GALERIA DE POEMAS de ALBERTINA DE
BIANCHI
Poemas de Albertina de Bianchi
● POEMAS DE AMOR ●
Publicado
em Abril de 2012
Auto retrato de Albertina de Bianchi
Estes Poemas
que a seguir transcrevo, são alguns dos que a minha mãe transcreveu pelo seu
próprio punho, a partir de 23 de Agosto de 1976, para um livro encadernado, a
pedido do meu pai.
Ao
longo da sua vida foi escrevendo, de vez em quando, alguns versos, ou orações,
que lhe brotavam do coração, e nada mais eram do que o reflexo de um amor
imenso que tinha a Jesus. Inicialmente foram escritos em pequenas sebentas, em
Vale de Lobos, que era uma quinta que tínhamos no concelho de Sintra, das quais
seleccionou alguns versos, e os transcreveu para aquele livro, no qual, nas
duas primeiras páginas, explica a sua razão de ser:
« 23 de Agosto de 1976 V
Esta pretensão de escrever os meus
versos… ou como eu lhes chamo, as minhas orações da manhã!
Num livro tão pomposo, não foi de
maneira nenhuma ideia minha, mas, do meu marido, em honra de quem o faço, visto
tanto lhe agradar.
Todas, ou quase todas são dirigidas ao
meu, ao nosso adorado Jesus! Portanto, um cântico de um amor, que quereria ser
grande, grande, mas não sabe ser. No entanto, esse amor à minha medida, que me
fazia cantar de madrugada, às vezes quase sem luz em que eu pegava num lápis e
às escuras, e para não perder esse cântico que me ia no coração… o escrevia, às
escuras, para não acordar a minha outra metade, que dormia.
E assim, passados tantos anos, quantos
não sei, pois que datas, era e é raro pô-las, vou pô-las a limpo.
Sem pretensão a que sejam lindos, são exactamente
o que sentia naquele momento. E como a boca derrama o que sente o coração! Ai
não, querendo sempre dizer como S. Paulo: “Não sou eu que vivo, mas Cristo que
vive em mim”!
Na
terceira página, com o que tinha à mão, pintou um rosto de Jesus.
Ele, no meio de uma trovoada!
Oração ao Anjo da Guarda
Anjo da minha Guarda!
Meu celeste
guardador!
Rogai a Nosso
Senhor
Pr’a que eu
passe todo o dia,
Numa
constante harmonia
Com o Seu
Divino desejo…
E que esta
minha oração…
Vá junto ao
Seu Coração!
Esta oração
ao Anjo da Guarda foi a primeira de todas as minhas orações. Muito antes das
outras, talvez mais de um ano…
Valle de Lobos
Há Sol se olhar p’ra Jesus
Às vezes é
noite escura!
Tão escura…
tão escura…
Que não
consegue ver Céus.
É a minha
altura tão franzina,
Tão pequena, tão mesquinha!...
Não sabe
rezar a Deus.
Não há Sol,
não brilha o céu
Está nublado
como eu…
E tudo pesa
em redor.
É chuva,
vento ou trovão…
E a pobre
imaginação
Que cansada
não vê luz!
Mas porquê
tanta tristeza?
Tanto choro e
incerteza?
Há Sol se
olhares p’ra Jesus.
Valle de Lobos
Meu Jesus, sois meu Amor!
O meu Deus, o
meu Senhor.
Meu irmão por
natureza…
Pois que a
Vossa Mãe, Senhor,
É minha Mãe
com certeza.
Meu Jesus
quando em Vós penso…
Sinto o
coração suspenso…
A ver se vos
vejo ou não.
Mas lá está…
Belo, Sereno!
Num cantinho
tão pequeno
Da minha
imaginação.
Sois um Deus
omnipotente,
Mas de um
olhar tão doce, ardente,
Que me abrasa
o Coração!
E acodes
Com tal
ternura…
Que enquanto
esta ilusão dura,
Nem sei se vos
vejo…
Ou não…
Valle de Lobos
Meu adorado
Jesus,
Meu constante
pensamento,
Deixai-me
ver-Vos Jesus,
Inda que seja
um momento!
Como se fosse
num sonho,
Como num
pensamento,
Mas que o
Vosso olhar de luz
Me olhe por
um momento.
Valle de Lobos
Meu adorado
Jesus,
Que morreste
numa cruz
Por toda a
humanidade!
Porque
estendeste Jesus
Tão longe a
Tua bondade?
Se inda há os
que não crêem
Que isso
fosse uma verdade.
Para mim é
tão bom pensar
Que andaste
por este mundo,
E só para nos
livrar
Desse inferno
tão profundo!...
Ó meu Deus!
Abri os
olhos!
Àqueles que
não são crentes!
Tocai-lhes o
coração!
Aos que vivem
indiferentes.
Ó meu Deus!
De qualquer
forma…
Fazei ver
toda a gente
Que para além
deste mundo…
Inda há
outro…
Bem
diferente.
Mas há quem
não não creia?
Não.
Quem não
queira…
O Seu perdão…
Quem não se
importe saber…
Quem é o Todo
Poderoso,
De olhar
triste e amoroso
Que só nos
quer socorrer.
Meu adorado Jesus
É esta a
minha oração,
Aquela que,
com mais fervor
Me sai do meu
coração.
Se eu rezo um
Pai-Nosso,
Se rezo uma
Avé-Maria,
Não sinto
tanta alegria
Como com
estas linhas
Do pé pr’á
mão.
Perdoai-me
meu Jesus
Se acaso
estou blasfemando
Mas Vós bem
sabeis, Senhor,
Que assim é
que estou rezando.
Mas… se a Vós
vos apraz
Que se reze o
Pai-Nosso…
Ensinai-me a
rezar
E a nele
meditar
Segundo o
desejo Vosso.
Sinto que
ando tão fugida,
Tão longe do
meu Amor.
É como que
uma descida,
A fugir numa
corrida,
De Jesus
Nosso Senhor.
Mas bem
sabeis meu Jesus
Que sois
sempre preferido
A tudo o que
por cá vai!
Se o meu
coração resvala
Se do nada
ele se embala
Só treme…
Mas nunca
cai…
Graças a Vós
meu Deus!
É como que um
baloiço,
Que tão alto
nos atira…
Mas também…
Depois à
volta…
Vai mais alto
que saíra.
PS - Agora
vejo e com alegria que se aqui, eu como todos, sentimos aridez de espírito,
logo apelamos para a Virgem Santíssima, a nossa Mãe do Céu.
Ó Virgem mãe do Senhor,
De pura e
excelsa beleza!
A quem com
todo o fervor
Todo o mundo
implora!... E reza.
Não me
abandoneis a mim,
Nesta
inconstância!
E tristeza.
Sois da Paz a
Mensageira,
Pois se dela
és a Medianeira
Dai-me um
pouco dela a mim.
E se me
quiseres ajudar…
Volver para
mim Vosso olhar,
Com certeza
hei de vencer…
E não
continuar a ser
O que tenho
sido…
Até aqui.
Virgem Maria
Bendita Mãe,
Quero que
sejas minha também.
Virgem Maria
Mãe do
Senhor,
Sê a minha
vida
Sê o meu
Amor.
Se a minha vida
É uma corrida
Que ela não
seja vida perdida,
Mas que um
dia…
Então no Céu,
Eu possa
ver-Te
E ao Filho
Teu.
À Virgem mãe do Céu
Ó Virgem Santa Maria
Tão pura e
que estais nos Céus
Tão pertinho
do meu Deus!
Rogai a Nosso
Senhor!...
Vosso Filho…
E meu Amor.
Para que a
minha vida,
Embora
andasse perdida
Em banalidade
errante…
Agora, para
diante
Seja seu olhar
constante,
Vosso
Filho!...
E meu Senhor!
Meu adorado Jesus,
Meu Divino
companheiro,
Vós sois a
alegria, a luz,
A vela do
mundo inteiro.
E seguindo a
Vossa rota
Vós velais
por mim também…
É a
esperança, que me resta,
A única que
leva além!
Sois a Luz,
A alegria,
De todo e
cada momento.
O Sol e a
fantasia
Que me enche
o pensamento,
E é em suas
asas
Que eu voo
Sempre para
junto de Vós!
Sempre!...
Em redor dos
Céus
Sempre,
cantando ao meu Deus!
Como a
borboleta voa
Sempre, em
torno da luz…
Assim, me
levam as asas
Sempre em
volta!
De Jesus.
Um sonho que tive tão real e verdadeiro, que nem queria acordar.
Meu Deus, voltar a sonhar!
Voltar a ver…
esse olhar…
Jamais terei,
sonho assim!...
Numa ruazinha
escura
Onde Vós todo
brancura…
Parecias esperar
por mim.
Tinha uma luz
azulada…
Essas ruela
inclinada…
Onde eu ao
cimo parei,
Ao ver-Vos
todo de branco
Envolvido em
Vosso manto…
E a ver-Vos
ali fiquei…
Mas… Logo Vós
vos voltastes
E para uma
casa entrastes.
E em Vosso
lugar, ficou!
Ali!... Suspensa
no ar!...
E um momento
a brilhar…
Uma Hóstia,
irradiou!...
Como que a me
chamar
A Si… que tão
pouco vou.
Então… corro
para Ela.
Mas de
repente… estaquei…
Em frente à
velha janela…
Quero contar…
Mas nem sei.
Na velha
madeira, eu vejo,
O Santo Sudário,
gravado,
Mas sem
perder a expressão,
Era como que
um gradeado…
Por onde
através eu vejo
Um rosto
iluminado…
E atrás dos
olhos sem vida,
Uns outros,
cheio de luz!
E quedo-me
estarrecida
Ante a Face
tão querida!
Que deve ser
bem…
Jesus.
PS - A seguir
ao sonho maravilhoso que acabei de contar, ao qual atribuí uma chamada de Deus
para a Sagrada Comunhão, a que muito pouco ia por escrúpulos não fundados, eu
passei muito tempo sem fazer as minhas orações (versos) nem sonho, nem nada. No
entanto a minha comunhão passou a ser diária; o que muita alegria me dava.
Lembro-me sempre que quem deu o significado a este sonho foi a Maria Cabral,
minha muito amiga com quem tinha grandes conversas ao telefone, sobre tudo
quanto havia de espiritual. Ela era uma grande alma. Então fiz os versos que se
seguem.
Oh Jesus!
Porque fugiste?
Nem sonho!
Nem pensamento…
Nem vindas
por um momento?
Alegrar meu
coração?
Que só a Vos
ver aspira,
Que chora por
não Vos ver,
E de nãoo Vos
ver se mirra!
Num sonho…
Num
pensamento!
Mas vivo por
um momento!...
Meu Deus
Que saudade
sinto…
E dizendo
assim, não minto.
Saudades de
Vós! Senhor.
Mas… j+a
alguma vez Vos vi?
Já alguma vez
Vos senti?
P’ra ter
saudades? Senhor.
Não sei…
Mas isto é
saudade
Que eu sinto
dentro do peito
Que nunca
está satisfeito
Não pensando
em Vós…
Senhor.
E eu choro, e
que desalento…
Chega a ser
quasi um tormento…
Isto de não
Vos ver.
Num sonho…
Num pensamento!...
Mas vivo por
um momento!...
Mais uma
vez!...
Tem de
ser!...
27-4-1957
3 de Junho de 1957
Meu Deus!
Se eu chego
algum dia
A ver bem, o
Vosso olhar…
Por que a
minha alma suspira
E passa a
vida a chamar.
Não sei…
Depois desse
dia,
Se voltarei a
viver…
Mas se assim
for… há-de ser,
P’ra nEle a
vida passar.
E nEle, que
eu passe a vida
N’aflição…
alegria… ou dor.
E nEle que eu
passe os dias,
Chorando!...
Cantando… ou
rindo,
Mas tudo,
para vós! Senhor.
Depois de uma
semana e tal sem nenhuma manifestação espiritual, pensava que não voltaria a a
fazer nenhuma das minhas orações.
Tenho andado
de há uma semana para cá muito aborrecida e triste… por isso, tenho andado tão
chegada ao meu adorado Jesus.
Esta manhã
acordei muito cedo e quasi sem pensar, já estava a fazer esta seguinte oração.
E não posso deixar de dizer como Santo Agostinho:
«Senhor meu
Deus, Trindade una! Se eu digo nestas orações alguma coisa que venha de Ti… que
Tu e os Teus o reconheçam. Se ao contrário, isto vem de mim, que Tu e os Teus
me perdoem!»
(Santo
Agostinho)
3 de Junho de 1957
E os meus
olhos não Vos vêem…
Dizei meu Jesus.
Porquê?
Se com todo o
meu amor…
A minha alma
Vos vê.
E vê-Vos…
Tão clarinho…
Sorrindo com
tal carinho
Tão cheio de
amor, por mim.
Que se isto é
uma ilusão…
Não deixai
meu coração,
Viver
sonhando…
Assim.
2 de Setembro de 1958
Ó meu Jesus adorado!
Vós que
podeis ser amado,
À loucura se
quiseres,
Aproximai-Vos
um dia,
Como fizeste
a Maria,
E às outras
santas mulheres!
Se ela tão
pecadora,
Deste-lhe o
Vosso amor,
Deste-lhe a
Vossa Mãe,
Então Senhor
posso esperar
O Vosso
perdão também!...
Foi por tanto
Vos amar
Que ela tanto
conseguiu?
Meu Jesus…
Eu vos adoro!
E no Vosso
amor, confio.
Ela
amou-vos muito mais
Porque Vos
viu Senhor!
Mas eu quero
Vos amar,
Dar-Vos todo
o meu amor. V
24 de Novembro de 1958
Meu Jesus, Sois o Senhor.
Mas para mim…
Meu amor!
Rei do
universo inteiro.
Mas para mim…
Companheiro!
Porque Vos
vejo eu assim?
Tão querido
sois para mim,
Que quando
penso que És Deus…
Que É Tu que
mandas nos Céus,
Na Terra,
Mares,
nas aves,
Flores e animais…
e em tudo o que
existe mais…
sinto tamanha
alegria!...
que me invade
e inebria,
Por ser Ele a
companhia,
Que vela por
mim de noite…
Que me
acompanha de dia.
Ai
perdoai-me, Senhor,
Talvez não
saiba o que digo
Mas… tudo
isto é Contigo
E tudo isto é
amor!
Este resto é de 1976
E será esta a
maneira
de chegar até
Vós Senhor?
Há tantas
tantas maneiras
Só Vós o
sabeis, Senhor.
Na noite seguinte ao Santíssimo Nome de Jesus - 5-1-1959
Jesus!...
Oh, Bendito
Nome…
Tanto gosto
de o dizer!
Se o leio…
Se o ouço…
Sinto-me estremecer.
Jesus!...
Este é o nome
Que eu mais
gosto!
Que adoro
pronunciar!
Se eu falo de
Jesus…
Nunca mais
quero parar…
Se me mudam a
conversa
Sinto tamanha
tristeza…
Por ver que
há outros… que O ouvem…
Este tão
bendito Nome…
Com uma tão
grande frieza!...
Amor com amor
se paga…
Foi assim que
alguém cantou…
Mas…
Frieza, é a
paga
Pr’aquele que
tanto amou!...
Dia de Nossa Senhora das Dores
Pai do Céu
Que no Céu
moras,
Que do Céu
pedes, imploras
A nossa Fé, a
nossa dor.
E nós fugimos com medo,
Como quem
foge do degredo,
Fugimos ao
Seu amor.
Oh Pai do Céu
bem amado!
Por Vosso
Filho Adorado,
Recebei meu
Coração!...
E moldai-o à
Vossa imagem,
E deste amor
que é miragem,
Transformai-o
em paixão.
Paixão que só
pra Vós corra,
Paixão tão
viva que morra,
Abrasada em
Vosso amor.
Paixão que
não esmoreça.
Paixão que
não desfaleça,
Mesmo que a
mateis de dor.
Quinta feira Santa, 26 de Março de 1959, dia do seu Crisma tardio
Oh Divino Espírito Santo,
Que eu desejo
tanto, tanto.
Desça sobre
mim também,
E que em meu
peito, convicta,
Ele fale, e
eu repita,
A alguém que
depois transmita
Por essas
terras além!...
Ó Cruz
bendita!
Que teve a dita
De suportar,
Esse que um dia
Seu sangue
iria
Ali derramar…
E
trespassado,
Seu coração
bendito,
Seu último
grito…
E perdoar!
Inda há quem
passe
Quem veja,
uma cruz,
E não ajoelhe
aos pés de
Jesus.
À mãe morta. 28 de Abril de 1959
E já se levanta o dia
Escuro…
E sem alegria
E aqui me
encontra
A chorar!
Por ti…
Oh minha mãe
querida!
E agora na
tua ida,
Vai a Deus,
por mim implorar.
Ó minha mãe,
Que na Terra,
Me amou
tanto!...
E eu tanto…
amei!
Receba o
beijo tão terno,
Que da Terra
lhe mandei.
Virgem Santa
Mãe de Deus
Santa Mãe, do
meu Senhor.
Quem me dera,
Virgem Santa,
Se Tua
bondade é tanta!
Sentir que me
tens amor!
Cascais, Domingo, 19 de Setembro de 1964
Jesus! Meu
Divino amor!
Só Vós, sois
o meu Senhor,
Amor,
pensamento, visão querida!
Luz… da
estrada percorrida!...
Caminho,
vontade e vida…
Da que está
para percorrer…
Se no caminho
esmoreço…
Nunca me
chego a perder.
Esmorecida e
vacilante…
Teu olhar me
leva avante…
E lá vou por Vossa mão.
Vossa Face…
Como é linda,
Amor,
realidade infinda…
Que aninho em
meu coração.
28 e 29 de Outubro de 1968
Senhor! Porquê um deserto?
Se em Vosso
peito aberto…
Deserto não
pode haver…
Mas, vi-Vos
lá no deserto
Com o vosso
rosto coberto
Para o
deserto não ver.
Mas depois…
Vindo mais
perto,
Vendo-me a
mim, no deserto
Sozinha…
E a Vos
espreitar…
Encantada,
estarrecida…
E sozinha…
ali perdida,
Deitaste-me o
Teu olhar,
Numa face
bela… e calma…
Que no
deserto da alma…
É um oásis a
brilhar.
Que majestade
e beleza!...
Que andar
firme!...
Que nobreza!
Extasiada e
surpresa…
Pensei…
É Ele… é
Jesus
Com certeza.
E assim lá
foi seguindo
Sem me deixar
acordar,
Deste sonho
lindo, lindo!
Que eu gosto
de recordar.
E assim lá
foi andando
E quando ia,
já a partir,
E como um
adeus…
Um aceno!
Fez-me sinal
de O seguir!
Este verso
teve uma variante da qual fiz também uma música que gravei em fita magnética.
Senhor!
Porquê um deserto?
Se em Vosso
peito aberto…
Deserto não
pode haver…
Mas, vi-Vos
lá
No deserto
Com o vosso
rosto coberto
Para o
deserto não ver.
Deserto da
nossa vida
Quando ela
anda perdida
Por não Vos
querer encontrar,
Por não ver
que és a guarida
Desta nossa
pobre vida
Que teima em
não Vos olhar…
Essa face
bela e calma
Que no
deserto da alma
É um oásis… a
brilhar.
Acordei e
fiquei desolada.
Por mim, acho
que este sonho que muitos acharão um sonho qualquer, mas que para mim teve uma realidade
tão grande, que ainda hoje, ouço os Seus passos na areia, e o ranger da areia
ao peso de tamanha majestade e beleza, que para mim, de maneira nenhuma foi um
sonho qualquer… mas sim querendo dizer-me:
«Se te
debruçares bastante sobre tudo quanto Me diz respeito e com um verdadeiro
desejo de Me ver… (como eu fiz no sonho quasi com perigo de cair do pequeno
monte onde estava e no qual Ele passou por baixo) vez-Me!»
E o aceno da
mão dizia: «Segue-Me e encontra-Me.»
Não acho nada
de extraordinário, pois acredito que todos os que o procuram com persistência e
sem desânimo… Encontram-nO.
De resto,
isto não sou eu que penso, pois Ele no Seu Evangelho diz: «Pedi e recebereis.
Procurai e encontrareis». Pois foi comigo e com todos os que o procuram e amam
de coração sincero.
29 de Maio de 1959
Meu adorado Jesus!
Que me deste
a Vossa Luz,
E que sois
tudo para mim!
Não me
deixeis fugir
E no abismo
cair…
E morrer para
sempre…
Assim.
2 de Abril de 1960
Eu nasci para
Vos amar,
E aqui me
tendes Senhor.
E aos Vossos
pés, meu amor
Estou pronta…
Pr’a o que
vier…
E se for
preciso a dor…
Amor!
Ajudai-me a
levar.
À minha mãe
Maria!
Este lindo
nome…
É o nome da
Mãe do Céu.
Maria era
também…
O da mãe…
Que deus, me
deu.
Ao meu Joãozinho “Leco”
Há nada mais lindo…
Que a alma a
brilhar?
Há nada mais
lindo…
Que o Sol, a
nascer?
Há nada mais
lindo…
Que o teu
olhar?
Há nada que
eu goste…
Como de te
ver?
Num sonho que tive em Valle de Lobos, em Julho ou Agosto de 1957
Num sonho…
Eu vi um dia…
O meu
adorado, Jesus,
E a Sua Face
irradia…
E uns olhos…
cheios de
luz.
Num segundo sonho que tive em Valle de Lobos, em Julho ou Agosto
de 1957
Num outro
ouvi uma voz…
Que de longe,
me chamava…
Mas tão
longe…
De tão longe…
Que quasi,
murmurava.
«Minha… filha…»
me dizia.
E eu… toda eu tremia!...
Mas, neste
instante acordava,
Mas a
impressão persistia…
E então, nem
me mexia…
E transida…
me quedava!
Neste segundo sonho, foi no quarto da Rita, a Ritinha, nessa
época, tão suavezinha, como todos e eu também achava. Ela tinha grandes dores,
que vieram a acabar em apendicite à qual foi operada. E eu passava muitas
noites com ela. E foi numa dessas noites em que dormi na cama com ela, que tive
este sonho. E lembro-me dos arrepios que senti com esta voz (Minha filha!) que
vinha de tão longe. E eu fiquei arrepiada durante tanto tempo sem coragem de me
mexer.
Todos estes
sonhos que conto para diante, não são fantasia… sonhei realmente. E alguns mais
que não soube pôr em verso…
Valle de Lobos, em Julho ou Agosto de 1957
Outro foi…
Numas ruínas
Onde existia,
uma cruz
Atirada para
um canto…
Mas lá
pregado… Jesus.
Eu então
aproximei-me
Por
curiosidade e dó
Vendo o meu
Jesus
Ali, atirado…
e só!
Essa Face
Abandonada…
Tão bela! E
ali pregada,
Começa a se
contrair
E nos olhos
duas lágrimas…
Brilham… e
vão cair!
A minha
primeira ideia…
Foi logo…
dali fugir…
Mas, não
posso…
Porque vejo…
Que o meu
Jesus… vive ainda…
E começa a
contorcer-se…
Numa agonia…
infinda!
Apavorada…
Não posso…
Ficar ali por
mais tempo…
Ao ver-Vos, ó
meu Jesus
Em semelhante
tormento!
Meu Deus que
Ele se mexe!
Meu Deus que está vivo ainda!
E como todo
Ele é belo!
E como a sua
Face é linda!
Inda há
outros…
Mas não
posso,
Não sei bem como contar…
E a minha
vida…
É sonhando…
Com vontade
de chorar.
Uma manhã
destas em Valle de Lobos acordei a altas horas, e quando voltei a fechar os
olhos, vi, mas muito claramente a Face de Jesus, linda, linda! E eu pensei… mas
isto é Jesus, mas estou vendo tão, tão claro, como se estivesse a ver mesmo.
Mas como não queria acreditar, abri os olhos e voltei a fechar e já era outra a
visão.
É Jesus
também, mas como deitado na cruz. Tão lindo! A sua pele era tão branca, mas com
um tom dourado. Tinha uma barba fininha, mas escura muito marcada.
Não sei dizer
mais, porque ainda o vi noutras posições,
mas já não me lembra bem ou não posso explicar. O que me lembra é que
estava acordada, mas com os olhos fechados.
Nesta altura
pensei «Mas isto é como Santa Tereza O via». Mas isto foi há bastante tempo, e
penso que acabei por adormecer.
PS - 1976 -
Isto está tudo pessimamente escrito, mas
quis pôr tudo como o tinha escrito no momento, pois agora já pouco me lembro.
Graças a
Deus.
Albertina de Bianchi
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Albertina,
Esposa fidelíssima, Mãe amorosa, Pintora genial
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coração!
João Bianchi
Contacto por Email: jbianchi3@gmail.com