Os 3
Segredos de Fátima desvendados
ou
As 3 Partes
do Segredo de Fátima
A interpretação à Luz das Mensagens da
Virgem Maria
e de Jesus Cristo
E pode fazer o
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I - O texto Integral dos 3 Segredos de Fátima e os
Manuscritos ►
II - Texto Integral dos Documentos do Vaticano sobre a
Divulgação do Terceiro Segredo de Fátima
►
III - Análise crítica dos Documentos do Vaticano ►
IV - CONCLUSÕES ►
I - O texto Integral dos 3 Segredos de
Fátima e os Manuscritos
1º SEGREDO DE FÁTIMA ▲
Bem o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou
revelar.
A primeira foi pois a vista do inferno!
Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fôgo que parcia estar debaixo
da terra. Mergulhados em êsse fôgo os demónios e as almas, como se fossem
brasas transparentes e negras, ou bronziadas com forma humana, que
flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d'elas mesmas saiam, juntamente
com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faulhas
em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dôr
e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios
destinguiam-se por formas horríveis e ascrosas de animais espantosos e
desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças
à nossa bôa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promeça de nos
levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos
morrido de susto e pavor.
Para
ver Imagens do texto original, visitar o endereço seguinte do Vaticano:
2º SEGREDO DE FÁTIMA
Em seguida, levantámos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com
bondade e tristeza:
— Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as
salvar, Deus quer establecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se
fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai
acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará
outra peor. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei
que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes,
por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a
impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a
comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a
Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo,
promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo
Padre terá muito que sufrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu
Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se
converterá, e será consedido ao mundo algum tempo de paz
Para
ver Imagens do texto original, visitar o endereço seguinte do Vaticano:
3º SEGREDO DE FÁTIMA
A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da
Iria-Fátima.
«Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio
de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima
Mãe.
Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa
Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao
centilar, despedia chamas que parcia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com
o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro:
O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência,
Penitência, Penitência! E vimos n'uma luz emensa que é Deus:
"algo semelhante a como se vêem as pessoas n'um espelho quando lhe passam
por diante" um Bispo vestido de Branco "tivemos o pressentimento de
que era o Santo Padre". Varios outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e
religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz
de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de
chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com
andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres
que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de juelhos aos
pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios
tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos
Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e
senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois
Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n'êles recolhiam o sangue dos
Martires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus. Tuy-3-1-1944».
II - Documentos do Vaticano com a
divulgação do Terceiro Segredo de Fátima
▲
Estes são os Documentos oficiais extraídos do site do Vaticano, e que
acompanharam a divulgação do Terceiro Segredo de Fátima. Ver no site: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20000626_message-fatima_po.html
CONGREGAÇÃO
PARA A DOUTRINA DA FÉ
A MENSAGEM DE FÁTIMA
APRESENTAÇÃO
Na passagem do segundo para o terceiro milénio, o Papa João Paulo II
decidiu tornar público o texto da terceira parte do « segredo de Fátima
».
Depois dos acontecimentos dramáticos e cruéis do século XX, um dos mais
tormentosos da história do homem, com o ponto culminante no cruento atentado ao
« doce Cristo na terra », abre-se assim o véu sobre uma realidade que faz
história e a interpreta na sua profundidade segundo uma dimensão espiritual, a
que é refractária a mentalidade actual, frequentemente eivada de
racionalismo.
A história está constelada de aparições e sinais sobrenaturais, que
influenciam o desenrolar dos acontecimentos humanos e acompanham o caminho do
mundo, surpreendendo crentes e descrentes. Estas manifestações, que não podem
contradizer o conteúdo da fé, devem convergir para o objecto central do anúncio
de Cristo: o amor do Pai que suscita nos homens a conversão e dá a graça para
se abandonarem a Ele com devoção filial. Tal é a mensagem de Fátima, com o seu
veemente apelo à conversão e à penitência, que leva realmente ao coração do
Evangelho.
Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas. A
primeira e a segunda parte do « segredo », que são publicadas em seguida para
ficar completa a documentação, dizem respeito antes de mais à pavorosa visão do
inferno, à devoção ao Imaculado Coração de Maria, à segunda guerra mundial, e
depois ao prenúncio dos danos imensos que a Rússia, com a sua defecção da fé
cristã e adesão ao totalitarismo comunista, haveria de causar à
humanidade.
Em 1917, ninguém poderia ter imaginado tudo isto: os três pastorinhos de
Fátima vêem, ouvem, memorizam, e Lúcia, a testemunha sobrevivente, quando
recebe a ordem do Bispo de Leiria e a autorização de Nossa Senhora, põe por
escrito.
Para a exposição das primeiras duas partes do « segredo », aliás já
publicadas e conhecidas, foi escolhido o texto escrito pela Irmã Lúcia na
terceira memória, de 31 de Agosto de 1941; na quarta memória, de 8 de Dezembro
de 1941, ela acrescentará qualquer observação.
A terceira parte do « segredo » foi escrita « por ordem de Sua Ex.cia
Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da (...) Santíssima Mãe », no dia 3 de
Janeiro de 1944.
Existe apenas um manuscrito, que é reproduzido aqui fotostaticamente. O
envelope selado foi guardado primeiramente pelo Bispo de Leiria. Para se
tutelar melhor o « segredo », no dia 4 de Abril de 1957 o envelope foi entregue
ao Arquivo Secreto do Santo Ofício. Disto mesmo, foi avisada a Irmã Lúcia pelo
Bispo de Leiria.
Segundo apontamentos do Arquivo, no dia 17 de Agosto de 1959 e de acordo
com Sua Eminência o Cardeal Alfredo Ottaviani, o Comissário do Santo Ofício,
Padre Pierre Paul Philippe OP, levou a João XXIII o envelope com a terceira
parte do « segredo de Fátima ». Sua Santidade, « depois de alguma hesitação »,
disse: « Aguardemos. Rezarei. Far-lhe-ei saber o que decidi ».(1)
Na realidade, a decisão do Papa João XXIII foi enviar de novo o envelope
selado para o Santo Ofício e não revelar a terceira parte do « segredo ».
Paulo VI leu o conteúdo com o Substituto da Secretaria de Estado, Sua
Ex.cia Rev.ma D. Ângelo Dell'Acqua, a 27 de Março de 1965, e mandou novamente o
envelope para o Arquivo do Santo Ofício, com a decisão de não publicar o
texto.
João Paulo II, por sua vez, pediu o envelope com a
terceira parte do « segredo », após o atentado de 13 de Maio de 1981. Sua
Eminência o Cardeal Franjo Seper, Prefeito da Congregação, a 18 de Julho de
1981 entregou a Sua Ex.cia Rev.ma D. Eduardo Martínez Somalo, Substituto da
Secretaria de Estado, dois envelopes: um branco, com o texto original da Irmã
Lúcia em língua portuguesa; outro cor-de-laranja, com a tradução do « segredo »
em língua italiana. No dia 11 de Agosto seguinte, o Senhor D. Martínez Somalo
devolveu os dois envelopes ao Arquivo do Santo Ofício.(2)
Como é sabido, o Papa João Paulo II pensou imediatamente na consagração
do mundo ao Imaculado Coração de Maria e compôs ele mesmo uma oração para o
designado « Acto de Entrega », que seria celebrado na Basílica de Santa Maria
Maior a 7 de Junho de 1981, solenidade de Pentecostes, dia escolhido para
comemorar os 1600 anos do primeiro Concílio Constantinopolitano e os 1550 anos
do Concílio de Éfeso. O Papa, forçadamente ausente, enviou uma radiomensagem
com a sua alocução. Transcrevemos a parte do texto, onde se refere exactamente
o acto de entrega:
« Ó Mãe dos homens e dos povos, Vós conheceis todos os seus
sofrimentos e as suas esperanças, Vós sentis maternalmente todas as lutas entre
o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo, acolhei o nosso
brado, dirigido no Espírito Santo directamente ao vosso Coração, e abraçai
com o amor da Mãe e da Serva do Senhor aqueles que mais esperam por este abraço
e, ao mesmo tempo, aqueles cuja entrega também Vós esperais de maneira
particular. Tomai sob a vossa protecção materna a família humana inteira,
que, com enlevo afectuoso, nós Vos confiamos, ó Mãe. Que se aproxime para todos
o tempo da paz e da liberdade, o tempo da verdade, da justiça e da esperança ».
(3)
Mas, para responder mais plenamente aos pedidos de Nossa Senhora, o
Santo Padre quis, durante o Ano Santo da Redenção, tornar mais explícito o acto
de entrega de 7 de Junho de 1981, repetido em Fátima no dia 13 de Maio de 1982.
E, no dia 25 de Março de 1984, quando se recorda o fiat pronunciado por
Maria no momento da Anunciação, na Praça de S. Pedro, em união espiritual com
todos os Bispos do mundo precedentemente « convocados », o Papa entrega ao
Imaculado Coração de Maria os homens e os povos, com expressões que lembram as
palavras ardorosas pronunciadas em 1981:
« E por isso, ó Mãe dos homens e dos povos, Vós que conheceis
todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós que sentis maternalmente
todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo
contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo,
elevamos directamente ao vosso Coração: Abraçai, com amor de Mãe
e de Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Vos confiamos e consagramos,
cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos.
De modo especial Vos entregamos e consagramos aqueles homens e aquelas
nações que desta entrega e desta consagração têm particularmente
necessidade.
"À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus"! Não
desprezeis as súplicas que se elevam de nós que estamos na provação!
».
Depois o Papa continua com maior veemência e concretização de
referências, quase comentando a Mensagem de Fátima nas suas predições
infelizmente cumpridas:
« Encontrando-nos hoje diante Vós, Mãe de Cristo, diante do vosso
Imaculado Coração, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos à
consagração que, por nosso amor, o vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: "Eu
consagro-Me por eles — foram as suas palavras — para eles serem também
consagrados na verdade" (Jo 17, 19). Queremos unir-nos ao nosso
Redentor, nesta consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no seu Coração
divino, tem o poder de alcançar o perdão e de conseguir a reparação.
A força desta consagraçãopermanece por todos os
tempos e abrange todos os homens, os povos e as nações; e supera todo o mal,
que o espírito das trevas é capaz de despertar no coração do homem e na sua
história e que, de facto, despertou nos nossos tempos.
Oh quão profundamente sentimos a necessidade de consagração pela
humanidade e pelo mundo: pelo nosso mundo contemporâneo, em união com o próprio
Cristo! Na realidade, a obra redentora de Cristo deve ser participada pelo
mundo por meio da Igreja.
Manifesta-o o presente Ano da Redenção: o Jubileu extraordinário de toda
a Igreja.
Neste Ano Santo, bendita sejais acima de todas as criaturas Vós,
Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento
Divino!
Louvada sejais Vós, que estais inteiramente unida à consagração
redentora do vosso Filho!
Mãe da Igreja! Iluminai o Povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança
e da caridade! Iluminai de modo especial os povos dos quais Vós esperais a
nossa consagração e a nossa entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da
consagração de Cristo por toda a família humana do mundo contemporâneo.
Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós Vos
confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no
vosso Coração materno.
Oh Imaculado Coração! Ajudai-nos a vencer a ameaça do mal, que se
enraíza tão facilmente nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos
incomensuráveis, pesa já sobre a vida presente e parece fechar os caminhos do
futuro!
Da fome e da guerra, livrai-nos!
Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável, e de toda a
espécie de guerra, livrai-nos!
Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos!
Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos!
De todo o género de injustiça na vida social, nacional e internacional, livrai-nos!
Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos!
Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos!
Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos!
Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos!
Acolhei, ó Mãe de Cristo, este clamor carregado do sofrimento de
todos os homens! Carregado do sofrimento de sociedades inteiras!
Ajudai-nos com a força do Espírito Santo a vencer todo o pecado: o
pecado do homem e o "pecado do mundo", enfim o pecado em todas as
suas manifestações.
Que se revele uma vez mais, na história do mundo, a força salvífica
infinita da Redenção: a força do Amor misericordioso! Que ele detenha o
mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no vosso
Imaculado Coração, a luz da Esperança! ».(4)
A Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este acto, solene e universal,
de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: « Sim, está feita
tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984 » (carta de 8
de Novembro de 1989). Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem
fundamento.
Na documentação apresentada, para além das páginas manuscritas da Irmã
Lúcia inserem-se mais quatro textos: 1) A carta do Santo Padre à Irmã Lúcia,
datada de 19 de Abril de 2000; 2) Uma descrição do colóquio que houve com a
Irmã Lúcia no dia 27 de Abril de 2000; 3) A comunicação lida, por encargo do
Santo Padre, por Sua Eminência o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado,
em Fátima no dia 13 de Maio deste ano; 4) O comentário teológico de Sua
Eminência o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina
da Fé.
Uma orientação para a interpretação da terceira parte do « segredo »
tinha sido já oferecida pela Irmã Lúcia, numa carta dirigida ao Santo Padre a
12 de Maio de 1982, onde dizia:
« A terceira parte do segredo refere-se às palavras de Nossa Senhora:
"Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras
e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito
que sofrer, várias nações serão aniquiladas" (13-VII-1917).
A terceira parte do segredo é uma revelação simbólica, que se refere a
este trecho da Mensagem, condicionada ao facto de aceitarmos ou não o que a
Mensagem nos pede: "Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e
terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, etc".
Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela
se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com os seus erros. E se não vemos
ainda, como facto consumado, o final desta profecia, vemos que para aí
caminhamos a passos largos. Se não recuarmos no caminho do pecado, do ódio, da
vingança, da injustiça atropelando os direitos da pessoa humana, da imoralidade
e da violência, etc.
E não digamos que é Deus que assim nos castiga; mas, sim, que são os
homens que para si mesmos se preparam o castigo. Deus apenas nos adverte e
chama ao bom caminho, respeitando a liberdade que nos deu; por isso os homens
são responsáveis».(5)
A decisão tomada pelo
Santo Padre João Paulo II de tornar pública a terceira parte do « segredo » de
Fátima encerra um pedaço de história, marcado por trágicas veleidades humanas
de poder e de iniquidade, mas permeada pelo amor misericordioso de Deus e pela
vigilância cuidadosa da Mãe de Jesus e da Igreja.
Acção de Deus, Senhor da história, e corresponsabilidade do homem, no
exercício dramático e fecundo da sua liberdade, são os dois alicerces sobre os
quais se constrói a história da humanidade.
Ao aparecer em Fátima, Nossa Senhora faz-nos apelo a estes valores
esquecidos, a este futuro do homem em Deus, do qual somos parte activa e
responsável.
Tarcisio Bertone,
SDB
Arcebispo emérito de
Vercelli
Secretário da Congregação
para a Doutrina da Fé
O « SEGREDO » DE
FÁTIMA
PRIMEIRA E SEGUNDA PARTE
DO « SEGREDO »
SEGUNDO A REDACÇÃO FEITA PELA IRMÃ LÚCIA
NA « TERCEIRA MEMÓRIA », DE 31 DE AGOSTO DE 1941,
DESTINADA AO BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA
(texto original)
Para
ver Imagens do texto original, visitar o endereço seguinte do Vaticano:
(transcrição) (6)
Terei para isso que falar algo do segredo e responder ao primeiro ponto
de interrogação.
O que é o segredo?
Parece-me que o posso dizer, pois que do Céu tenho já a licença. Os
representantes de Deus na terra, têm-me autorizado a isso várias vezes, e em
várias cartas, uma das quais, julgo que conserva V. Ex.cia Rev.ma do Senhor
Padre José Bernardo Gonçalves, na em que me manda escrever ao Santo Padre. Um
dos pontos que me indica é a revelação do segredo. Algo disse, mas para não
alongar mais esse escrito que devia ser breve, limitei-me ao indispensável,
deixando a Deus a oportunidade d'um momento mais favorável.
Expus já no segundo escrito a dúvida que de 13 de Junho a 13 de Julho me
atormentou e que n'essa aparição tudo se desvaneceu.
Bem o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou
revelar.
A primeira foi pois a vista do inferno!
Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fôgo que parcia estar debaixo
da terra. Mergulhados em êsse fôgo os demónios e as almas, como se fossem
brasas transparentes e negras, ou bronziadas com forma humana, que
flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d'elas mesmas saiam, juntamente
com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faulhas
em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dôr
e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios
destinguiam-se por formas horríveis e ascrosas de animais espantosos e
desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças
à nossa bôa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promeça de nos
levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos
morrido de susto e pavor.
Em seguida, levantámos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com
bondade e tristeza:
— Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as
salvar, Deus quer establecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se
fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai
acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará
outra peor. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei
que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes,
por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a
impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a
comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a
Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo,
promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo
Padre terá muito que sufrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu
Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se
converterá, e será consedido ao mundo algum tempo de paz.(7)
TERCEIRA PARTE DO «
SEGREDO »
(texto original)
Para
ver Imagens do texto original, visitar o endereço seguinte do Vaticano:
(transcrição) (8)
« J.M.J.
A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da
Iria-Fátima.
Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de
sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima
Mãe.
Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa
Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao
centilar, despedia chamas que parecia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se
com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu
encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse:
Penitência, Penitência, Penitência! E vimos n'uma luz
emensa que é Deus: "algo semelhante a como se vêem as pessoas n'um espelho
quando lhe passam por diante" um Bispo vestido de Branco "tivemos o
pressentimento de que era o Santo Padre". Varios outros Bispos,
Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da
qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a
casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em
ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia
orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo
do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de
soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo
uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas
seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois
braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão,
n'êles recolhiam o sangue dos Martires e com êle regavam as almas que se
aproximavam de Deus.
Tuy-3-1-1944 ».
INTERPRETAÇÃO DO «
SEGREDO »
CARTA DE JOÃO PAULO
II
À IRMÃ LÚCIA
(texto original)
Para
ver Imagens do texto original, visitar o endereço seguinte do Vaticano:
COLÓQUIO
COM A IRMÃ MARIA LÚCIA DE
JESUS
E
DO CORAÇÃO IMACULADO
O encontro da Irmã Lúcia com Sua Ex.cia Rev.ma D. Tarcisio Bertone,
Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, por encargo recebido do Santo
Padre, e Sua Ex.cia Rev.ma D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de
Leiria-Fátima, teve lugar a 27 de Abril passado (uma quinta-feira), no Carmelo
de Santa Teresa em Coimbra.
A Irmã Lúcia estava lúcida e calma, dizendo-se muito feliz com a ida do
Santo Padre a Fátima para a Beatificação de Francisco e Jacinta, há muito
desejada por ela.
O Bispo de Leiria-Fátima leu a carta autógrafa do Santo Padre, que
explicava os motivos da visita. A Irmã Lúcia disse sentir-se muito honrada, e
releu pessoalmente a carta comprazendo-se por vê-la nas suas próprias mãos.
Declarou-se disposta a responder francamente a todas as perguntas.
Então, o Senhor D. Tarcisio Bertone apresenta-lhe dois envelopes: um
exterior que tinha dentro outro com a carta onde estava a terceira parte do «
segredo » de Fátima. Tocando esta segunda com os dedos, logo exclamou: « É a
minha carta », e, depois de a ler, acrescentou: « É a minha letra ».
Com o auxílio do Bispo de Leiria-Fátima, foi lido e interpretado o texto
original, que é em língua portuguesa. A Irmã Lúcia concorda com a interpretação
segundo a qual a terceira parte do « segredo » consiste numa visão profética,
comparável às da história sagrada. Ela reafirma a sua convicção de que a visão
de Fátima se refere sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os
cristãos, e descreve o imane sofrimento das vítimas da fé no século XX.
À pergunta: « A personagem principal da visão é o Papa? », a Irmã Lúcia
responde imediatamente que sim e recorda como os três pastorinhos sentiam muita
pena pelo sofrimento do Papa e Jacinta repetia: « Coitadinho do Santo Padre.
Tenho muita pena dos pecadores! » A Irmã Lúcia continua: « Não sabíamos o nome
do Papa; Nossa Senhora não nos disse o nome do Papa. Não sabíamos se era Bento
XV, Pio XII, Paulo VI ou João Paulo II, mas que era o Papa que sofria e isso
fazia-nos sofrer a nós também ».
Quanto à passagem relativa ao Bispo vestido de branco, isto é, ao Santo
Padre — como logo perceberam os pastorinhos durante a « visão » — que é ferido
de morte e cai por terra, a irmã Lúcia concorda plenamente com a afirmação do
Papa: « Foi uma mão materna que guiou a trajectória da bala e o Santo Padre
agonizante deteve-se no limiar da morte » (João Paulo II, Meditação com os
Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, 13 de Maio de
1994).
Uma vez que a Irmã Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria-Fátima de
então o envelope selado com a terceira parte do « segredo », tinha escrito no
envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de
Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, o Senhor D. Bertone pergunta-lhe: « Porquê o
limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data? ».Resposta da Irmã
Lúcia: « Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 porque, segundo
intuição minha, antes de 1960 não se perceberia, compreender-se-ia somente
depois. Agora pode-se compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a
mim a interpretação, mas ao Papa ».
Por último, alude-se ao manuscrito, não publicado, que a Irmã Lúcia
preparou para dar resposta a tantas cartas de devotos e peregrinos de Nossa
Senhora. A obra intitula-se « Os apelos da Mensagem de Fátima », e contém
pensamentos e reflexões que exprimem, em chave catequética e parenética, os
seus sentimentos e espiritualidade cândida e simples. Perguntou-se-lhe se
gostava que fosse publicado, ao que a Irmã Lúcia respondeu: « Se o Santo Padre
estiver de acordo, eu fico contente; caso contrário, obedeço àquilo que decidir
o Santo Padre ». A Irmã Lúcia deseja sujeitar o texto à aprovação da Autoridade
Eclesiástica, esperando que o seu escrito possa contribuir para guiar os homens
e mulheres de boa vontade no caminho que conduz a Deus, meta última de todo o
anseio humano.
O colóquio termina com uma troca de terços: à Irmã Lúcia foi dado o
terço oferecido pelo Santo Padre, e ela, por sua vez, entrega alguns terços
confeccionados pessoalmente por ela.
A Bênção, concedida em nome do Santo Padre, concluiu o encontro.
COMUNICAÇÃO DE SUA
EMINÊNCIA
O CARD. ÂNGELO SODANO
SECRETÁRIO DE ESTADO DE SUA SANTIDADE
No final da solene Concelebração Eucarística presidida por João Paulo II
em Fátima, o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, pronunciou em
português as palavras seguintes:
Irmãos e irmãs no Senhor!
No termo desta solene celebração, sinto o dever de apresentar ao nosso
amado Santo Padre João Paulo II os votos mais cordiais de todos os presentes
pelo seu próximo octogésimo aniversário natalício, agradecidos pelo seu
precioso ministério pastoral em benefício de toda a Santa Igreja de Deus.
Na circunstância solene da sua vinda a Fátima, o Sumo Pontífice
incumbiu-me de vos comunicar uma notícia. Como é sabido, a finalidade da vinda
do Santo Padre a Fátima é a beatificação dos dois Pastorinhos. Contudo Ele quer
dar a esta sua peregrinação também o valor de um renovado preito de gratidão a
Nossa Senhora pela protecção que Ela Lhe tem concedido durante estes anos de
pontificado. É uma protecção que parece ter a ver também com a chamada terceira
parte do « segredo » de Fátima.
Tal texto constitui uma visão profética comparável às da Sagrada
Escritura, que não descrevem de forma fotográfica os detalhes dos
acontecimentos futuros, mas sintetizam e condensam sobre a mesma linha de fundo
factos que se prolongam no tempo numa sucessão e duração não especificadas. Em
consequência, a chave de leitura do texto só pode ser de carácter simbólico.
A visão de Fátima refere-se sobretudo à luta dos sistemas ateus contra a
Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do
último século do segundo milénio. É uma Via Sacra sem fim, guiada pelos
Papas do século vinte.
Segundo a interpretação dos pastorinhos, interpretação confirmada ainda
recentemente pela Irmã Lúcia, o « Bispo vestido de branco » que reza por todos
os fiéis é o Papa. Também Ele, caminhando penosamente para a Cruz por entre os
cadáveres dos martirizados (bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e várias
pessoas seculares), cai por terra como morto sob os tiros de uma arma de
fogo.
Depois do atentado de 13 de Maio de 1981, pareceu claramente a Sua
Santidade que foi « uma mão materna a guiar a trajectória da bala », permitindo
que o « Papa agonizante » se detivesse « no limiar da morte » [João Paulo II, Meditação
com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, em: Insegnamenti
di Giovanni Paolo II, XVII-1 (Città del Vaticano 1994), 1061]. Certa
ocasião em que o Bispo de Leiria-Fátima de então passara por Roma, o Papa
decidiu entregar-lhe a bala que tinha ficado no jeep depois do atentado,
para ser guardada no Santuário. Por iniciativa do Bispo, essa bala foi depois
encastoada na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Depois, os acontecimentos de 1989 levaram, quer na União Soviética quer
em numerosos Países do Leste, à queda do regime comunista que propugnava o
ateísmo. O Sumo Pontífice agradece do fundo do coração à Virgem Santíssima
também por isso. Mas, noutras partes do mundo, os ataques contra a Igreja e os
cristãos, com a carga de sofrimento que eles provocam, infelizmente não
cessaram. Embora os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do «
segredo » de Fátima pareçam pertencer já ao passado, o apelo à conversão e à
penitência, manifestado por Nossa Senhora ao início do século vinte, conserva
ainda hoje uma estimulante actualidade. « A Senhora da Mensagem parece ler com
uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. (...)
O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a
manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana,
necessitada de conversão e de perdão » [João Paulo II, Mensagem para o Dia
Mundial do Doente - 1997, n. 1, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II,
XIX‑2 (Città del Vaticano 1996), 561].
Para consentir que os fiéis recebam melhor a mensagem da Virgem de
Fátima, o Papa confiou à Congregação para a Doutrina da Fé o encargo de tornar
pública a terceira parte do « segredo », depois de lhe ter preparado um
adequado comentário.
Irmãos e irmãs, damos graças a Nossa Senhora de Fátima pela sua
protecção. Confiamos à sua materna intercessão a Igreja do Terceiro
Milénio.
Sub tuum præsidium confugimus, Sancta Dei Genetrix! Intercede pro
Ecclesia. Intercede pro Papa nostro Ioanne Paulo II. Amen.
Fátima, 13 de Maio de 2000.
COMENTÁRIO
TEOLÓGICO
Quem lê com atenção o texto do chamado terceiro « segredo » de Fátima,
que depois de longo tempo, por disposição do Santo Padre, é aqui publicado
integralmente, ficará presumivelmente desiludido ou maravilhado depois de todas
as especulações que foram feitas. Não é revelado nenhum grande mistério; o véu
do futuro não é rasgado. Vemos a Igreja dos mártires deste século que está para
findar, representada através duma cena descrita numa linguagem simbólica de
difícil decifração. É isto o que a Mãe do Senhor queria comunicar à
cristandade, à humanidade num tempo de grandes problemas e angústias? Serve-nos
de ajuda no início do novo milénio? Ou não serão talvez apenas projecções do
mundo interior de crianças, crescidas num ambiente de profunda piedade, mas
simultaneamente assustadas pelas tempestades que ameaçavam o seu tempo? Como
devemos entender a visão, o que pensar dela?
Revelação pública e revelações privadas – o seu lugar teológico
Antes de encetar uma tentativa de interpretação, cujas linhas
essenciais podem encontrar-se na comunicação que o Cardeal Sodano pronunciou,
no dia 13 de Maio deste ano, no fim da Celebração Eucarística presidida pelo
Santo Padre em Fátima, é necessário dar alguns esclarecimentos básicos sobre o
modo como, segundo a doutrina da Igreja, devem ser compreendidos no âmbito da
vida de fé fenómenos como o de Fátima. A doutrina da Igreja distingue «
revelação pública » e « revelações privadas »; entre as duas realidades existe
uma diferença essencial, e não apenas de grau. A noção « revelação pública »
designa a acção reveladora de Deus que se destina à humanidade inteira e está
expressa literariamente nas duas partes da Bíblia: o Antigo e o Novo
Testamento. Chama-se « revelação », porque nela Deus Se foi dando a conhecer
progressivamente aos homens, até ao ponto de Ele mesmo Se tornar homem, para
atrair e reunir em Si próprio o mundo inteiro por meio do Filho encarnado,
Jesus Cristo. Não se trata, portanto, de comunicações intelectuais, mas de um
processo vital em que Deus Se aproxima do homem; naturalmente nesse processo,
depois aparecem também conteúdos que têm a ver com a inteligência e a
compreensão do mistério de Deus. Tal processo envolve o homem inteiro e, por
conseguinte, também a razão, mas não só ela. Uma vez que Deus é um só, também a
história que Ele vive com a humanidade é única, vale para todos os tempos e
encontrou a sua plenitude com a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Por
outras palavras, em Cristo Deus disse tudo de Si mesmo, e portanto a revelação
ficou concluída com a realização do mistério de Cristo, expresso no Novo
Testamento. O Catecismo da Igreja Católica, para explicar este carácter
definitivo e pleno da revelação, cita o seguinte texto de S. João da Cruz: « Ao
dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra — e não tem outra —,
Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única (...)
porque o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o totalmente,
dando-nos o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse consultar a
Deus ou pedir-Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas
faria agravo a Deus, por não pôr os olhos totalmente em Cristo e buscar fora
d'Ele outra realidade ou novidade » (CIC, n. 65; S. João da Cruz, A
Subida do Monte Carmelo, II, 22).
O facto de a única revelação de Deus destinada a todos os povos ter
ficado concluída com Cristo e o testemunho que d'Ele nos dão os livros do Novo
Testamento vincula a Igreja com o acontecimento único que é a história sagrada
e a palavra da Bíblia, que garante e interpreta tal acontecimento, mas não
significa que agora a Igreja pode apenas olhar para o passado, ficando assim
condenada a uma estéril repetição. Eis o que diz o Catecismo da Igreja
Católica: « No entanto, apesar de a Revelação ter acabado, não quer dizer
que esteja completamente explicitada. E está reservado à fé cristã apreender
gradualmente todo o seu alcance no decorrer dos séculos » (n. 66). Estes dois
aspectos — o vínculo com a unicidade do acontecimento e o progresso na sua
compreensão — estão optimamente ilustrados nos discursos de despedida do
Senhor, quando Ele declara aos discípulos: « Ainda tenho muitas coisas para vos
dizer, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Espírito da Verdade, Ele
guiar-vos-á para a verdade total, porque não falará de Si mesmo (...) Ele
glorificar-Me-á, porque há-de receber do que é meu, para vo-lo anunciar » (Jo
16, 12-14). Por um lado, o Espírito serve de guia, desvendando assim um
conhecimento cuja densidade não se podia alcançar antes porque faltava o
pressuposto, ou seja, o da amplidão e profundidade da fé cristã, e que é tal
que não estará concluída jamais. Por outro lado, esse acto de guiar é « receber
» do tesouro do próprio Jesus Cristo, cuja profundidade inexaurível se
manifesta nesta condução por obra do Espírito. A propósito disto, o Catecismo
cita uma densa frase do Papa Gregório Magno: « As palavras divinas crescem com
quem as lê » (CIC, n. 94; S. Gregório Magno, Homilia sobre Ezequiel
1, 7, 8). O Concílio Vaticano II indica três caminhos essenciais, através dos
quais o Espírito Santo efectua a sua guia da Igreja e, consequentemente, o «
crescimento da Palavra »: realiza‑se por meio da meditação e estudo dos
fiéis, por meio da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais,
e por meio da pregação daqueles « que, com a sucessão do episcopado, receberam
o carisma da verdade » (Dei Verbum, n. 8).
Neste contexto, torna-se agora possível compreender correctamente o
conceito de « revelação privada », que se aplica a todas as visões e revelações
verificadas depois da conclusão do Novo Testamento; nesta categoria, portanto,
se deve colocar a mensagem de Fátima. Ouçamos o que diz o Catecismo da
Igreja Católica sobre isto também: « No decurso dos séculos tem havido
revelações ditas "privadas", algumas das quais foram reconhecidas
pela autoridade da Igreja. (...) O seu papel não é (...) "completar"
a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente numa
determinada época da história » (n. 67). Isto deixa claro duas coisas:
Assim, o critério para medir a verdade e o valor duma revelação privada
é a sua orientação para o próprio Cristo. Quando se afasta d'Ele, quando se
torna autónoma ou até se faz passar por outro desígnio de salvação, melhor e
mais importante que o Evangelho, então ela certamente não provém do Espírito
Santo, que nos guia no âmbito do Evangelho e não fora dele. Isto não exclui que
uma revelação privada realce novos aspectos, faça surgir formas de piedade
novas ou aprofunde e divulgue antigas. Mas, em tudo isso, deve tratar-se sempre
de um alimento para a fé, a esperança e a caridade, que são, para todos, o
caminho permanente da salvação. Podemos acrescentar que frequentemente as
revelações privadas provêm da piedade popular e nela se reflectem, dando-lhe
novo impulso e suscitando formas novas. Isto não exclui que aquelas tenham
influência também na própria liturgia, como o demonstram por exemplo a festa do
Corpo de Deus e a do Sagrado Coração de Jesus. Numa determinada perspectiva,
pode-se afirmar que, na relação entre liturgia e piedade popular, está
delineada a relação entre revelação pública e revelações privadas: a liturgia é
o critério, a forma vital da Igreja no seu conjunto alimentada directamente
pelo Evangelho. A religiosidade popular significa que a fé cria raízes no
coração dos diversos povos, entrando a fazer parte do mundo da vida quotidiana.
A religiosidade popular é a primeira e fundamental forma de « inculturação » da
fé, que deve continuamente deixar-se orientar e guiar pelas indicações da
liturgia, mas que, por sua vez, a fecunda a partir do coração.
Desta forma, passámos já das especificações mais negativas, e que eram
primariamente necessárias, à definição positiva das revelações privadas: Como
podem classificar-se de modo correcto a partir da Escritura? Qual é a sua
categoria teológica? A carta mais antiga de S. Paulo que nos foi conservada e
que é também o mais antigo escrito do Novo Testamento, a primeira Carta aos
Tessalonicenses, parece-me oferecer uma indicação. Lá, diz o Apóstolo: « Não
extingais o Espírito, não desprezeis as profecias. Examinai tudo e retende o
que for bom » (5, 19-21). Em todo o tempo é dado à Igreja o carisma da
profecia, que, embora tenha de ser examinado, não pode ser desprezado. A este
propósito, é preciso ter presente que a profecia, no sentido da Bíblia, não
significa predizer o futuro, mas aplicar a vontade de Deus ao tempo presente e
consequentemente mostrar o recto caminho do futuro. Aquele que prediz o futuro
pretende satisfazer a curiosidade da razão, que deseja rasgar o véu que esconde
o futuro; o profeta vem em ajuda da cegueira da vontade e do pensamento,
ilustrando a vontade de Deus enquanto exigência e indicação para o presente.
Neste caso, a predição do futuro tem uma importância secundária; o essencial é
a actualização da única revelação, que me diz respeito profundamente: a palavra
profética ora é advertência ora consolação, ou então as duas coisas ao mesmo
tempo. Neste sentido, pode-se relacionar o carisma da profecia com a noção «
sinais do tempo », redescoberta pelo Vaticano II: « Sabeis interpretar o
aspecto da terra e do céu; como é que não sabeis interpretar o tempo presente?
» (Lc 12, 56). Por « sinais do tempo », nesta palavra de Jesus, deve-se
entender o seu próprio caminho, Ele mesmo. Interpretar os sinais do tempo à luz
da fé significa reconhecer a presença de Cristo em cada período de tempo. Nas
revelações privadas reconhecidas pela Igreja — e portanto na de Fátima —,
trata-se disto mesmo: ajudar-nos a compreender os sinais do tempo e a encontrar
na fé a justa resposta para os mesmos.
A estrutura antropológica das revelações privadas
Tendo nós procurado, com estas reflexões, determinar o lugar teológico
das revelações privadas, devemos agora, ainda antes de nos lançarmos numa
interpretação da mensagem de Fátima, esclarecer, embora brevemente, o seu
carácter antropológico (psicológico). A antropologia teológica distingue, neste
âmbito, três formas de percepção ou « visão »: a visão pelos sentidos, ou seja,
a percepção externa corpórea; a percepção interior; e a visão espiritual (visio
sensibilis, imaginativa, intellectualis). É claro que, nas
visões de Lourdes, Fátima, etc, não se trata da percepção externa normal dos
sentidos: as imagens e as figuras vistas não se encontram fora no espaço
circundante, como está lá, por exemplo, uma árvore ou uma casa. Isto é bem
evidente, por exemplo, no caso da visão do inferno (descrita na primeira parte
do « segredo » de Fátima) ou então na visão descrita na terceira parte do «
segredo », mas pode-se facilmente comprovar também noutras visões, sobretudo
porque não eram captadas por todos os presentes, mas apenas pelos « videntes ».
De igual modo, é claro que não se trata duma « visão » intelectual sem imagens,
como acontece nos altos graus da mística. Trata-se, portanto, da categoria
intermédia, a percepção interior que, para o vidente, tem uma força de presença
tal que equivale à manifestação externa sensível.
Este ver interiormente não significa que se trata de fantasia, que seria
apenas uma expressão da imaginação subjectiva. Significa, antes, que a alma
recebe o toque suave de algo real mas que está para além do sensível, tornando-a
capaz de ver o não-sensível, o não-visível aos sentidos: uma visão através dos
« sentidos internos ». Trata-se de verdadeiros « objectos » que tocam a alma,
embora não pertençam ao mundo sensível que nos é habitual. Por isso, exige-se
uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos
por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações
que enchem a alma. A pessoa é levada para além da pura exterioridade, onde é
tocada por dimensões mais profundas da realidade que se lhe tornam visíveis.
Talvez assim se possa compreender por que motivo os destinatários preferidos de
tais aparições sejam precisamente as crianças: a sua alma ainda está pouco
alterada, e quase intacta a sua capacidade interior de percepção. « Da boca dos
pequeninos e das crianças de peito recebeste louvor »: esta foi a resposta de
Jesus — servindo-se duma frase do Salmo 8 (v. 3) — à crítica dos sumos
sacerdotes e anciãos, que achavam inoportuno o grito hossana das
crianças (Mt 21, 16).
Como dissemos, a « visão interior » não é fantasia, mas uma verdadeira e
própria maneira de verificação. Fá-lo, porém, com as limitações que lhe são
próprias. Se, na visão exterior, já interfere o elemento subjectivo, isto é, não
vemos o objecto puro mas este chega-nos através do filtro dos nossos sentidos
que têm de operar um processo de tradução; na visão interior, isso é ainda mais
claro, sobretudo quando se trata de realidades que por si mesmas ultrapassam o
nosso horizonte. O sujeito, o vidente, tem uma influência ainda mais forte; vê
segundo as próprias capacidades concretas, com as modalidades de representação
e conhecimento que lhe são acessíveis. Na visão interior, há, de maneira ainda
mais acentuada que na exterior, um processo de tradução, desempenhando o
sujeito uma parte essencial na formação da imagem daquilo que aparece. A imagem
pode ser captada apenas segundo as suas medidas e possibilidades. Assim, tais
visões não são em caso algum a « fotografia » pura e simples do Além, mas
trazem consigo também as possibilidades e limitações do sujeito que as
apreende.
Isto é patente em todas as grandes visões dos Santos; naturalmente vale
também para as visões dos pastorinhos de Fátima. As imagens por eles delineadas
não são de modo algum mera expressão da sua fantasia, mas fruto duma percepção
real de origem superior e íntima; nem se hão-de imaginar como se por um
instante se tivesse erguido a ponta do véu do Além, aparecendo o Céu na sua
essencialidade pura, como esperamos vê-lo na união definitiva com Deus.
Poder-se-ia dizer que as imagens são uma síntese entre o impulso vindo do Alto
e as possibilidades disponíveis para o efeito por parte do sujeito que as
recebe, isto é, das crianças. Por tal motivo, a linguagem feita de imagens
destas visões é uma linguagem simbólica. Sobre isto, diz o Cardeal Sodano: «
Não descrevem de forma fotográfica os detalhes dos acontecimentos futuros, mas
sintetizam e condensam sobre a mesma linha de fundo factos que se prolongam no
tempo numa sucessão e duração não especificadas ». Esta sobreposição de tempos
e espaços numa única imagem é típica de tais visões, que, na sua maioria, só
podem ser decifradas a posteriori. E não é necessário que cada elemento
da visão tenha de possuir uma correspondência histórica concreta. O que conta é
a visão como um todo, e a partir do conjunto das imagens é que se devem
compreender os detalhes. O que efectivamente constitui o centro duma imagem só
pode ser desvendado, em última análise, a partir do que é o centro absoluto da
« profecia » cristã: o centro é o ponto onde a visão se torna apelo e indicação
da vontade de Deus.
Uma tentativa de interpretação do « segredo » de Fátima
A primeira e a segunda parte do « segredo » de Fátima foram já
discutidas tão amplamente por específicas publicações, que não necessitam de
ser ilustradas novamente aqui. Queria apenas chamar brevemente a atenção para o
ponto mais significativo. Os pastorinhos experimentaram, durante um instante
terrível, uma visão do inferno. Viram a queda das « almas dos pobres pecadores
». Em seguida, foi-lhes dito o motivo pelo qual tiveram de passar por esse
instante: para « salvá-las » — para mostrar um caminho de salvação. Isto
faz-nos recordar uma frase da primeira Carta de Pedro que diz: « Estais certos
de obter, como prémio da vossa fé, a salvação das almas » (1, 9). Como caminho
para se chegar a tal objectivo, é indicado de modo surpreendente para pessoas
originárias do ambiente cultural anglo-saxónico e germânico - a devoção ao
Imaculado Coração de Maria. Para compreender isto, deveria bastar uma breve
explicação. O termo « coração », na linguagem da Bíblia, significa o centro da
existência humana, uma confluência da razão, vontade, temperamento e
sensibilidade, onde a pessoa encontra a sua unidade e orientação interior. O «
coração imaculado » é, segundo o evangelho de Mateus (5, 8), um coração que a
partir de Deus chegou a uma perfeita unidade interior e, consequentemente, « vê
a Deus ». Portanto, « devoção » ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se
desta atitude do coração, na qual o fiat — « seja feita a vossa vontade
» — se torna o centro conformador de toda a existência. Se porventura alguém
objectasse que não se deve interpor um ser humano entre nós e Cristo, lembre-se
de que Paulo não tem medo de dizer às suas comunidades: « Imitai-me » (cf. 1
Cor 4, 16; Fil 3, 17; 1 Tes 1, 6; 2 Tes 3, 7.9). No
Apóstolo, elas podem verificar concretamente o que significa seguir Cristo.
Mas, com quem poderemos nós aprender sempre melhor do que com a Mãe do
Senhor?
Chegamos assim finalmente à terceira parte do « segredo » de Fátima,
publicado aqui pela primeira vez integralmente. Como resulta da documentação
anterior, a interpretação dada pelo Cardeal Sodano, no seu texto do dia 13 de
Maio, tinha antes sido apresentada pessoalmente à Irmã Lúcia. A tal propósito,
ela começou por observar que lhe foi dada a visão, mas não a sua interpretação.
A interpretação, dizia, não compete ao vidente, mas à Igreja. No entanto,
depois da leitura do texto, a Irmã Lúcia disse que tal interpretação
corresponde àquilo que ela mesma tinha sentido e que, pela sua parte,
reconhecia essa interpretação como correcta. Sendo assim, limitar-nos-emos,
naquilo que vem a seguir, a dar de forma profunda um fundamento à referida
interpretação, partindo dos critérios anteriormente desenvolvidos.
Do mesmo modo que tínhamos indentificado, como palavra-chave da primeira
e segunda parte do « segredo », a frase « salvar as almas », assim agora a
palavra-chave desta parte do « segredo » é o tríplice grito: « Penitência,
Penitência, Penitência! » Volta-nos ao pensamento o início do Evangelho: « Pænitemini
et credite evangelio » (Mc 1, 15). Perceber os sinais do tempo
significa compreender a urgência da penitência, da conversão, da fé. Tal é a
resposta justa a uma época histórica caracterizada por grandes perigos, que
serão delineados nas sucessivas imagens. Deixo aqui uma recordação pessoal: num
colóquio que a Irmã Lúcia teve comigo, ela disse-me que lhe parecia cada vez
mais claramente que o objectivo de todas as aparições era fazer crescer sempre
mais na fé, na esperança e na caridade; tudo o mais pretendia apenas levar a
isso.
Examinemos agora mais de perto as diversas imagens. O anjo com a espada
de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele
representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo. A possibilidade que este
acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma
como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de
fogo. Em seguida, a visão mostra a força que se contrapõe ao poder da
destruição: o brilho da Mãe de Deus e, de algum modo proveniente do mesmo, o
apelo à penitência. Deste modo, é sublinhada a importância da liberdade do
homem: o futuro não está de forma alguma determinado imutavelmente, e a imagem
vista pelos pastorinhos não é, absolutamente, um filme antecipado do futuro, do
qual já nada se poderia mudar. Na realidade, toda a visão acontece só para
chamar em campo a liberdade e orientá-la numa direcção positiva. O sentido da
visão não é, portanto, o de mostrar um filme sobre o futuro, já fixo
irremediavelmente; mas exactamente o contrário: o seu sentido é mobilizar as
forças da mudança em bem. Por isso, há que considerar completamente extraviadas
aquelas explicações fatalistas do « segredo » que dizem, por exemplo, que o
autor do atentado de 13 de Maio de 1981 teria sido, em última análise, um
instrumento do plano divino predisposto pela Providência e, por conseguinte,
não poderia ter agido livremente, ou outras ideias semelhantes que por aí
andam. A visão fala sobretudo de perigos e do caminho para salvar-se
deles.
As frases seguintes do texto mostram uma vez mais e de forma muito clara
o carácter simbólico da visão: Deus permanece o incomensurável e a luz que está
para além de qualquer visão nossa. As pessoas humanas são vistas como que num
espelho. Devemos ter continuamente presente esta limitação inerente à visão,
cujos confins estão aqui visivelmente indicados. O futuro é visto apenas « como
que num espelho, de maneira confusa » (cf. 1 Cor 13, 12). Consideremos
agora as diversas imagens que se sucedem no texto do « segredo ». O lugar da
acção é descrito com três símbolos: uma montanha íngreme, uma grande cidade
meia em ruínas e finalmente uma grande cruz de troncos toscos. A montanha e a
cidade simbolizam o lugar da história humana: a história como árdua subida para
o alto, a história como lugar da criatividade e convivência humana e
simultaneamente de destruições pelas quais o homem aniquila a obra do seu
próprio trabalho. A cidade pode ser lugar de comunhão e progresso, mas também
lugar do perigo e da ameaça mais extrema. No cimo da montanha, está a cruz:
meta e ponto de orientação da história. Na cruz, a destruição é transformada em
salvação; ergue-se como sinal da miséria da história e como promessa para a
mesma.
Aparecem lá, depois, pessoas humanas: o Bispo vestido de branco («
tivemos o pressentimento que era o Santo Padre »), outros bispos, sacerdotes,
religiosos e religiosas e, finalmente, homens e mulheres de todas as classes e
posições sociais. O Papa parece caminhar à frente dos outros, tremendo e
sofrendo por todos os horrores que o circundam. E não são apenas as casas da
cidade que jazem meio em ruínas; o seu caminho é ladeado pelos cadáveres dos
mortos. Deste modo, o caminho da Igreja é descrito como uma Via Sacra,
como um caminho num tempo de violência, destruições e perseguições. Nesta
imagem, pode-se ver representada a história dum século inteiro. Tal como os
lugares da terra aparecem sinteticamente representados nas duas imagens da
montanha e da cidade e estão orientados para a cruz, assim também os tempos são
apresentados de forma contraída: na visão, podemos reconhecer o século vinte
como século dos mártires, como século dos sofrimentos e perseguições à Igreja,
como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais que ocuparam toda
a segunda metade do mesmo, tendo feito experimentar novas formas de crueldade.
No « espelho » desta visão, vemos passar as testemunhas da fé de decénios. A
este respeito, é oportuno mencionar uma frase da carta que a Irmã Lúcia
escreveu ao Santo Padre no dia 12 de Maio de 1982: « A terceira parte do
"segredo" refere-se às palavras de Nossa Senhora: "Se não, [a
Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à
Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias
nações serão aniquiladas" ».
Na Via Sacra deste século, tem um papel especial a figura do
Papa. Na árdua subida da montanha, podemos sem dúvida ver figurados
conjuntamente diversos Papas, começando de Pio X até ao Papa actual, que
partilharam os sofrimentos deste século e se esforçaram por avançar, no meio
deles, pelo caminho que leva à cruz. Na visão, também o Papa é morto na estrada
dos mártires. Não era razoável que o Santo Padre, quando, depois do atentado de
13 de Maio de 1981, mandou trazer o texto da terceira parte do « segredo »,
tivesse lá identificado o seu próprio destino? Esteve muito perto da fronteira
da morte, tendo ele mesmo explicado a sua salvação com as palavras seguintes: «
Foi uma mão materna que guiou a trajectória da bala e o Papa agonizante
deteve-se no limiar da morte » (13 de Maio de 1994). O facto de ter havido lá
uma « mão materna » que desviou a bala mortífera demonstra uma vez mais que não
existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na
história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé
mais poderosa que os exércitos.
A conclusão do « segredo » lembra imagens, que Lúcia pode ter visto em
livros de piedade e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de fé. É uma
visão consoladora, que quer tornar permeável à força sanificante de Deus uma
história de sangue e de lágrimas. Anjos recolhem, sob os braços da cruz, o
sangue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O sangue
de Cristo e o sangue dos mártires são vistos aqui juntos: o sangue dos mártires
escorre dos braços da cruz. O seu martírio realiza-se solidariamente com a
paixão de Cristo, identificando-se com ela. Eles completam em favor do corpo de
Cristo o que ainda falta aos seus sofrimentos (cf. Col 1, 24). A sua
própria vida tornou-se eucaristia, inserindo-se no mistério do grão de trigo
que morre e se torna fecundo. O sangue dos mártires é semente de cristãos,
disse Tertuliano. Tal como nasceu a Igreja da morte de Cristo, do seu lado
aberto, assim também a morte das testemunhas é fecunda para a vida futura da
Igreja. Deste modo, a visão da terceira parte do « segredo », tão angustiante
ao início, termina numa imagem de esperança: nenhum sofrimento é vão, e
precisamente uma Igreja sofredora, uma Igreja dos mártires torna-se sinal
indicador para o homem na sua busca de Deus. Não se trata apenas de ver os que
sofrem acolhidos na mão amorosa de Deus como Lázaro, que encontrou a grande
consolação e misteriosamente representa Cristo, que por nós Se quis fazer o
pobre Lázaro; mas há algo mais: do sofrimento das testemunhas deriva uma força
de purificação e renovamento, porque é a actualização do próprio sofrimento de
Cristo e transmite ao tempo presente a sua eficácia salvífica.
Chegamos assim a uma última pergunta: O que é que significa no seu
conjunto (nas suas três partes) o « segredo » de Fátima? O que é nos diz a nós?
Em primeiro lugar, devemos supor, como afirma o Cardeal Sodano, que « os
acontecimentos a que faz referência a terceira parte do "segredo" de
Fátima parecem pertencer já ao passado ». Os diversos acontecimentos, na medida
em que lá são representados, pertencem já ao passado. Quem estava à espera de
impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro
desenrolar da história, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais
satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende
nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece — dissemo-lo
logo ao início das nossas reflexões sobre o texto do « segredo » — é a
exortação à oração como caminho para a « salvação das almas », e no mesmo
sentido o apelo à penitência e à conversão.
Queria, no fim, tomar uma vez mais outra palavra-chave do « segredo »
que justamente se tornou famosa: « O meu Imaculado Coração triunfará ». Que
significa isto? Significa que este Coração aberto a Deus, purificado pela
contemplação de Deus, é mais forte que as pistolas ou outras armas de qualquer
espécie. O fiat de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do
mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador: graças àquele « Sim », Deus
pôde fazer-Se homem no nosso meio e tal permanece para sempre. Que o maligno
tem poder neste mundo, vemo-lo e experimentamo-lo continuamente; tem poder,
porque a nossa liberdade se deixa continuamente desviar de Deus. Mas, desde que
Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem
para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra. O
que vale desde então, está expresso nesta frase: « No mundo tereis aflições,
mas tende confiança! Eu venci o mundo » (Jo 16, 33). A mensagem de
Fátima convida a confiar nesta promessa.
Joseph Card.
Ratzinger
Prefeito da Congregação para
a Doutrina da Fé
(1) Lê-se no diário de João XXIII, a 17 de Agosto de 1959: « Audiências:
P. Philippe, Comissário do S.O., que me traz a carta que contém a terceira
parte dos segredos de Fátima. Reservo-me de a ler com o meu Confessor ».
(2) Vale a pena recordar o comentário feito pelo Santo Padre, na
Audiência Geral de 14 de Outubro de 1981, sobre « O acontecimento de Maio:
grande prova divina », em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, IV‑2
(Città del Vaticano 1981), 409-412; cf. L'Osservatore Romano (ed.
portuguesa de 18-X-1981), 484.
(3) Radiomensagem durante o rito, na Basílica de Santa Maria Maior, «
Veneração, agradecimento, entrega à Virgem Maria Theotokos », em: Insegnamenti
di Giovanni Paolo II, IV-1 (Città del Vaticano 1981), 1246; cf. L'Osservatore
Romano (ed. portuguesa de 14-VI-1981), 302.
(4) Na Jornada Jubilar das Famílias, o Papa entrega a Nossa Senhora os
homens e as nações: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, VII-1 (Città del
Vaticano 1984), 775-777; cf. L'Osservatore Romano (ed. portuguesa de
1-IV-1984), 157 e 160.
(5) Texto original da carta:
(6) Na « quarta memória », de 8 de Dezembro de
Texto original:
(7) Na citada « quarta memória », a Irmã Lúcia acrescenta: «
Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc. ».
Texto original:
(8) Na transcrição, respeitou-se o texto original mesmo quando havia
erros e imprecisões de escrita e pontuação, os quais, aliás, não impedem a
compreensão daquilo que a vidente quis dizer.
III - Análise crítica dos Documentos do
Vaticano ▲
Convém referir que em
assuntos da Igreja, cada vírgula ou cada palavra, têm importância capital para
se aferir o que de facto ela pretende comunicar e dizer. As frases não são
construídas à toa, mas sim, meticulosamente construídas e discutidas por muita
gente, e só depois são publicadas.
Outro aspecto a ter
em atenção, é o da Igreja Católica estar muitíssimo infiltrada pela maçonaria,
apelidada pela Virgem Maria nas Mensagens ao Padre Gobbi, como a maçonaria
eclesiástica. Entre esta maçonaria infiltrada na Igreja, na qual militam
sacerdotes, bispos e cardeais, trava-se uma batalha sem tréguas contra os
sacerdotes, bispos e cardeais fiéis a Deus e ao Papa João Paulo II.
De uma simples
análise superficial dos documentos que acompanham o Terceiro Segredo de Fátima,
agora divulgado, ressaltam alguns pontos importantes:
1 - A irmã Lúcia, durante o seu colóquio havido com o
Cardeal Bertone e Dom Serafim, afirmou na página 24:
"Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa."
No documento assinado pelo Cardeal Ratzinger, ver página 32, ele afirma
que a Irmã Lúcia disse:
"A tal propósito, ela começou por observar que lhe foi dada a
visão, mas não a sua interpretação. A interpretação, dizia, não compete ao
vidente, mas à Igreja."
Há uma distorção
explícita nesta passagem, em que a Irmã Lúcia diz que compete ao Papa, e o
Cardeal diz que ela disse que competia à Igreja. Da mesma forma se conclui que
haverá em outros assuntos de igual importância, uma distorção do que é dito,
com a intenção de esvaziar de importância o conteúdo da Mensagem mantida em
Segredo até agora.
2 - Como título da interpretação dada pela Igreja
sobre o Terceiro Segredo de Fátima, na página 32, aparece-nos:
Uma tentativa de interpretação do « segredo » de Fátima
Esta interpretação
não é pois a posição oficial da Igreja sobre a interpretação da Igreja sobre o
Terceiro de Fátima, mas tão só, uma tentativa! Muito menos é a
interpretação do Papa, a quem a irmã Lúcia atribui a exclusiva competência da
interpretação. Da boca do Papa ainda não saiu interpretação alguma sobre o
texto do Terceiro Segredo de Fátima…
Fica-nos aberta
assim a possibilidade de fazermos e seguir a nossa interpretação segundo as
Mensagens da Virgem Maria dadas ao longo deste século, muito em especial ao
Padre Gobbi.
3 - É feita uma clara e insistente chamada de
atenção e evidenciação ao que foi dito pelo cardeal Angelo Sodano. Este
cardeal deve ser o cardeal referido nas mensagens do Paulo Roberto Feijó,
suposto vidente de Porto Alegre, como o "A. S"., que é um dos
cabecilhas dos "traidores" e um dos que pertencem a uma
"organização diabólica", sem sombra de dúvida, a maçonaria.
Pessoalmente estou
convencido de que o Cardeal Ratzinger poderá ser um dos Cardeais ainda fiéis ao
Papa João Paulo II, e por conseguinte, debaixo de enormes pressões e ameaças,
que podem chegar à morte, aproveitando a ocasião de enaltecendo o Cardeal Sodano,
que só dano poderá trazer, e indo ao encontro do seu natural orgulho,
nos alertar de que o referido, é com base na opinião do mesmo Cardeal Sodano.
Ou seja, quis o Cardeal Ratzinger nos dizer: "isto é o que ele diz, mas
não acreditem, porque não é verdade…"
Podemos ler na
página 26, como título do discurso proferido pelo Cardeal Angelo Sodano em
Fátima, que o seu cargo é:
SECRETÁRIO DE ESTADO DE SUA SANTIDADE
Esta é uma claríssima forma de tentar iludir os fiéis, metendo-se a
fazer-se passar por uma coisa que não é, amigo e chegado ao Papa, pois ele é
Secretário de Estado do Vaticano, e não de Sua Santidade. Sua
Santidade o Papa João Paulo II tem de facto secretários pessoais, mas o Cardeal
Sodano não se conta certamente entre o seu número.
4 - Podemos ler na mesma página 26 uma clara mentira
e distorção do texto do Terceiro Segredo de Fátima, quando o Cardeal Sodano
afirma:
"cai por terra como morto sob os tiros de uma arma de
fogo" tentando assim associar o atentado de 1981 com a profecia do
Segredo.
quando no Segredo está explícito:
"aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de
soldados que lhe dispararam varios tiros e setas" e isto ainda não se
passou de facto.
Mas o plano é de assassiná-lo de facto, tal como o fizeram ao bravo e
querido chefe da sua guarda, em 1998. O mesmo chefe da guarda que estava ao
lado do Papa em 1981 aquando do atentado do Ali Agca. Este valoroso chefe da
guarda, Alois
Estermann, contar-se-à entre os mártires que deram o seu
sangue para defender a Igreja de Cristo e o Seu último vigário na Terra,
o Papa João Paulo II. Ainda não tinham decorrido 10 horas da sua nomeação. As conspirações,
muitas das quais feitas em surdina e sem chegarem aos órgãos de
comunicação sucedem-se, pé ante pé, e conseguindo avanços significativos. O
assassinato do chefe da guarda Suiça, da mulher e do guarda que dizem ter sido
o assassino, é obviamente um grande passo para desproteger o Papa, pois tinha
sido precisamente aquele homem que o tinha salvo na Praça de S. Pedro aquando
da tentativa de assassinato.
Quem está por
detrás de todas estas conspirações sinistras, é a maçonaria ao mais alto nível,
que no topo tem o judaísmo, e no vértice mais elevado o próprio Lúcifer.
5 - Podemos ler na página 34 mais referências ao
Cardeal Sodano:
Em primeiro lugar, devemos supor, como afirma o Cardeal Sodano,
que « os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do
"segredo" de Fátima parecem pertencer já ao
passado ».
6 - Da afirmação feita pelo Cardeal Sodano, em
Fátima, e apresentada no parágrafo anterior, inferem esta coisa extraordinária:
Os diversos acontecimentos, na medida em que lá são representados, pertencem
já ao passado.
Do "parecem
pertencer" afirmado em Fátima, passam ao "pertencem
já ao passado" que se pode ler nas conclusões da
Congregação, na página 34.
7 - Nos documentos publicados pelo Vaticano, são
também publicados o 1º e 2º Segredos de Fátima, em que se podem ler as profecias
feitas em 1917, e que se cumpriram rigorosamente, nomeadamente quanto à Rússia
e os erros do materialismo ateu, bem como a primeira e segunda guerra mundiais
e ainda o que viria a seguir.
Mas então, se fosse
verdade a "tentativa de interpretação" agora feita pela Congregação
da Fé, então a profecia contida no Terceiro Segredo de Fátima, falhou, pois é
afirmado que:
"prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo
de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas"
Se o Segredo se
refere ao passado atentado de 1981, perpetrado por um indivíduo isolado contra
o Papa, então a profecia falhou por completo, pois nem o Papa foi morto, nem
foi um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas.
Por isso, a
interpretação está errada!
No entanto, a
profecia é verdadeira, porque provém da Virgem Maria, que concedeu a visão à
irmã Lúcia do que iria acontecer. E ainda está por se concretizar!
O perigo não
passou. O grupo que o matará será um só e o mesmo, que lhe disparará tiros e
setas, ou seja a maçonaria com os seus grupos armados. Não nos esqueçamos que o
Papa João Paulo I já foi envenenado dentro do Vaticano e de que próprio chefe
da guarda pessoal do Papa, foi assassinado dentro do Vaticano, às portas mesmo
do Papa, em 1998.
8 - Com tudo isto, que uma rápida análise pode
ressaltar, resta concluir que a maçonaria eclesiástica está muito forte, cada
vez mais forte, e pretende esvaziar de importância o conteúdo do Terceiro
Segredo de Fátima, utilizando a técnica de pequenas alterações aos textos e ao
que as pessoas dizem, para pelo engano sub-reptício e pela mentira dissimulada
enganarem as pessoas, tal como faziam os porcos do livro do George Orwel, a
Quinta dos Porcos…
Esta táctica é
compreensível segundo a lógica da maçonaria e cujo objectivo é o de afastar o
Papa, para no seu lugar eleger um falso Papa, que facilite a actuação do
anticristo, cujo único fim é o de destruir a Igreja Católica e o de levar o
maior número de almas para o inferno. Esta é a profecia, não só de Fátima, mas
de S. Paulo na sua segunda carta aos Tessalonicenses:
2 Tessalonicenses 2, 1-11
A VINDA DO SENHOR.
REVELAÇÃO DA APOSTASIA. O HOMEM DA INIQUIDADE.
2 1 Agora, irmãos, quanto à vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo e ao nosso encontro com Ele, pedimo-vos o seguinte: 2
não vos deixeis perturbar tão facilmente! Nem vos assusteis, como se o Dia do
Senhor estivesse para chegar em breve, mesmo que isso esteja a ser veiculado
por alguma suposta inspiração, palavra, ou carta atribuída a nós. 3
Não vos deixeis enganar de nenhum modo! Primeiro deverá chegar a
apostasia. Depois aparecerá o homem ímpio, o filho da perdição:
4 ele é o adversário que se opõe e se levanta contra todo o ser que
se chama Deus ou é adorado, chegando até mesmo a sentar-se no templo de
Deus e a proclamar-se Deus. 5 Não vos recordais de que eu já
dizia essas coisas quando estava convosco? 6 E agora vós já sabeis o
que impede a manifestação do adversário, que acontecerá a seu tempo. 7
O mistério da impiedade já está em acção. Falta apenas desaparecer aquele
que o segura até agora. 8 Só então se manifestará o
ímpio. O Senhor Jesus destruí-lo-à com o sopro da sua boca e
aniquilá-lo-á com o esplendor da sua vinda.
Ora a apostasia
está em força, com a pregação de falsas doutrinas dentro da Igreja Católica,
com o ataque cerrado contra a Eucaristia e a campanha monstruosa da não
presença real de Jesus na Hóstia Consagrada, com a divulgação e incentivação à
comunhão de pé e na mão.
Só falta derrubar o
Papa, que é quem impede a ascendência do homem da iniquidade que se pretende
sentar no templo de Deus!
Por isto, a irmã
Lúcia disse a seu tempo:
"Quem
quiser estar com Deus, tem de estar com o Papa João Paulo II. E quem não
estiver com o Papa João Paulo II, não está com Deus".
IV - CONCLUSÕES ▲
1 - O simples facto do Papa João Paulo II mandar
divulgar o Terceiro Segredo de Fátima, é um atestado de Verdade e Autenticidade
do Documento e do que nele está contido e profetizado. O Terceiro Segredo de
Fátima foi divulgado na íntegra.
2 - O conteúdo do Terceiro Segredo de Fátima é uma
Mensagem altamente Apocalíptica, portanto reveladora do que está para acontecer
ainda, ao mundo e ao Papa, que é de facto aquele "Bispo vestido de
Branco".
3 - A Justiça Divina que é lançada sobre o mundo,
sobre aqueles que não acreditando em Deus não se querem acolher à Sua
Misericórdia, é atenuada pela intercessão da Virgem Maria, através daquele
brilho que lhe sai da mão direita. Isto foi confirmado pelo grande milagre que
se deu no dia 25 de Junho de 2000, na Via Sacra dos Valinhos, em Fátima, em 3
estações, com a presença de algumas centenas de pessoas, que poderão
testemunhar o ocorrido.
4 - O Papa vai ser morto por um grupo de soldados a
mando da maçonaria, principal inimiga da Igreja Católica nos tempos que
vivemos. Ele receberá a Coroa de Glória do Martírio, o mais alto galardão que
uma alma pode aspirar a receber das mãos de Deus.
5 - Mas antes que isto aconteça, a "grande
cidade meia em ruínas", que simboliza o mundo, estará meio
destruído e haverá cadáveres por todo o lado, pelos quais o Papa irá a rezar,
encaminhando-se para a Cruz que o espera, aquela mesma cruz que recebeu em seus
braços a Jesus Cristo. Meio mundo ficará destruído através de sangrentas
guerras que se desencadearão e de terríveis catástrofes naturais, vulcões,
terramotos, furacões, inundações devastadoras e provocadas por tremendos
temporais e o degelo das calotes polares, secas e colisões de meteoros e
asteróides, epidemias terríveis de doenças mortais. De outra maneira não se
pode conceber que meio mundo esteja destruído. As agências governamentais dos
U.S.A. já têm conhecimento destes acontecimentos catastróficos, e por isso têm
subsidiado os filmes sobre estes temas… para irem preparando, à sua maneira, as
populações.
As portas do
inferno serão escancaradas para serem libertos todos os espíritos infernais que
vão desencadear todas estas calamidades, para acabarem com a Igreja de Cristo,
com a Terra e com a humanidade. MAS DEUS NÃO PERMITIRÁ! OS JUSTOS E
CONVERTIDOS SERÃO SALVOS, E PASSARÃO AOS NOVOS CÉUS E NOVA TERRA!
6 - É imperioso fazer o que o Anjo ordenou:
Penitência,
Penitência, Penitência!
Quem não se
converter, quem não rezar e fizer Penitência, perderá a sua alma. Perdê-la-à,
porque livremente optará por não acolher os ensinamentos das Sagradas
Escrituras e dos Avisos vindos do Céu, nomeadamente através deste Terceiro
Segredo de Fátima. Após o assassinato do Papa, a alma que não se converter e
fizer penitência, será seduzida pelas mentiras do homem da iniquidade, do
anticristo, que fará grandes "milagres" e enganará todos quantos o
escutem.
Não haverá
desculpa de não ter sido avisado.
7 - Se o Papa João Paulo II divulgou o Terceiro de
Fátima, não foi por já não ter importância, mas sim, porque AGORA É QUE ERA
IMPORTANTE TOMAR CONHECIMENTO DO SEU CONTEÚDO, PORQUE TUDO ACONTECERÁ, TAL COMO
PROFETIZADO, AGORA QUE JÁ SE DEU O TRIUNFO DO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA
DURANTE O GRANDE JUBILEU DO ANO 2000.
8 - Não nos esqueçamos das promessas feitas pela
Virgem Maria ao Padre Gobbi nas Mensagens de 5 e 24 de Dezembro de 1994:
Padre
Gobbi 5 de Dezembro de 1994
Confirmo-te que
para o grande Jubileu do ano 2.000 haverá o triunfo do Meu Coração Imaculado,
que eu vos predisse em Fátima, e ele se realizará com o retorno de Jesus na Glória,
para instaurar o Seu Reino no Mundo.
Padre
Gobbi 24 de Dezembro de 1994
Este Seu
Glorioso retorno, dará pleno cumprimento à plenitude do tempo, quando iniciará
o tempo novo dos novos céus e da nova terra.
www.amen-etm.org/Os3SegredosdeFatima-2000-7-11.htm