três penas na vista, três no ouvido, e outras três no tacto. Te rogo, pois, amadíssimo Filho meu, que lhe diminuas uma
pena na vista, e é que não veja os horríveis demónios, ainda que sofra as
outras duas penas, porque a Tua justiça assim o exige segundo a justiça da
tua misericórdia, à qual não posso opor-Me. Te suplico, em segundo
lugar, que no ouvido lhe diminuas uma pena, e é que não ouça seu opróbrio e
confusão. Te rogo, por último, que no tacto lhe
tires uma pena, e é que não sinta esse frio maior que o gelo, o qual o merece
ter, porque era frio no Teu Amor. E
respondeu o Filho: Bendita sejas, amadíssima Mãe, a Ti nada se Te pode negar; faça-se
a Tua vontade, e seja, segundo o que pediste. Bendito
sejas Tu, dulcíssimo Filho Meu, disse a Mãe,
por todo o Teu Amor e Misericórdia. |
Entonces dijo la Madre de la misericordia:
¿Y de qué le sirven ahora las buenas obras que por ti hizo? Y respondió el Hijo: No preguntas, porque
lo ignores, pues todo lo sabes y ves en mí, sino que lo investigas para
mostrar a los otros mi amor. A la verdad, no quedara sin remuneracion la más
insignificante palabra, ni el más leve pensamiento que en honra mía tuvo;
pues todo cuanto por mí hizo, está ahora delante de él y dentro de su misma
pena, y le sirve de refrigerio y de consuelo, y por ello siente menos ardor
del que sufriria de otro modo. Y volvió la Virgen a decirle a su Hijo:
¿Por qué esa alma está inmovil, como quien no mueve manos ni pies contra su
enemigo y no obstante vive? Y respondio el Juez: De mi escribió el
Profeta, que fuí como un cordero que enmudece delante de quien lo trasquila;
y a la verdad, yo enmudecí delante de mis enemigos; por tanto, es justicia,
que por no haberse tomado interés por mi muerte esa alma y por haberla
considerado de poca importancia, esté ahora como el niño que en las manos de
los homicidas no puede dar voces. Bendito seas, dulcísimo Hijo mío, que nada
haces sin justicia, dijo la Madre. Tú dijiste antes, Hijo mio, que tus amigos
podían socorrer a esta alma, y bien sabes que ella me sirvió de tres modos. Primero, con la abstinencia, pues ayunaba las vigilias de
mis festividades y en ellas se abstenia en mi nombre; segundo, porque leía mi Oficio; y tercero,
porque cantaba por honra mía. Y así, Hijo mío, puesto que oyes a tus amigos
que te dan voces en la tierra, te ruego, que también te dignes oirme a mí. Y respondió el Hijo: Siempre se oyen con
mayor benevolencia las súplicas de la persona predilecta de algún señor; y
como tú eres lo que yo más amo sobre todas las cosas, pide cuanto quieras, y
se te dará. Esta alma, dijo la Madre, padece tres penas
en la vista, tres en el oído, y otras tres en el tacto. Te ruego, pues,
amadísimo Hijo mío, que le disminuyas una pena en la vista, y es que no vea
los horribles demonios, aunque sufra las otras dos penas, porque tu justicia
asi lo exige según la justicia de tu misericordia, a la cual no puedo
oponerme. Te suplico, en segundo lugar, que en el oído le disminuyas una
pena, y es que no oiga su oprobio y confusión. Te ruego, por último, que en
el tacto le quites una pena, y es que no sienta ese frío mayor que el hielo,
el cual lo merece tener, porque era frío en tu amor. Y respondió el Hijo: Bendita seas,
amadísima Madre, a ti nada se te puede negar; hágase tu voluntad, y sea,
según lo has pedido. Bendito seas tu, dulcísimo Hijo mío, dijo
la Madre, por todo tu amor y misericordia. |
A Virgem
Maria intercede, lembrando a devoção que alma Lhe tinha: Fazia
Abstinência. Rezava-Lhe. Cantava-Lhe. A pedido da Virgem Maria são reduzidas as penas que devia
cumprir. |
Naquele
instante apareceu un santo com grande acompanhamento, e disse: Louvado
sejais, Senhor, Deus nosso, Criador e Juiz de todos. Esta alma foi em
sua vida devota minha, jejuou em honra minha, e me louvou fazendo súplicas,
da mesma maneira que a estes amigos vossos que se acham presentes. Assim,
pois, Vos rogo da parte deles e minha, que tenhais compaixão desta alma, e
por nossas súplicas lhe deis descanso numa pena, e é que os demónios não
tenham poder para obscurecer a sua consciência; pois se não se os contém, a obscurecerão de tal modo, que nunca haveria de esperar
essa alma o fim da sua desdita e alcançar a glória, senão quando fosse tua
vontade vê-la especialmente com Tua Graça; e este é un
suplício maior que qualquer outro. Portanto, piadosíssimo Senhor, concede-lhe
por nossas súplicas, que em qualquer pena em que esteja, saiba positivamente
que há de acabar aquela pena, e que há de alcançar a Glória perpétua. E
respondeu o Juiz: Assim o exige a
verdadeira justiça, porque essa alma afastou muitas vezes a sua consciência
dos pensamentos espirituais e da inteligência das coisas eternas, e quis
obscurecer a sua consciência, sem temer agir contra mim, e
portanto, justo é, repito, que os demónios obscureçam a sua
consciência. Mas porque vós, amadíssimos amigos Meus, ouvistes as Minhas
palavras e as pusestes em prática, não se vos deve negar nada, e assim farei
o que pedis. Então
responderam todos os santos:
Bendito sejais, Deus, em toda a Vossa Justiça, que
julgais justamente, e nada deixais sem castigo. Em
seguida disse ao Juiz o Anjo
custódio daquela alma: Desde o princípio da união desta alma com o seu corpo,
estive eu com ela, e a acompanhei por providência do Vosso Amor, e algumas vezes fazia a minha vontade. Vos
rogo, pois, Deus e Senhor meu, que tenhais misericórdia dela. E
respondeu o Senhor: Sim, está bem;
mas acerca disto, queremos deliberar. Então desapareceu a visão. |
En aquel instante apareció un santo con
gran acompañamiento, y dijo: Alabado seáis, Señor, Dios nuestro, Creador y
Juez de todos. Esta alma fué en su vida devota mía, ayunó en honra mía, y me
alabó haciéndome súplicas, de la misma manera que a estos amigos vuestros que
se hallan presentes. Así, pues, os ruego de parte de ellos y mía, que tengáis
compasión de esta alma, y por nuestras súplicas le deis descanso en una pena,
y es que los demonios no tengan poder para obscurecer su conciencia; pues si
no se les contiene, la obscureceran de tal modo, que nunca habia de esperar
esa alma el término de su desdicha y alcanzar la gloria, sino cuando fuese tu
voluntad mirarla especialmente con tu gracia; y este es un suplicio mayor que
todo otro. Por tanto, piadosísimo Señor, concededle por nuestras súplicas,
que en cualquiera pena en que estuviere, sepa positivamente que ha de acabar
aquella pena, y que ha de alcanzar la gloria perpetua. Y respondió el Juez: Así lo exige la
verdadera justicia, porque esa alma apartó muchas veces su conciencia de los
pensamientos espirituales y de la inteligencia de las cosas eternas, y quiso
obscurecer su conciencia, sin temer obrar contra mi, y por tanto, justo es,
repito, que los demonios obscurezcan su conciencia. Mas porque vosotros,
amadísimos amigos míos, oísteis mis palabras y las pusísteis por obra, no se
os debe negar nada, y asi haré lo que pedís. Entonces respondieron todos los santos: Bendito
seáis, Dios, en toda vuestra justicia, que juzgáis justamente, y nada dejáis
sin castigo. En seguida dijo al Juez el ángel custodio
de aquella alma: Desde el principio de la unión de esta alma con su cuerpo,
estuve yo con ella, y la acompañé por providencia de vuestro amor, y algunas
veces hacía mi voluntad. Os ruego, pues, Dios y Señor mío, que tengáis
misericordia de ella. Y respondió el Señor: Sí, bien está; pero
acerca de esto, queremos deliberar. Entonces desapareció la visión. |
Aqui
surgem os Santos a interceder pela alma e conseguem-lhe redução das penas,
pois ela era devota deles. O Anjo
da Guarda pede Misericórdia pela alma… |
Declaração Foi este
um cavalheiro bondoso e amigo dos pobres, e deu por ele
avultadas esmolas a sua esposa, a qual faleceu em Roma, como o tinha
anunciado o espírito de Deus, por meio de santa Brígida, a que disse:
Entenda-se que esta senhora regressará à sua pátria, mas não morrerá ali. E
assim foi, porque a segunda vez que voltou a Roma, ali morreu e foi
enterrada. |
Declaración Fué éste un caballero bondadoso y amigo de
los pobres, y dió por él cuantiosas limosnas su esposa, la cual falleció en
Roma, como lo tenía anunciado el espiritu de Dios, por medio de santa Brígida,
a la que dijo: Ten entendido que esa señora regresará a su patria, pero no
morirá allí. Y asi fué, porque segunda vez volvió a Roma, donde murió y fué
enterrada. |
Este foi
um Juízo real de um contemporâneo de Santa Brígida e que era seu conhecido. |
● O Juízo nas Revelações da Fanny Moisseieva ▲
Na sua obra “Meu sonho letárgico de nove dias” Fanny Moisseieva faz a descrição de:
I – Sinais que antecedem o julgamento
II – O mundo imediatamente antes do
Julgamento
III – A ressurreição dos mortos
IV – Cristo anuncia o julgamento
V – Intercessão da Virgem e dos santos
Pode ler a descrição destes acontecimentos, feitos por
Fanny Moisseieva, não seguinte Link:
● SEGUNDA PARTE - Minhas visões do próximo Juízo Universal ►
● Padre Ottavio Michellini,
14-1-76 - Últimos Tempos
A hora da Purificação chegará e a Virgem
Corredentora esmagará pela segunda vez a Cabeça da Serpente infernal. A Igreja
e a humanidade, renovadas, verão uma aurora radiosa nunca antes conhecida. Um período
de Paz e Justiça será a resposta a todas as provocações do Inferno contra uma
pobre humanidade que se fez colaboradora das forças do Mal.
Depois, chegar-se-á à última fase desta luta entre Luz e trevas, entre
Amor e ódio, entre Bem e mal, entre Vida e morte.
Só não fim se dará a terceira e última intervenção da Santíssima Virgem,
que esmagará de novo, pela terceira vez, a cabeça de Satanás.
Seguir-se-á o Juízo Final
- separação definitiva do Paraíso e do inferno, ou seja, dos Bem Aventurados e
dos danados.
● Padre Gobbi, 3 de Junho de
1989 ▲
A besta semelhante a uma pantera
…
Assim
as almas são precipitadas na tenebrosa escravidão do mal, do vício e do pecado,
e, no momento da morte e do Juízo
de Deus, no pântano do fogo eterno que é o inferno. …