Como o
demónio se protege, infiltrando-se na Igreja Católica
Nesta entrevista ao Padre
Gabriele Amorth, fica claramente provada a acção diabólica dentro da própria
Casa de Cristo, na qual o demónio se infiltra, através de padres sem a
Verdadeira Fé, e pertencentes à maçonaria eclesiástica, para divulgarem a
apostasia e retirarem o poder que existe dentro da Igreja Católica para
combater as forças infernais.
6
de Junho de 2001 - A fumaça de Satanás na casa do Senhor
Passaram-se 29 anos desde aquele 29 de Junho
de 1972. Era a festa de São Pedro, príncipe dos apóstolos, aquele que trouxe o
Evangelho de Cristo até o extremo Ocidente. E naquele 29 de Junho, festa dos
santos protectores de Roma, o sucessor de Pedro que assumira nome de Paulo
lançou um dramático alerta. Paulo VI falou do inimigo de Deus por antonomásia,
daquele inimigo do homem que se chama Satanás. O inimigo da Igreja.
"Através de algumas frestas", denunciou Paulo VI, "a fumaça de
Satanás entrou na Igreja". Um grito angustiado, que deixou muita gente
surpresa e escandalizada, mesmo dentro do mundo católico.
E hoje, 29 anos depois? Aquela fumaça foi
afastada, ou invadiu outros cómodos? Fomos perguntar a uma pessoa que lida
todos os dias com Satanás e suas astúcias. Quase como profissão. É o exorcista
mais famoso do mundo: padre Gabriele Amorth, fundador e presidente “ad honorem”
da Associação Internacional dos Exorcistas. Fomos falar também com ele porque
algumas semanas atrás, dia 15 de Maio, foi aprovada pela Conferência Episcopal
Italiana (CEI) a tradução italiana do novo Ritual dos Exorcismos. Para entrar
em uso, espera somente o placet da Congregação para o Culto Divino e a
Disciplina dos Sacramentos.
- Padre Amorth, finalmente está pronta a
tradução italiana do novo Ritual para os Exorcistas.
Gabriele Amorth
- Sim, está pronta. No ano passado a Conferência Episcopal Italiana recusou-se
a aprová-la porque havia erros na tradução do latim. E nós, exorcistas, que
temos de utilizá-la, aproveitamos para assinalar mais uma vez que não
concordamos com muitos pontos do novo Ritual. O texto básico em latim, nesta
tradução, continua inalterado. E um Ritual tão esperado, no fim, torna-se um
bluff. Uma "amarra" inacreditável, que pode impedir o nosso trabalho
contra o demónio.
- É uma acusação muito grave. A que o senhor
se refere?
- Dou apenas dois exemplos. Bem evidentes. No ponto número 15,
fala-se de malefícios e sobre a maneira de se comportar diante deles. O
malefício é um mal causado a uma pessoa recorrendo ao diabo. E pode ser feito
de várias formas, com trabalhos, maldições, maus-olhados, vudu e macumba. O
Ritual Romano explicava como enfrentá-lo. O Novo Ritual, por sua vez, afirma
categoricamente que há proibição absoluta de fazer exorcismo nestes casos.
Absurdo. Os malefícios são na grande maioria da vezes a causa mais frequente
das possessões e dos males causados pelo demónio: nada menos de (90% das vezes.
É como dizer aos exorcistas que não ajam mais. Já o ponto 16 afirma solenemente
que não se deve fazer exorcismos se não se tem a certeza da presença diabólica.
É uma obra-prima da incompetência: a certeza de que o demónio está presente em
uma pessoa só pode ser obtida fazendo o exorcismo. E tem mais: os redactores
não se deram conta de que contradiziam, em ambos os pontos, o Catecismo da
Igreja Católica, que indica a realização do exorcismo tanto no caso das
possessões diabólicas quanto no dos males causados pelo demónio. Da mesma forma
como indica que deve ser feito tanto nas pessoas quanto nas coisas. E nas
coisas nunca há a presença do demónio, há apenas a sua influência. As
afirmações presentes no Novo Ritual são muito graves e prejudiciais, fruto de
ignorância e inexperiência.
- Mas não foi redigido por especialistas?
- Não, absolutamente. Nestes dez anos, duas comissões trabalharam
no texto do Ritual: a composta por cardeais, que organizou os Prenotanda, ou
seja, as disposições iniciais, e a comissão que organizou as orações. E posso
afirmar com certeza que nenhum dos membros das duas comissões jamais fez
exorcismo nem assistiu a exorcismos, assim como não tem a menor ideia de como
sejam os exorcismos. Esse é o erro, o pecado original, desse Ritual. Nenhum dos
colaboradores que participaram era especialista em exorcismos.
- E como isso é possível?
- Não pergunte para mim. Durante o Concílio Ecuménico Vaticano II
cada comissão tinha a colaboração de um grupo de especialistas que ajudavam os
bispos. E este costume se manteve também depois do Concílio, todas as vezes que
foram feitas alterações no Ritual. Mas não neste caso. E se há um assunto sobre
o qual há a necessidade de especialistas, é esse.
- E como foi neste caso?
- Neste caso nós, exorcistas, não fomos jamais consultados. E as
sugestões que fizemos também foram recebidas de má vontade pelas comissões. A
história é paradoxal. Posso contá-la?
- Claro.
- À medida que, como solicitara o Concílio Vaticano II, as várias
partes do Ritual Romano eram revistas, nós, exorcistas, esperávamos que fosse
tratado também o título XII, isto é, o Ritual dos Exorcismos. Mas evidentemente
não era considerado um assunto importante, já que passavam os anos e não
acontecia nada. Depois, inesperadamente, em 4 de Julho de 1990, saiu o Ritual
ad interim, experimental. Para nós foi uma verdadeira surpresa, pois nunca
tínhamos sido consultados antes. Embora tivéssemos já há muito tempo feito
pedidos, em vista de uma revisão do Ritual. Entre outras coisas, solicitávamos:
retoques nas orações, acrescentando invocações a Nossa Senhora que faltavam
completamente, e um aumento das orações especificamente exorcistas. Mas fomos
completamente excluídos da possibilidade de dar qualquer contribuição. Não nos
desencorajamos: o texto era feito para nós. E dado que na carta de apresentação
o então Perfeito da Congregação para o Culto Divino, cardeal Eduardo Martinez
Somalo solicitava às conferências episcopais que enviassem, no prazo de dois
anos, "conselhos, sugestões dadas pelos sacerdotes que utilizarão este
texto", começamos a trabalhar. Reuni dezoito exorcistas escolhidos entre
os maiores especialistas do planeta. Examinamos o texto com muita atenção.
Utilizamo-lo. Logo elogiamos a primeira parte, na qual estavam resumidos os
fundamentos evangélicos do exorcismo. É o aspecto bíblico-teológico, no qual
certamente não falta competência. Era uma parte nova, com relação ao Ritual de
1614, composta sob o papado de Paulo V: de resto, na época, não havia
necessidade de lembrar destes princípios, que eram reconhecidos e aceitos por
todo mundo. Hoje, ao contrário, é indispensável lembrá-los. Mas quando
examinamos a parte prática, que requer o conhecimento específico do assunto,
percebe-se claramente a total inexperiência dos redactores. As nossas
observações foram eloquentes, artigo por artigo, e enviamos a todos os
interessados: a Congregação para o Culto Divino, a Congregação para a Doutrina
da Fé, as Conferências Episcopais. Também foi entregue uma cópia directamente
nas mãos do Papa.
- E essas observações, como foram acolhidas?
- Péssima acolhida, nenhuma eficácia. Tínhamos nos inspirado na
Lumen gentium, na qual a Igreja é descrita como um "Povo de Deus". No
número 28, fala-se da colaboração dos sacerdotes com os bispos, e no número 37
é dito com clareza, chegando até mesmo a referir-se aos leigos, que
"segundo a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm a
faculdade, aliás, algumas vezes até mesmo o dever, de apresentar o seu parecer
sobre coisas atinentes ao bem da Igreja". Era exatamente o nosso caso. Mas
tínhamos nos iludido, ingenuamente, de que as disposições do Vaticano II
tivessem chegado às congregações romanas. Em vez disso, tínhamos nos visto
diante de uma muralha de recusa e desprezo. O Secretário da Congregação para o
Culto Divino fez um relatório à comissão cardinalícia no qual dizia que seus
únicos interlocutores eram os bispos, e não os sacerdotes ou os exorcistas. E
acrescentava textualmente, a propósito da nossa humilde tentativa de ajuda como
especialistas que expressam seu parecer: "Tivemos de constatar o fenómeno
de um grupo de exorcistas e chamados demonólogos, reunidos em uma Associação
Internacional, que orquestravam uma campanha contra o rito". Uma acusação
indecente: nós jamais orquestramos nenhuma campanha! O Ritual era dirigido a
nós, e nas comissões não tinham convocado nenhuma pessoa competente; era mais
do que lógico que tentássemos dar a nossa contribuição.
- Mas então quer dizer que para vocês o Novo
Ritual não pode ser utilizado na luta contra o demónio?
- Sim, queriam nos entregar uma espada sem fio. Foram canceladas as
orações eficazes, orações com 12 séculos de história, e foram criadas novas,
ineficazes. Mas, felizmente, foi-nos dada na última hora uma possibilidade de
salvação.
- Qual?
- O novo Perfeito da Congregação para o Culto Divino, o cardeal
Jorge Medina, acrescentou ao Ritual uma Notificação. Na qual se afirma que os
exorcistas não são obrigados a usar esse Ritual, mas, se quiserem, podem
utilizar ainda o antigo, com prévia solicitação ao bispo. Os bispos, por sua
vez, devem pedir a autorização à Congregação, que, porém, como escreve o
cardeal, "concede-a sem problemas".
- "Concede-a sem problemas"? É uma
concessão bem estranha...
- Quer saber de onde nasce? De uma tentativa feita pelo cardeal
Joseph Ratzinger, Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e pelo próprio
cardeal Medina, de introduzir no Ritual um artigo - na época o artigo 38 - em
que autorizavam o exorcistas a usarem o Ritual precedente. Sem dúvida,
tratava-se de uma manobra in extremis para que pudéssemos evitar os grandes
erros que existem neste Ritual definitivo. Mas a tentativa dos dois cardeais
foi reprovada. Então o cardeal Medina, que compreendera o que estava em jogo,
decidiu dar-nos de algum modo uma possibilidade de salvação, acrescentando uma
notificação à parte.
- Como vocês, exorcistas, são considerados
dentro da Igreja?
- Somos tratados muito mal. Os irmãos sacerdotes encarregados desta
delicadíssima tarefa são vistos como loucos, como exaltados. Geralmente são apenas
tolerados pelos próprios bispos que os nomearam.
- Que fato mais evidenciou essa hostilidade?
- Quando fizemos uma convenção internacional de exorcistas nos
arredores de Roma. Na ocasião pedimos para ser recebidos pelo Papa. Para
poupar-lhe um nova audiência, além das tantas que já tem, pedimos simplesmente
que fôssemos recebidos na audiência pública das quartas-feiras, na Praça São
Pedro. E sem a necessidade de sermos citados nas saudações. Fizemos o pedido
regularmente, como recordará perfeitamente monsenhor Paolo de Nicolò, da
Prefeitura da Casa Pontifícia, que recebeu nosso pedido de braços abertos.
Porém, um dia antes da audiência o próprio monsenhor Nicolò nos disse - na
verdade com muito embaraço, o que nos fez ver que a decisão não dependia dele -
que não fôssemos à audiência, que não tínhamos sido admitidos. Inacreditável:
150 exorcistas provenientes dos cinco continentes, sacerdotes nomeados pelos
seus bispos em conformidade com as normas do direito canónico, que requerem
padres de oração, de ciência e de boa fama - portanto a nata do clero -, pedem
para participar de uma audiência pública com o Papa e são postos para fora.
Monsenhor Nicolò me disse: "Naturalmente, prometo-lhe que logo enviarei a
carta com os motivos". Passaram-se cinco anos e ainda espero por aquela
carta. Certamente não foi João Paulo II quem nos excluiu. Mas que seja proibido
a 150 sacerdotes de participarem a uma audiência pública com o Papa na Praça
São Pedro explica o quanto os exorcistas da sua Igreja sofrem oposição, o quanto
são malvistos por muitas autoridades eclesiásticas.
- O senhor combate o demónio
quotidianamente. Qual é o maior triunfo de Satanás?
- Conseguir fazer acreditar
que ele não existe. E quase conseguiu. Mesmo dentro da Igreja. Temos um
clero e um episcopado que não acreditam mais no demónio, nos exorcismos, nos
extraordinários males que o diabo pode causar, e nem mesmo no poder concedido
por Jesus de expulsar os demónios. Há três séculos a Igreja latina - ao
contrário da Igreja ortodoxa e de várias confissões protestantes - abandonou
quase completamente o ministério exorcista. Não praticando mais exorcismos, não
os estudando mais e nunca os tendo visto, o clero não crê mais. E não crê mais
nem mesmo no diabo. Temos episcopados inteiros contrários ao exorcismo. Há
nações completamente privadas de exorcistas, como a Alemanha, a Áustria, a
Suíça, a Espanha e Portugal. Uma carência assustadora.
- O senhor não citou a França. Lá a situação
é diferente?
- Há um livro escrito pelo exorcista mais conhecido da França,
Isidoro Froc, com o titulo: Os exorcistas, quem são e o que fazem. Foi escrito
a pedido da Conferência Episcopal Francesa. Em todo livro não é dito nem uma
vez que os exorcistas, em certos casos, fazem exorcismos. E o autor já declarou
várias vezes na televisão francesa que nunca fez exorcismos e nunca os fará.
Dos quase cem exorcistas franceses, somente cinco acreditam no demónio e fazem
exorcismos, todo os outros mandam os que apelam a eles aos psiquiatras. E os
bispos são as primeiras vítimas desta situação da Igreja Católica, na qual está
desaparecendo a crença na existência do demónio. Antes que saísse esse novo
Ritual, o episcopado alemão escrevera uma carta ao cardeal Ratzinger na qual
afirmava que não era necessário um novo Ritual, pois não se devem mais fazer
exorcismos.
- É tarefa dos bispos nomear os exorcistas?
- Sim. Quando um sacerdote é nomeado bispo, encontra-se diante de
um artigo do Código de Direiro Canónico que lhe dá autoridade absoluta para
nomear os exorcistas. A qualquer bispo, o mínimo que se deve pedir é que tenha
assistido pelo menos uma vez a um exorcismo, já que deve tomar uma decisão tão
importante. Infelizmente isso quase nunca acontece. Mas se um bispo encontra-se
diante de um sério pedido de exorcismo - isto é, que não seja feito por um
demente - e não o providencia, comete um pecado mortal.
- O senhor está dizendo que a maior parte dos
bispos católicos comete pecado mortal?
- Quando eu era criança meu velho pároco me ensinava que os
sacramentos são oito: o oitavo é a ignorância. E o oitavo sacramento salva mais
do que os sete juntos. Para cometer pecado mortal é preciso uma matéria grave,
mas também a plena advertência e o deliberado consenso. Esta omissão de ajuda
por parte de muitos bispos é matéria grave. Mas esses bispos são ignorantes:
portanto não há o deliberado consenso e a plena advertência.
- Mas a fé continua intacta, isto é, continua
a ser uma fé católica, se a pessoa não crê na existência de Satanás?
- Não. Conto-lhe um episódio. Quando encontrei pela primeira vez o
padre Pellegrino Ernetti, um célebre exorcista, que exerceu o seu ofício por 40
anos em Veneza, disse-lhe: "Se pudesse falar com o Papa, eu lhe diria que
encontro muitos bispos que não acreditam no demónio". No dia seguinte, o
padre Ernetti veio falar comigo e contou-me que naquela manhã tinha sido
recebido por João Paulo II. "Santidade", dissera-lhe, "há um
exorcista aqui em Roma, padre Amorth, que se viesse falar com o senhor diria
que há muitos bispos que não crêem no demónio". O Papa respondeu-lhe
claramente: "Quem não crê no demónio não crê no Evangelho". Eis a
resposta que ele deu e que eu repito.
- Explique-me: a consequência é que muitos
bispos e muitos padres não seriam católicos?
- Digamos que não crêem em uma verdade evangélica. Portanto, no
mínimo, eu lhes diria que deixassem de propagar uma heresia. De qualquer modo,
deixemos claro: uma pessoa pode ser formalmente herética se for acusada de
alguma coisa e se persistir no erro. Mas ninguém, hoje, pela situação que
existe na Igreja, acusaria um bispo de não acreditar no diabo, nas possessões
do demónio, e que não nomeia exorcistas pois não acredita nisso. Mesmo assim eu
poderia citar muitos nomes de bispos e cardeais que logo depois da sua nomeação
para uma diocese tiraram de seus exorcistas a faculdade de exercer o ofício. Ou
então de bispos que afirmam abertamente: "Eu não acredito, são coisas do
passado". Por quê? Infelizmente houve muita influência de alguns
biblistas, e eu poderia citar-lhe nomes ilustres. Nós que diariamente tocamos com
nossas próprias mãos o mundo do além, sabemos que influenciou em muitas
reformas litúrgicas.
- Por exemplo…
- O Concílio Vaticano II solicitara a revisão de alguns textos.
Desobedecendo a essa ordem, decidiu-se refazê-los completamente. Sem pensar que
se poderia piorar as coisas em vez de melhorá-las. E muitos ritos foram
piorados por esta mania de querer jogar fora tudo o que havia no passado, e
refazer tudo do início, como se a Igreja até hoje tivesse sempre nos enganado e
só agora tivesse chegado o tempo dos grandes génios, dos super-teólogos, dos
super-biblistas, dos super-liturgistas que sabem dar à Igreja as coisas certas.
É uma mentira: o último Concílio solicitara simplesmente a revisão daqueles
textos, não a destruição. Mas também o rito do baptismo das crianças foi
piorado. Foi completamente alterado, chegando quase a se eliminar o exorcismo
contra Satanás, que teve sempre enorme importância para a Igreja, tanto que era
chamado de exorcismo menor. Contra este novo rito até Paulo VI protestou publicamente.
Foi piorado o rito da nova bênção. Li minuciosamente todas as suas 1.200
páginas. Pois bem, foi meticulosamente eliminada toda a referência ao fato de
que o Senhor nos deve proteger de Satanás, de que os anjos nos protegem dos
assaltos do demónio. Tiraram também todas as orações que havia para a bênção
das casas e das escolas. Tudo devia ser abençoado e protegido, mas hoje não se
protege mais do demónio. Não existem mais defesas e nem mesmo orações contra
ele. O próprio Jesus tinha nos ensinado uma oração de libertação no Pai Nosso:
"Livrai-nos do Maligno. Livrai-nos da pessoa de Satanás". Em italiano
(e em português, n. d. t.) foi traduzida de modo erróneo, e agora reza-se
dizendo: "Livrai-nos do mal". Fala-se de um mal genérico, do qual, no
fundo, não se sabe a origem; ao contrário, o mal que Nosso Senhor Jesus Cristo
tinha-nos ensinado a combater é uma pessoa concreta: é Satanás.
- O senhor tem um observatório privilegiado:
acredita que o satanismo esteja se difundindo?
- Sim, muito. Quando diminui a fé aumenta a superstição. Usando a
linguagem bíblica, posso dizer que se abandona a Deus para se dedicar à
idolatria; usando a linguagem moderna, abandona-se a Deus para se dedicar ao
ocultismo. A assustadora diminuição da fé em toda a Europa católica faz com que
as pessoas se entreguem nas mãos de magos e cartomantes, enquanto prosperam as
seitas satânicas. O culto do demónio é celebrado para as grandes massas com o
rock satânico de personagens como Marilyn Manson, e até as crianças são
soterradas de revistas em quadrinhos que ensinam magias e satanismo. As sessões
espíritas nas quais se evocam mortos para obter respostas são muito populares.
Hoje se ensina a fazer sessões espíritas pelo computador, pelo telefone, pela
televisão, com o gravador, mas principalmente com a escritura automática. Nem
se precisa mais do médium: é um espiritismo "faça você mesmo".
Segundo as pesquisas, 37% dos estudantes participou pelo menos uma vez do jogo
do "cartaz" ou do copo, que é uma verdadeira sessão espírita. Numa escola
a que fui convidado para fazer uma conferência, os jovens disseram que faziam
as sessões durante a aula de religião com a conivência do professor.
- E funcionam?
- Não existe distinção entre magia branca e magia negra. Quando a
magia funciona, é sempre obra do demónio. Todas as formas de ocultismo, como
este grande recurso às religiões do Oriente, com suas sugestões esotéricas, são
portas abertas para o demónio. E o diabo
entra. Logo.
- Padre Amorth, o satanismo se difunde
cada vez mais. O Novo Ritual praticamente impede os exorcismos. Os exorcistas
são impedidos de participarem a uma audiência com o Papa na Praça São Pedro.
Sinceramente, o que está acontecendo?
- A fumaça de Satanás entra por tudo. Por tudo!
Talvez tenham nos excluído da audiência com o Papa porque tinham medo de que a
presença de tantos exorcistas conseguisse expulsar as legiões de demónios que
se instalaram no Vaticano.
- O senhor está brincando, não é?
- Pode parecer uma brincadeira, mas acredito que não seja. Não
tenho a menor dúvida de que o demónio tenta principalmente as cúpulas da
Igreja, assim como tenta todas as cúpulas, tanto as políticas quanto as
industriais.
- O senhor está dizendo que neste caso
também, como em todas as guerras, Satanás quer conquistar a fortaleza do
inimigo, e aprisionar os generais adversários?
- É uma estratégia vencedora. Tenta-se sempre levá-la a cabo.
Principalmente quando as defesas do adversário são frágeis. E Satanás também
tenta. Mas graças aos céus existe o Espírito Santo que sustenta a Igreja:
"As portas do inferno não prevalecerão". Apesar das deserções. E
apesar das traições. Que não devem admirar. O primeiro traidor foi um dos
apóstolos mais próximos de Jesus: Judas Iscariotes. Mas apesar disso a Igreja
continua no seu caminho. Mantém-se em pé com o sustento do Espírito Santo, e
portanto todas as lutas de Satanás só podem ter resultados parciais. Claro, o demónio pode vencer batalhas. Mas
nunca a guerra.
http://www.amen-etm.org/Demonioprotege-seapartirdaIgrejaCatolica.htm