A INQUISIÇÃO
Nesta Página da Amen, pode encontrar a abordagem dO Tema
Global de
● A
INQUISIÇÃO ●
● O que foi a
Inquisição ►
● Pequena História da Inquisição ►
● A Inquisição Católica ►
● Inquisição Espanhola ►
● Inquisição Portuguesa ►
● A Inquisição Protestante ►
● Alguns dados estatísticos da
Inquisição
►
● Conclusões ►
● O
que foi a Inquisição ▲
A Inquisição
ou Tribunal do Santo Ofício, foi uma Instituição da Igreja Católica que
entrou em funções em 1229 pela mão do Papa Gregório IX, e teve como objectivo o
combater as heresias.
Temos
de ter consciência de que a Inquisição foi criada num tempo em que, como
dizia São Tomás de Aquino, «Se falsificar a moeda do rei, dava pena de morte
nos tribunais civis, não será muito mais grave falsificar a Fé Católica, que
leva as pessoas para o inferno?» Por dá cá aquela palha, as pessoas eram
condenadas às maiores penas, inclusive à tortura e à morte. Os reinos e os
condados andavam todos em guerras ferozes uns contra os outros, matando-se a
torto e a direito. Era uma época extremamente violenta e sanguinária,
principalmente no domínio civil. A Europa tinha estado dominada pelos bárbaros
que a invadiram no século V, e a única força que subsistiu foi a Igreja
Católica que fundou a Cristandade, que fundou a Europa em bases Cristãs,
lutando contra povos e ideologias bárbaras. Naquela época o grande valor do
homem era a Alma, e daí a Igreja ter sido tão firme na sua defesa. Por isso é
que São Tomás de Aquino defendia que falsificar a Fé era muito mais grave do
que falsificar a moeda do rei.
Por
esta ferocidade das relações sociais daquele tempo, temos de olhar também para
as instituições e acontecimentos daquele tempo, à luz da ferocidade e violência
daquele tempo, e não olhar para os acontecimentos e instituições daquele tempo com
os olhos da brandura de costumes de hoje em dia. Fazer isso, é um terrível erro
historiográfico.
O
que se passou nos passados séculos XIX e XX, foi a utilização sistemática da
mentira, pelos inimigos da Fé Católica, com o objectivo de denegri-la e atacá-la,
com o recurso a imagens muito posteriores à Inquisição, referidas a ocorrências
civis, ligando-as errada e maldosamente à Inquisição.
Com
a criação da Biblioteca de Salamanca, em que se encontram todos os
Processos da Inquisição que foram abertos em Espanha, e o seu estudo e análise
pormenorizado por historiadores isentos, apuraram-se o que na verdade se passou
com a Inquisição Espanhola e conclui-se que a maior e esmagadora parte do que
se dizia dela era uma mentira monstruosa. Montanus foi o maior detractor da
Inquisição Espanhola. Era um inimigo da coroa real, e fez-se passar por uma
vítima protestante da Inquisição, inclusive, inventando aquele nome,
mantendo-se cobardemente no anonimato.
Biblioteca
de Salamanca
Com
a abertura dos Arquivos Secretos do Vaticano, pelo Papa João Paulo II,
também houve a possibilidade de analisar e estudar a Inquisição, com base em documentos
reais e verdadeiros, e as conclusões foram igualmente reveladoras da inocuidade
da Inquisição, se comparadas com as invenções maldosas que os inimigos da
Igreja Católica atribuíam à Inquisição.
Arquivos
Secretos do Vaticano
O
vir à luz do dia a verdade sobre a Inquisição, com os Estudos feitos, por
historiadores isentos, sobre a documentação existente na Biblioteca de
Salamanca e dos Arquivos Secretos do Vaticano, veio trazer uma acalmia em sede
de ataques à Inquisição. Demorou vários séculos, mas por fim a verdade venceu.
Na verdade, os tribunais do Santo Ofício, da
Inquisição, eram muito mais brandos e muito mais justos do que os Tribunais
Civis da época. Já na época da criação da Inquisição era habitual a
condenação à fogueira dos hereges e das bruxas, sendo habituais os abusos,
desmandos e injustiças nesses julgamentos de Trunais Civis. O caso mais
mediático destes desmandos e manipulações, foi o ocorrido no século XV com Joana d’Arc, que
tendo sido presa pelos borguinhões e seus aliados ingleses protestantes,
acabou por ser queimada na fogueira, por uma injusta condenação de um Tribunal
Civil, manipulado pelo Duque de Borgonha, em 1431.
Santa Joana d’Arc vítima de um tribunal civil borguinhão
Um
aspecto a ter em conta, é que a partir dos séculos XI e XII, o sentimento
religioso atingiu o seu ponto mais alto passando a ser as próprias comunidades
cristãs a utilizarem a violência contra as correntes consideradas anticristãs.
É devido a esta situação que decorreu a necessidade de institucionalizar a
Inquisição, se bem que a sua origem esteja na Igreja Católica, era
insistentemente pedida para os seus países pelos seus Reis, para evitar
condenações pelas mão de populares, como se passou por exemplo em Portugal e em
Espanha, com Fernando e Isabel, os Reis Católicos. Portanto, eram os poderes
civis que requisitavam a Roma a abertura do Tribunal do Santo Ofício nos seus
Reinos. Sabendo a Santa Igreja que se podiam dar abusos em certos países,
tentava restringir ao máximo o seu uso. Foi isso que se passou, de certa
maneira, com a Espanha, que só depois de muito pressionado, o Papa consentiu na
abertura do Santo Ofício naquele país, como sendo uma escolha de um mal menor,
o que é aprovado pela moral Católica. Os Reis daquela época exerciam grandes
pressões sobre os Papas, a ponto de terem mantido 5 Papas, praticamente, em
cativeiro em Avignon. Foi preciso uma Santa Catarina de Sena ir a Avignon e
convencer o Papa Gregório XI a voltar para Roma. Por aqui se pode avaliar a
relutância com que os Papas abriam Tribunais da Inquisição. Se alguns males se
podem, certamente, atribuir à Inquisição, eles se deveram mais aos poderes
civis e protestantes do que à Igreja Católica.
● Pequena
História da Inquisição ▲
A Inquisição
ou Tribunal do Santo Ofício, foi inicialmente uma Instituição da Igreja
Católica que entrou em funções em 1229 pela mão do Papa Gregório IX, e teve como
objectivo o combater as heresias, como veremos mais pormenorizadamente a
seguir. Nestas heresias, figurava em primeiro lugar o Catarismo.
Papa Gregório IX
O combate ao Catarismo prolongou-se por muitos anos,
e o Papa Inocêncio III não tendo obtido resultados pacíficos para deter
a heresia dos Cátaros, levou a cabo a Cruzada
Albigense, para pôr fim a esta
heresia, que grassava no Languedoc, sul de França nas cidades de Albi,
Toulouse e Carcassone, em 1208. Era aí que se encontravam os maiores
redutos dos Cátaros, “sedes de Satã”, como eram apelidados então.
Papa Inocêncio III
A
heresia dos Cátaros, que originou a criação da Inquisição, era
particularmente nociva e virulenta, pois que acreditando no Dualismo, isto é, a
existência de dois deuses, um do bem e outro do mal, em que o Deus bom criava a
alma, e o deus do mal criava o corpo. Assim, apoiavam o assassinato de
mulheres grávidas, para evitar a proliferação do mal, através do nascimento
das crianças. Eram favoráveis ao suicídio, eram contra o casamento,
teorias contrárias ao que ensina o cristianismo. Desse modo, os hereges eram
vistos como revolucionários, e tratados como tal, tanto pela sociedade quanto
pelo próprio governo, pois o governo sendo cristão, a heresia era tida pelo
governo como crime de lesa-majestade; a falta contra Deus era punida pela
Lei Civil. Os próprios governos da época exigiram que a Igreja Católica
tomasse uma posição.
Para
além do Catarismo havia outras heresias e perigos que ameaçavam a Fé Católica.
Para além do Protestantismo, havia o Islamismo e o Judaísmo, duas religiões que
também foram alvo da Inquisição.
Da
mesma forma que o Catolicismo se sentia ameaçado pelas heresias, também o
Protestantismo, sentindo-se ameaçado pelo Catolicismo, quis combater desde a
sua criação, aqueles que se lhe opunham, e seguiu o modelo da Inquisição
Católica, com duas diferenças essenciais:
1ª) A
Inquisição Protestante era feroz e terrível.
2ª) Os Católicos eram o principal alvo da
Inquisição Protestante.
Desta forma, não podemos falar em termos
abstractos de Inquisição, porque simplificando a análise e o conhecimento,
distanciamo-nos da realidade e adulteramos a verdade. Para conhecermos a
Inquisição no seu todo e tecermos um justo juízo sobre aqueles que dela
participaram, temos de analisar e falar separadamente da Inquisição Católica
e da Inquisição Protestante, pois foram de facto dois mundos
distintos, quer nos objectivos, quer nos meios, quer nas penas
aplicadas.
A
Inquisição Protestante foi desmedidamente mais cruel e sanguinária
do que a Católica. Muitos dos crimes perpetrados pela Inquisição Protestante,
foram atribuídos à Inquisição Católica, ou por ignorância, por nem saberem da
existência da Protestante, ou por dolo e má fé, pelos inimigos da Igreja
Católica. Esta destrinça é fundamental para se poder falar da Inquisição, pois
com sinal contrário, a ignorância deste facto foi fomentada pelos inimigos da
Fé Católica.
Outro
aspecto a ter em consideração, é de que, na época medieval, não era comum o
recurso à pena de prisão, e por isso, não era utilizada como forma de sanção
contra crimes. Ou seja, se um sujeito cometesse um crime, não existia ainda a
prática civil de mandar para a cadeia os delinquentes. Essa prática só se
tornou comum a partir do século XVIII. Assim, no tempo medieval era comum
a aplicação de penas (pelo próprio poder civil) que hoje nos pareceriam
assustadoras. Por exemplo: a pena de tortura e a pena de morte eram bastante
comuns, bem como a fogueira, que também já era utilizada. Essas eram as formas
habituais de punição pelos crimes cometidos.
Adriano Garuti,
historiador, diz: "A pena de morte foi empregada não somente na
Inquisição, mas praticamente em todos os outros sistemas judiciários da Europa".
Noutro momento, diz também: "As cenas de sadismo que descrevem os
escritores que se inspiraram no tema, tem pouca relação com a realidade";
"em comparação com a crueldade e as mutilações que eram normais nos
tribunais seculares, a Inquisição mostra-se sob uma luz relativamente
favorável; este facto, em conjunção com o usual bom nível da condição de seus
cárceres, nos faz considerar que o tribunal teve pouco interesse pela crueldade
e que tratou a justiça com a misericórdia."
Henry Kamen, historiador
especialista na Inquisição Espanhola, diz sobre o uso da tortura: "Numa
época em que o uso da tortura era generalizada nos tribunais penais europeus, a
inquisição espanhola seguiu uma política de benignidade e circunspecção que a
deixa em lugar favorável, se comparada com qualquer outra instituição. A
tortura era empregue somente como último recurso e se aplicava em pouquíssimos
casos."
● A
Inquisição Católica ▲
A Inquisição
ou Tribunal do Santo Ofício, foi uma Instituição da Igreja Católica que
teve a sua génese no Sínodo de Verona, em Novembro de 1184, com o Papa Lúcio
III, que anatematizou todos os hereges e quem os apoiava, e confirmado mais
tarde, pelo o Papa Gregório IX em 1229, e teve como objectivo o combater as
heresias, em particular o Catarismo. O Papa Gregório IX, em 20
de Abril de 1233, editou duas Bulas que marcam o reinício
da Inquisição. Nos séculos seguintes, ela julgou, absolveu ou condenou e
entregou ao Estado, para que as penas fossem aplicadas, vários de
seus inimigos propagadores de heresias. A Inquisição funcionou em França,
Itália, Espanha, Portugal e no sacro-império romano. Mais tarde, estendeu-se
às Américas.
O
nome do Tribunal do Santo Ofício foi alterado para Santa Inquisição
Romana e Universal, pelo Papa Paulo III, com a Bula "Licet ab
initio", em 21 de Julho de 1542.
O
seu nome foi de novo alterado para Sagrada Congregação do Santo Ofício (1542 a 1965),
pelo Papa Pio X com a Constituição “Sapienti
consilio”, de
29 de Junho de 1908.
O
seu nome foi de novo alterado, definitivamente, para Sagrada Congregação
para a Doutrina da Fé, pelo Papa Paulo VI, em 7 de Dezembro de 1965 com o
Motu próprio Integrae
servandae.
O
seu nome foi finalmente alterado, definitivamente, para Congregação para a
Doutrina da Fé, pelo Papa João Paulo II, em 28 de Junho de 1988 com a
Constituição Pastor
bonus.
O Tribunal
do Santo Ofício representava para as pessoas do tempo da sua criação, o que
hoje a Congregação
para a Doutrina da Fé representa para as pessoas dos nossos dias.
Também funciona com prova da inocuidade
da Inquisição para a época, é que nenhum dos Santos da Igreja, que viveram
durante o seu tempo, se insurgiu contra ela, porque, na realidade, concordavam
com ela. Entre eles, podem-se contar nomes como São Domingos de Gusmão
que foi o primeiro Inquisidor, São Pio V que foi Inquisidor, São
Tomás de Aquino, e quase todos os santos e beatos da Idade Média, São
Francisco de Assis, Santo Anselmo, São Boaventura, Doutores
da Igreja, Maria de Jesus de Agreda e muitos outros, achavam a
Inquisição necessária. Mas houve também casos, como os de Santo Ambrósio,
São João Crisóstomo e Santo Agostinho, que não concordaram com a pena de morte
para os casos de heresia.
E mais, os Inquisidores eram escolhidos criteriosamente, tendo de ter mais
de 40 anos de idade, tinham de ser doutores em Teologia e Direito
Canónico, tinham de ser homens de bem e não podiam ter cadastro
algum. Todos eles agiam absolutamente dentro da Moral Cristã da época.
Os primeiros Inquisidores chamados para serem juízes da
Inquisição, eram padres Dominicanos, entre eles o grande Santo Mariano,
São Domingos de Gusmão, que trabalhavam na busca da verdade e exclusivamente na
tentativa de manter pura a Doutrina da Igreja, evitando os desvios heréticos
que conduzem as almas ao inferno. Não eram de maneira nenhuma aqueles monstros
sinistros retratados em cinematografia barata, realizada por inimigos, ateus e
laicos, da Fé Católica e financiada pelas instâncias financeiras e maçónicas,
que só estão interessadas em denegrir a imagem da Igreja de Jesus Cristo.
E como já frisei acima, o próprio São Tomás de Aquino, apoiou a
Inquisição Católica nos moldes estatuídos na sua criação.
Pelo Concílio de Viena, de 1311, os Inquisidores ficaram
obrigados a não recorrerem à tortura, com excepção de aprovação do bispo
diocesano e de uma comissão julgadora, caso a caso.
As penas mais comuns aplicadas pela Inquisição, variavam desde
confiscação de bens e prisão até á pena de morte, raras vezes, na
fogueira. Os castigos aplicados eram reproduções das punições generalizadas na
época, instituídas pelo poder civil, que normalmente era quem se
encarregava de aplicar as penas aos hereges, às feiticeiras ou
aos sodomitas.
Os Tribunais da Inquisição não eram permanentes, e só se instalavam
quando surgia algum caso de heresia, sendo depois desfeitos.
Ao contrário do que foi comum divulgar erradamente, o Tribunal do
Santo Ofício era uma entidade jurídica e não tinha sequer forma de executar
as penas. O resultado da inquisição feita a um réu, era entregue ao Poder
Civil, mas só quando era caso para cumprimento de alguma pena.
O recurso à tortura, que era muito comum nos Tribunais Civis da época,
foram sempre uma excepção na Inquisição, tendo recorrido muito raramente a esse
procedimento. Ao todo, menos de 10% dos julgamentos envolveu maus-tratos dos
acusados. Pela imposição da regra do Concílio de Viena, de 1311, que
proibia os eclesiásticos de derramar qualquer gota de sangue dos réus, várias
das confissões obtidas sob tortura perderam a sua validade e os acusados foram
libertados.
Houve casos pontuais de excessos cometidos pela Inquisição, e por eles,
mesmo que não tendo sido da inteira responsabilidade da Igreja Católica, o Papa
João Paulo II pediu desculpa à humanidade, num acto solene na Praça de São
Pedro no Vaticano, em 2002.
Também existiu no âmbito da Inquisição o Index Librorum Prohibitorum, que era a
lista de livros proibidos, e cuja circulação tinha de ser controlada pela
Inquisição. Os livros autorizados eram impressos com um "Imprimatur"
("que seja publicado") oficial. Assim era evitada a introdução de
conteúdo considerado herege pela Igreja. A primeira versão do Index foi
promulgada pelo Papa Paulo IV em 1559 e uma versão revista
desse foi autorizada pelo Concílio de Trento. A última edição do Index foi
publicada em 1948 e só foi abolido pela Igreja Católica em 1966
pelo Papa Paulo VI.
A Inquisição persistiu até inícios do século XIX.
● Inquisição Espanhola ▲
A criação da Inquisição Espanhola foi autorizada pelo Papa Sixto IV,
através duma Bula, de 1 de Novembro de 1478.
Em Espanha houve algum aproveitamento da Inquisição para fins políticos,
e daí nasceu uma acesa guerra propagandista dos inimigos da monarquia para
moverem ataques aos Reis e à Igreja, e levaram a que um revolucionário que
adoptou o nome de Montanus se fizesse passar por uma vítima protestante
nas mãos da Inquisição Espanhola, e denegrisse a Igreja Católica, através das
mentiras que espalhou sobre a Inquisição Espanhola. Sabemos no entanto que em
Espanha, a Inquisição a partir de determinada altura, nos finais do século XV,
cometeu alguns excessos. Em Abril de 1482, o próprio Papa emitiu uma Bula, na
qual concluía: "A Inquisição há algum tempo é movida não por zelo pela
fé e a salvação das almas, mas pelo desejo de riqueza". Após essa
conclusão, revogaram-se todos os poderes confiados à Inquisição e o Papa exigiu
que os Inquisidores ficassem sobre o controle dos bispos locais. O Rei D.
Fernando ficou indignado e ameaçou o Papa. A 17 de Outubro de 1483, uma nova
Bula estabelecia o Consejo de La Suprema y General Inquisición para
funcionar como a autoridade última da Inquisição, sendo criado o cargo de
Inquisidor Geral. Seu primeiro ocupante foi Tomás de Torquemada. Até a sua
morte em 1498, Torquemada teve poder e influência que rivalizavam com os
próprios monarcas Fernando e Isabel, e ficou para a história como a face negra
da Inquisição.
D.
Fernando e D. Isabel os Reis Católicos
● Inquisição Portuguesa ▲
Em Portugal, a Inquisição começou a ser introduzida a partir do século
XIV, sendo nomeados como inquisidores-mores, Frei Martinho Velasques em 1376, Frei
Vicente de Lisboa em 1399 e Frei Afonso de Alprão em1413.
A criação oficial da Inquisição Portuguesa, no entanto, só foi autorizada
pelo Papa Paulo III, através duma Bula, de 1521, mas só começou formalmente em
1536, e realizou o seu primeiro "auto-de-fé"
em 1540.
Na
sua liderança, havia um "Grande Inquisidor", ou "Inquisidor
Geral", nomeado pelo Papa, mas seleccionado pela Coroa
Portuguesa e sempre membro da família real. A Inquisição Portuguesa esteve
principalmente direccionada aos judeus sefarditas, a quem o Estado forçava
a se converter ao Cristianismo. Quando não se queriam converter, eram
expulsos de Portugal.
D. João III
D.
João III (que reinou entre 1521 e 1557) estendeu a actividade dos tribunais
para cobrir temas
como censura, adivinhação, feitiçaria e bigamia.
Originalmente voltada para uma acção religiosa, a Inquisição Portuguesa passou
a exercer influência sobre quase todos os aspectos da sociedade portuguesa: político,
cultural e social, mas teve sempre uma actuação limitada em Portugal, e o
número de condenados apontados por alguns historiadores maçons é completamente
irreal e falso.
O Marquês
de Pombal apoderou-se da Inquisição por volta de 1759, e nomeou
inquisidor-mor o seu irmão.
A
Inquisição Portuguesa foi extinta simbolicamente em 1820/21.
A
Inquisição Católica em Espanha (1478 a 1834) e em Portugal (
● A
Inquisição Protestante ▲
A
Inquisição Protestante nasce com Lutero e Calvino e era
totalmente submissa ao poder civil da época, portanto no Século XVI.
Todas
as injustiças e penas abomináveis de que sempre acusaram a Inquisição (em
abstracto), na realidade, foram praticadas pela Inquisição Protestante.
Mais
tardiamente, pois, que a Inquisição Católica, surgem os tribunais da Inquisição
Protestante utilizados pelas igrejas protestantes. Nos países de maioria
protestante houve perseguições terríveis contra Católicos, contra reformadores
radicais, outras igrejas protestantes, como os anabatistas,
e contra supostos praticantes de bruxaria. Neste caso, os tribunais
constituíam-se no âmbito do poder real ou local, geralmente ad-hoc, e não
como uma instituição específica.
A
“Reforma Protestante” (leia-se o “Ataque e sectarismo contra a Igreja
Católica”) expandiu-se rapidamente, porque foi imposta de cima para baixo, sem
excepção, em todos os países em que se implantou. O povo foi obrigado a aceitar
as novas doutrinas porque os reis e príncipes cobiçavam as terras e bens
materiais da Igreja Católica. Foi com os olhos postos nesta riqueza mundana que
os soberanos “escolheram” para si e para seu povo as doutrinas dos novos
evangelistas, esquecidos de que todo ouro, terra ou prata se enferruja e fenece
conforme ensina a escritura: “O vosso ouro e a vossa prata estão
enferrujados e a sua ferrugem testemunhará contra vós e devorará as vossas
carnes” (Tg 5, 2-3 ). Prova disto foi o facto de que as primeiras
providências, eram recolher para o fisco real tudo o que da Igreja Católica
poderia se converter em dinheiro.
O
facto do Protestantismo ter superado as outras “Inquisições”, em número de
mortes e atrocidades, ficou-se a dever a um ingrediente violentíssimo, que cega
qualquer autocrítica - o fanatismo desenfreado.
Enquanto
o Tribunal Católico e os Juízes Civis, absolveram muitos dos acusados de
bruxaria, tome-se como exemplo: Galileu e Casanova, o Protestantismo, em muitos
países, não deixou viver um suspeito sequer, enlouquecidos e ávidos por verem as
labaredas devorarem a carne trémula de seus condenados sem julgamento, bradando
versículos bíblicos endoidecidos, como por exemplo o livro do Êxodo (22,17): “Não
deixarás viver a feiticeira”.
Hoje
sabe-se, que foi o fanatismo Protestante aliado à superstição da época, que
causou o maior genocídio de todos os tempos: A Inquisição Protestante.
Já
no início, as posições de Lutero, contra os anabaptistas, causaram a
morte de milhares de pessoas… Calvino, pai dos Presbiterianos, mandou queimar o
espanhol Miguel Servet Grizar (médico descobridor da circulação do sangue). Um
só Inquisidor Protestante, perseguidor de bruxas na Alemanha, Nichólas Romy,
considerado grande especialista e que escreveu um longo tratado sobre bruxaria,
teve só sob a sua responsabilidade a morte de 900 pessoas.
Diferente
dos Tribunais Católicos e civis, entre os Protestantes, parecia haver uma
disputa por ceifar mais vidas. Benedict Carpzov perdia a compostura
contra a bruxaria, que considerava merecedora de torturas três vezes intensificadas
com respeito a outros crimes, e cinco vezes punível com pena de morte. Carpzov
era um Luterano fanático, e só num processo, assinou sentença de morte contra
20.000 bruxas. Carpzov, para além do Êxodo (22,17) citava outros textos
bíblicos (Lv 19,31; 20,6.27; Dt 12,1-5; I Sm 27…).
Basta
folhear a obra de Henry Charles Léa, acusador da Inquisição, para ficar
convencido de que na realidade as bruxas foram perseguidas e condenadas em
todas as partes, mais pelos detentores do Poder Civil e pelos Protestantes do
que pelo tribunal da Igreja. De 1259 até 1526, no auge da perseguição às
bruxas, constam somente 72 processos nos Tribunais da Inquisição
Católica, contra 262 nos Tribunais Civis.
O
que Bommberg escreveu, indica bem as linhas gerais dos procedimentos
Civis e Protestantes: “Um juiz francês (poder civil) gabava-se de ter queimado 800
mulheres em 16 anos de magistratura. Queimaram-se 600 pessoas, durante a
administração de um bispo Protestante em Bamberga. A caça às bruxas, liderada
pelas Igrejas Protestantes, tomou a Grã-Bretanha e a Alemanha. Em Genebra, que
era Protestante, foram queimadas 500 pessoas no ano 1515. Em Tréveris
(quase exclusivamente o Poder Civil) queimaram-se cerca de 7000 pessoas
durante um período de poucos anos”.
O
Protestantismo tomou conta dos Países da Europa Central e da Europa do Norte,
e foi aí que se verificaram as maiores atrocidades.
Alemanha - Naquele
tempo estava dividida em Principados. Como havia muito conflito entre eles,
chegaram a acordo que cada Príncipe escolhesse para os seus súbditos a religião
que mais lhe conviesse. Princípio administrativo do “cujus regio illius
religio”. Os príncipes não se fizeram rogar. Além da administração mundana,
passaram também a formular e inventar doutrinas. A opressão sangrenta ao
Catolicismo pela força armada foi a consequência de semelhante princípio.
Cada vez que se trocava um soberano o povo era avisado que também se trocavam
as “doutrinas evangélicas” (Confessio Helvetica
posterior (1562) artigo XXX). Relata o historiador Pfanneri: “Uma
cidade do Palatinado, desde a Reforma, já tinha mudado 10 vezes de religião,
conforme seus governantes eram Calvinistas ou Luteranos.” (Pfanneri. Hist. Pacis
Westph. Tomo I e seguintes, 42 apud Doellinger Kirche und Kirchen, p. 55)
Dinamarca - O
Protestantismo foi introduzido pelas mãos de Cristiano II, por suas
crueldades apelidado de “O Nero do Norte”. Encarcerou bispos, confiscou
bens, expulsou religiosos e proclamou-se chefe absoluto da Igreja Evangélica
Dinamarquesa. Em 1569 publicou os 25 artigos que todos os cidadãos e
estrangeiros eram obrigados a assinar aderindo à doutrina Luterana. Ainda em
1789 se decretava pena de morte ao sacerdote católico que ousasse pôr os pés em
solo Dinamarquês. (Origem e Progresso da
Reforma, pgna 204, Editora Agir, 1923, em IRC)
Escócia - O poder
civil aboliu por lei o Catolicismo e obrigou todos a aderir à “Igreja Calvinista
Presbiteriana”. Os padres permaneceram, mas tinham de escolher outra
profissão. Quem era encontrado celebrando Missa era condenado à morte. Católicos
recalcitrantes foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros arrasados,
livros Católicos queimados. Tribunais religiosos (Inquisições) foram criados
para condenar os Católicos clandestinos. (Westminster
Review, Tomo LIV, p. 453)
Holanda - Aqui foram
as câmaras dos Estados Gerais a proibir o Catolicismo. Com miserável
zelo tomaram posse dos bens da Igreja. Martirizaram inúmeros sacerdotes,
religiosos e leigos. Fecharam igrejas e mosteiros. A fama e a marca destes
fanáticos chegou até ao Brasil. Em 1645 nos municípios de Canguaretama e São
Gonçalo do Amarante ambos no actual Rio Grande do Norte cerca de 100 Católicos
foram mortos entre dois padres, mulheres, velhos e crianças simplesmente porque
não quiseram se “baptizar” na religião dos invasores holandeses. Foram, mais
tarde beatificados como mártires. Em 1570 foram enviados para o Brasil
para evangelizar os índios o Padre Ináciode Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham
a bordo da nau São Tiago, quando foram interceptados em alto mar pelo
Calvinista Jacques Sourie. Como prova de seu “evangélico” zelo mandou degolar
friamente todos os padres e irmãos e jogar os corpos aos tubarões. (Luigi Giovannini e M. Sgarbossa in Il santo del giorno, 4ª ed. E.P, pg
224, 1978).
Inglaterra - Foi “convertida
pela força”, porque o rei Henrique VIII queria se divorciar de Ana Bolena.
Como a Igreja não consentiu, ele fundou a “sua” igreja obrigando o parlamento a
aprovar o “Acto de supremacia do rei sobre os assuntos religiosos”. Padres e
bispos foram presos e decapitados, igrejas e mosteiros arrasados, católicos aos
milhares foram mortos. Qualquer aproveitador era alçado ao posto de bispo
ou pastor. Tribunais religiosos (inquisições) foram montados em todo o país. (Macaulay. A História da Inglaterra. Leipzig, tomo I, pgna 54 ). Os
camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o Catolicismo. Foram
trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. No fim da guerra, as
melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses Protestantes e os
Católicos foram forçados a migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000
de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra
criou uma rivalidade entre Ingleses Protestantes e Irlandeses Católicos que
dura até hoje.
Suécia - Gustavo
Wasa suprimiu por lei o Catolicismo. Jacopson e Knut,
os dois mais heróicos Bispos Católicos foram decapitados. Os outros
obrigados a fugir, juntamente com padres, diáconos e religiosos. Os
seminários foram fechados, igrejas e mosteiros reduzidos a pó. O povo
indignado com tamanha prepotência pegou em armas para defender a religião de
seus antepassados. Os Exércitos do “Evangélico” rei afogaram em sangue estas
reivindicações. (A Reforma Protestante,
Pgna 203, 7ª edição, em IRC. 1958)
Suíça - O Senado
coagido pelo rei aprovou a proibição do Catolicismo e proclamou o Protestantismo
religião oficial. A mesma maldade e vileza ocorreram. Os mártires foram
inumeráveis. (J. B. Galiffe. Notices
génealogiques, etc., tomo III. Pgna 403).
Na Suíça Protestante, só os casos de condenação de
bruxas, descritos nas crónicas conservadas, atingiram os 5417. Nos Alpes
Austríacos, as mortes chegaram aos 5000.
Os primeiros Protestantes, que clamavam pela
liberdade religiosa nos países católicos, nos seus territórios, suspendiam
rapidamente a celebração da Missa e obrigavam os cidadãos, por lei, a assistir
obrigatoriamente aos cultos Protestantes. Destruíam as Igrejas Católicas e as
imagens [sagradas], além de assassinarem Bispos, Sacerdotes e religiosos. Foram
muito mais radicais nos seus territórios do que ocorreu nos territórios
católicos.
Apresento alguns exemplos mais chocantes da Inquisição Protestante:
- Bandos Protestantes massacraram os monges da Abadia de São Bernardo de
Brémen, no séc. XVI. Os monges foram mortos ou esfolados vivos,
atiraram-lhes sal na carne viva, e penduraram-nos no campanário da igreja.
- Em Rochester, na Inglaterra Protestante, 6 monges cartuxos e o
bispo foram enforcados, em 1535.
- Henrique VIII mandou queimar milhares de Católicos e anabaptistas no
séc. XVI. Curiosamente foi a sua filha católica, Maria, que foi cognominada
pelos Protestantes, com o título de "Maria, a sanguinária"!
- João Servet, o descobridor da circulação sanguínea, foi queimado em
Genebra, por ordem de Calvino. Porém, é comum se recordar apenas o "Caso
Galileu", o qual não foi executado pela Inquisição Católica!
- Na Irlanda, quando Henrique VIII iniciou a perseguição protestante contra os
católicos, mais de 1000 monges Dominicanos foram massacrados. Apenas 2
sobreviveram à perseguição.
- Na época da rainha Protestante Isabel Tudor, cerca de 800 Católicos
eram assassinados por ano, a seu mando.
- O historiador protestante Henry Hallam afirma: "A tortura e a
execução dos Jesuítas, no reinado de Isabel Tudor, foram caracterizadas pela
selvajaria e os maus-tratos físicos.”
- Um acto do Parlamento Inglês decretou, em 1652, que: "Cada sacerdote
romano deve ser pendurado, decapitado e esquartejado; a seguir, deve ser
queimado e sua cabeça exposta num poste em local público".
- Na Alemanha Luterana, os anabaptistas eram cozidos em sacos e atirados aos
rios.
- Na Escócia Presbiteriana de John Fox, durante um período de 6
anos, foram queimadas mais de 1000 mulheres acusadas de feitiçaria.
- Nas cidades conquistadas pelo Protestantismo, os Católicos tinham que
abandoná-las, deixando nelas todas as suas posses ou então converter-se ao
Protestantismo. Se fossem descobertos celebrando a Missa, eram condenados à
morte.
É um mito a afirmação de que a prática da tortura foi uma arma Católica na
Inquisição. Janssen, um escritor desse período, cita uma testemunha que
afirma:
"O teólogo protestante Meyfart descreve a tortura que ele mesmo
presenciou: 'Um espanhol e um italiano foram os que sofreram esta bestialidade
e brutalidade. Nos países católicos não se condena um assassino, um incestuoso
ou um adúltero a mais de uma hora de tortura. Porém, na Alemanha [protestante]
a tortura é mantida por um dia e uma noite inteira; às vezes, até por dois dias
(...); outras vezes, até por quatro dias e, após isto, é novamente iniciada
(...) Esta é uma história exacta e horrível, que não pude presenciar sem também
me estremecer".
Noutra altura, cita:
"Em Habsburgo, na Alemanha, no ano 1528, cerca de 170 anabaptistas
de ambos os sexos foram aprisionados por ordem do Poder Público. Muitos deles
foram queimados vivos; outros foram marcados com ferro em brasa nas
bochechas, ou as suas línguas foram cortadas. Ainda em Habsburgo, no
dia 18 de Janeiro de 1537, o Conselho Municipal publicou um decreto em que se
proibia o culto Católico e se estabelecia o prazo de 8 dias para que os
Católicos abandonassem a cidade; ao fim desse prazo, soldados passaram a
perseguir os que não aceitaram a nova fé. Igrejas e mosteiros foram profanados,
derrubando-lhes as imagens e os altares; o património artístico-cultural foi
saqueado, queimado e destruído".
Em Frankfurt, na Alemanha, foi emitida uma
lei semelhante e a total suspensão do culto Católico foi estendida a todos os
estados.
- Lutero, nos seus "Comentários ao Salmo 80", em 1530,
aconselhava os governantes que aplicassem a pena de morte a todos os hereges.
- No distrito de Thorgau (Suiça), um missionário Zwingliano, liderando um
bando Protestante, saqueou, massacrou e destruiu o mosteiro local, inclusive a
sua biblioteca e todo o património artístico-cultural.
- Erasmo de Roterdão ficou aterrorizado ao ver fiéis piedosos excitados
por seus pregadores protestantes: "Eles saem da igreja como
possessos, com a ira e a raiva estampados no rosto, como guerreiros animados
por um general". O mesmo Erasmo comenta numa carta que escreveu para
Pirkheimer: "Os ferreiros e operários arrancaram as pinturas das
igrejas e lançaram insultos contra as imagens dos santos e até mesmo contra o
crucifixo (...) Não restou nenhuma imagem nas igrejas nem nos mosteiros (...)
Tudo o que podia ser queimado foi lançado ao fogo e o restante foi reduzido a
cacos. Nada se salvou".
Foi assim que o Protestantismo destruiu parte do património cultural da Europa,
que era protegido e produzido por monges e fiéis Católicos.
- Em Zurique, Suíça, que era protestante, foi ordenada a retirada de
todas as imagens religiosas, relíquias e enfeites das igrejas; até mesmo os
órgãos foram suprimidos. A catedral ficou vazia como continua até hoje. Os
Católicos foram proibidos de ocupar cargos públicos. A assistência à Missa era
castigada com uma multa na primeira vez e com penas mais severas nas
reincidências. Mesmo fora do perímetro da cidade, era proibido aos sacerdotes
celebrar a Missa e, sob a ordem de "severas penas", era proibido ao
povo possuir imagens e quadros religiosos em suas casas.
A isto, seguiu-se a queima dos mosteiros e a destruição em massa dos templos
católicos. Os bispos de Constança, Basiléia, Lausannw e Genebra foram obrigados
a abandonar suas cidades e o território.
Um observador da época, Willian Farel,
escreveu: "Ao sermão de João Calvino, na antiga igreja de São Pedro,
seguiram-se desordens em que se destruíram imagens, quadros e tesouros antigos
das igrejas".
- Em Leifein, no dia 4 de Abril de 1525, 3000 camponeses liderados por
um pastor protestante, ex-sacerdote católico, tomaram a cidade, saquearam a
igreja, assassinaram os católicos e realizaram sacrilégios sobre o altar,
profanando os sacramentos de uma forma inenarrável.
- Um facto bem documentado, mas pouco conhecido pelos Católicos, foi o "Saque
de Roma". Foi um dos episódios mais sangrentos do Renascimento. No dia
6 de Maio de 1527, os membros das legiões Luteranas do exército imperial de
Carlos V, promoveram um levante e tomaram de assalto a cidade de Roma. Cerca de
18000 mercenários alemães lançaram-se, durante semanas, na pior das repressões,
provocando um rio de sangue normalmente "esquecido" pelos
historiadores, que não lhe prestam a devida atenção. Um texto veneziano da
época, afirma sobre este saque que:
"O inferno não é nada, quando comparado com a visão
da actual Roma". Os soldados Luteranos nomearam Lutero "Papa de
Roma".
Eis mais alguns factos sobre o Saque de Roma que alguns “estudiosos”
omitem intencionalmente:
- Todos os doentes do Hospital do Espírito Santo foram massacrados nos
seus leitos.
- Dos 55000 habitantes de Roma, 36000 foram massacrados.
- O resgate foi na ordem dos 10 milhões de ducados (uma soma astronómica para a
época).
- Os palácios foram destruídos a tiros de canhão, com as pessoas dentro.
- Os crânios dos Apóstolos São João e Santo André serviram para “jogos
desportivos” das tropas.
- Ao rio Tibre foram lançados centenas de cadáveres de religiosas,
mulheres e crianças, violentadas (muitas com lanças espetadas no seu sexo).
- As igrejas, inclusive a Basílica de São Pedro, foram convertidas em estábulos
e missas profanas com prostitutas divertiam a soldadesca.
- Gregórius, fez o seguinte relato: "Alguns soldados embriagados
colocaram ornamentos sacerdotais num burro e obrigaram um sacerdote a dar-lhe a
comunhão. O pobre sacerdote negou-se, e os seus algozes mataram-no no meio de
terríveis tormentos".
- Conta o Padre. Mexia: "Depois disso, sem diferenciar o sagrado do
profano, toda a cidade foi roubada e saqueada, não ficando nenhuma casa ou
templo que não fosse roubado ou algum homem que não fosse preso e solto apenas
após o resgate".
- Erasmo de Roterdão escreve sobre este episódio: "Roma não
era apenas a fortaleza da religião cristã, a sustentáculo dos espíritos nobres
e o mais sereno refúgio das musas; era também a mãe de todos os povos. Isto
porque, para muitos, Roma era a mais querida, a mais doce, a mais benfeitora do
que até seus próprios países. Na verdade, o saque de Roma não foi apenas a
queda desta cidade, mas também de todo o mundo".
Pouco se fala desta tragédia e verdadeiro crime contra a humanidade, mas basta
consultar qualquer livro honesto e transparente sobre a história de Roma.
James
Gruet, em 1547, que se atreveu a publicar uma nota criticando Calvino, foi
preso, torturado no potro duas vezes por dia durante um mês e, finalmente,
sentenciado à morte por blasfémia; seus pés foram pregados a uma estaca e a sua
cabeça foi cortada.
Os irmãos Comparet, em 1555, foram acusados de libertinagem e executados
e esquartejados; seus restos mortais foram exibidos em diferentes partes de
Genebra.
Melanchton, o teólogo da Reforma Luterana, aceitou ser o presidente da
Inquisição Protestante que perseguiu os anabaptistas. Como justificação,
disse: "Por que precisamos ter mais piedade com essas pessoas do que
Deus?", convencido de que os anabaptistas arderiam no fogo do inferno...
A Inquisição Luterana foi implantada com sede na Saxónia, com Melanchton como
presidente. No final de 1530, apresentou um documento em que defendia o direito
de repressão à espada contra os anabaptistas; e Lutero acrescentou de próprio
punho uma nota em que dizia: "Isto é de meu agrado".
Zwínglio, em 1525, começou a perseguir os anabaptistas de Zurique. As
penas iam desde o afogamento no lago ou em rios, até a fogueira.
John Knox, pai do Presbiteranismo, mandou queimar na fogueira cerca de
1000 mulheres acusadas de bruxaria na Escócia.
Acerca da Reforma Protestante, Rosseau disse:
"A
Reforma foi intolerante desde o seu berço e os seus autores são contados entre
os grandes repressores da humanidade".
A
violência Protestante não foi exercida apenas contra os Católicos, mas
também contra outros reformadores, que foram brutalmente violentos entre si,
como percebemos do que diziam uns dos outros:
-
Lutero disse: "Ecolampaio, Calvino e outros hereges
semelhantes possuem demónios sobre demónios, têm corações corrompidos e bocas
mentirosas".
-
Lutero afirmou por ocasião da morte de Zwínglio (1531): "Que
bom que Zwínglio morreu no campo de batalha! A que classe de triunfo e a que
bem Deus conduziu os seus negócios!", e também: "Zwínglio está
morto e condenado por ser ladrão, rebelde e levar outros a seguir os seus
erros".
-
Zwínglio não ficou atrás e dizia acerca de Lutero: "O demónio
apoderou-se de Lutero de tal modo que até nos faz crer que o possui por
completo. Quando é visto entre os seus seguidores, parece realmente que uma
legião de demónios o possui".
● Alguns
dados estatísticos da Inquisição ▲
Os pseudo-estudiosos da Inquisição, normalmente
inimigos da Igreja Católica, sempre ao longo da história têm falseado dos dados
quanto à crueldade e mortes decorrentes dos Tribunais do Santo Ofício. Esses
mesmos pseudo-estudiosos, se daqui a umas décadas olharem para o número de
mortos provocados pelos acidentes nas estradas portuguesas (500 mortos) e nas
prisões portuguesas (90 mortos) durante um ano, irão certamente afirmar que
foram consequência da crueldade da polícia de trânsito e dos guardas dos
serviços prisionais. A lógica é a mesma… é preciso é dizer mal!
Da
mesma maneira, não deixa de ser, também, hipocrisia, falar mal das mortes na
Faixa de Gaza, e ignorar que, por exemplo, no Brasil a violência urbana provoca
50 vezes mais mortos do que os conflitos na Faixa de Gaza.
O
que se passou por exemplo em Portugal quanto aos judeus, que eram obrigados a
se converter ao Cristianismo, é que sendo condenados, nunca chegavam à
fogueira, porque, ou se convertiam ou eram expulsos de Portugal. Muitos
pseudo-historiadores lendo sem entenderem, que houve condenados,
contabilizam-nos como queimados na fogueira. Mentira!... Bom, já para não falar
nas queimas por efígie, que era a queima de bonecos de palha em vez dos
condenados…
Desde
o século XIX, os historiadores têm gradualmente extraído estatísticas rigorosas
e credíveis dos registos dos Tribunais da Inquisição, a partir do qual estimativas
foram feitas, ajustando o número registado de condenações pela taxa média de
perda de documentos para cada período de tempo estudado, e detectaram-se quedas
gigantes dos valores até então difundidos.
Enquanto
que Espanha, por ter sido acusada de ter tido uma Inquisição muito cruel, teve
muitos estudos válidos sobre a Inquisição, já relativamente a Portugal quase
não existem dados sobre as execuções decorrentes do Tribunal da Inquisição.
Mesmo assim é possível construir o seguinte quadro com alguns dados sobre a
pequenez e inocuidade da Inquisição Espanhola e Portuguesa.
QUADRO COM AS MORTES PROVOCADAS POR DIVERSAS
CAUSAS |
|||||||||
|
Espanha |
Portugal |
Europa |
||||||
Mortes ð Causas ò |
Valor Total |
Número de anos |
Valor Anual |
Valor Total |
Número de anos |
Valor Anual |
Valor Total |
Número de anos |
Valor Anual |
Processos
da Inquisição Católica |
60000 |
356 |
168 |
40000 |
285 |
140 |
|
|
|
Mortos pela
Inquisição Católica |
826 |
356 |
2,3 |
47 |
285 |
0,16 |
|
|
|
Processos
da Inquisição Protestante |
|
|
|
|
|
|
Centenas de
milhares |
171 |
|
Mortos pela
Inquisição Protestante |
|
|
|
|
|
|
Dezenas de milhares |
171 |
? |
Mortos nas Estradas
em 2010 |
|
|
3600 |
|
|
500 |
|
|
|
Mortos nas Prisões em 2010 |
|
|
640 |
|
|
90 |
|
|
|
Mortos nos Hospitais
por infecções Bacterianas em 2010 |
|
|
3500 |
|
|
1050 |
|
|
50000 |
Não
há concordância absoluta para as diversas estinativas quanto ao número de
mortos na Inquisição Espanhola.
García Cárcel estima que o
número total de pessoas julgadas por Tribunais da Inquisição Católica ao longo
da sua história foi de aproximadamente 150 mil, dos quais cerca de 3000
foram mortas - só 2% do número de pessoas que foram a julgamento.
Gustav Henningsen e Jaime
Contreras estudaram os registos da Inquisição Espanhola, que lista 44674
casos, dos quais 826 resultaram em execuções e 778 em efígies (ou
seja, quando um boneco de palha era queimado no lugar da pessoa). (Murphy, Cullen. God's
Jury.
William Monter estima 1000
execuções entre 1530-1630 e 250 entre 1630-1730. (W.
Monter, Frontiers of Heresy: The Spanish Inquisition from the Basque Lands
to Sicily, Cambridge 2003, p. 53).
Jean-Pierre Dedieu estudou os
registos de tribunal de Toledo, que colocou 12 mil pessoas em
julgamento.
Henry Kamen estimou para
o período anterior a 1530, que houve cerca de 2000 execuções em todos os
tribunais da Espanha. (Jean-Pierre
Dedieu, Los Cuatro Tiempos, in Bartolomé Benassar, Inquisición
Española: poder político y control social, pp. 15-39).
Rino Camillieri, com base no
estudo dos processos da Inquisição, concluiu: "Em 50 000 processos
inquisitoriais uma ínfima parte levaram à condenação à morte, e dessas só uma
pequena minoria produziu efectivamente execuções". (Camillieri, Rino; La Vera Storia dell Inquisizione).
Rino Camillieri assegura,
ainda, que Toulouse, considerada uma das cidades em que a inquisição atingiu
grau mais forte "houve apenas 1% de sentenças à morte". (Camillieri, Rino; La Vera Storia dell Inquisizione).
Agostinho Borromeu, historiador
que estudou a inquisição espanhola pontua: "A Inquisição na Espanha
celebrou, entre 1540 e 1700 (160 anos), 44.674 juízos. Os acusados condenados à
morte foram apenas 1,8%, isto é, 804 execuções e, destes, 1,7%, isto é,
13 foram condenados em queima de efígies".
Adriano Garuti, historiador
escreve: "Contrariamente ao que se pensa, apenas uma pequena fracção do
procedimento inquisitorial se concluía com a condenação à morte." (Garuti, Adriano; La Santa Romana e Universale Inquisizione).
Rino Cammilleri diz ainda:
“As fontes históricas demonstram muito claramente que a inquisição recorria à
tortura muito raramente. O especialista Bartolomé Benassa, que se ocupou da
Inquisição mais dura, a espanhola, fala de um uso da tortura 'relativamente
pouco frequente e geralmente moderado.” “O número proporcionalmente pequeno de
execuções constitui um argumento eficaz contra a lenda negra de um tribunal
sedento de sangue.” (Camillieri, Rino; La
Vera Storia dell Inquisizione).
Henry Kamen,
historiador, afirma "as cenas de sadismo que descrevem os escritores que
se inspiraram no tema possuem pouca relação com a realidade." (Kamen, Henry; La inquisicion española: una revisión histórica).
Se
associarmos os dados do Quadro seguinte com o número de processos da Inquisição
instaurados em Portugal, facilmente compreenderemos que os casos em Portugal
foram essencialmente relacionados com as pressões exercidas sobre os judeus
para a conversão ao Cristianismo.
● Conclusões ▲
Como
se pôde ver, quase todo o mal que diz da Inquisição Católica, vem de sectores
inimigos da Igreja Católica. A outra parte vem dos que se deixaram enganar por
eles. O objectivo dos inimigos da Igreja Católica, é o de denegrir e atacar,
criando uma animosidade contra ela e evitar conversões à sua Doutrina. Como
disse o Arcebispo Fulten Sheen:
“Não
existem mais de 100 pessoas neste mundo que realmente odeiem a Igreja Católica,
mas há milhões que odeiam o que elas pensam ser a Igreja Católica.”
Arcebispo Fulten
Sheen
De facto, os males de que acusam a Inquisição
(em abstracto), foram os levados a cabo pela Inquisição Protestante,
que essa, em vez de combater os hereges, perseguiu os Católicos e levou-os
à morte sem piedade.
A Inquisição Católica veio moderar e
introduzir justiça e contenção na fúria e revolta contra os hereges e
bruxas, perpetradas pelos Tribunais Civis e pelas mãos do próprio povo.
A avaliação da Inquisição tem de ser feita com os
olhos e com os referenciais da moral do seu tempo, e não com os critérios
de hoje em dia, pois viviam-se tempos cruéis e sanguinários, em que,
independentemente da Igreja, os Tribunais Civis e o próprio povo, cometiam, sem
dó nem piedade, os crimes mais horrendos e cruéis.
Nos casos de Portugal e Espanha, a Inquisição foi
pedida pelos Reis, para travar as injustiças e os desmandos que grassavam
em seus Reinos.
Os próprios santos da época, em que houve a Inquisição,
nunca se rebelaram ou insurgiram contra ela, pois concordavam, limitando-se só
em alguns casos, em criticar a aplicação da pena de morte.
No cômputo geral, foi muito maior o bem que a
Inquisição trouxe ao mundo, do que o mal que fez. E se porventura houve
alguns excessos e malefícios decorrentes da intervenção da Igreja, foi
claramente a opção por um mal menor, e, por eles, o Papa João Paulo
II pediu solenemente perdão ao mundo, em 2002.
Papa João Paulo II
www.amen-etm.org/Inquisicao.htm